Conselho federal classifica odontologia biológica como pseudociência e denuncia à AGU

Conselho acionou AGU contra práticas sem respaldo científico e pediu retirada de conteúdos da internet

Estadão Conteúdo

Freepik/wavebreakmedia_micro
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O Conselho Federal de Odontologia (CFO) apresentou denúncia à Advocacia Geral da União (AGU) contra a prática denominada odontologia biológica, também conhecida como odontologia integrativa. A entidade classificou a área como “pseudociência” e destacou que ela oferece riscos à população.

Populares nas redes sociais, os conteúdos ligados à prática costumam criticar os tratamentos convencionais odontológicos – que se mostraram seguros e eficazes em estudos científicos – e propor ações para minimizar os danos à saúde que seriam causados por esses tratamentos. Dizem ainda trabalhar com uma perspectiva ampliada, que compreende que um dente com problemas pode causar, diretamente, disfunções em outros órgãos, como o coração.

Segundo especialistas, todas as áreas da odontologia já devem oferecer um cuidado integral, pois saúde bucal e geral estão ligadas, mas não de forma tão direta entre dentes e órgãos específicos.

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Entre as práticas mais graves já relatadas está a extração de dentes sadios ou com indicação de tratamento endodôntico (de canal), sob a alegação de que poderiam interferir na saúde do indivíduo como um todo.

“Os pacientes que se submetem à troca das restaurações, seduzidos pelo discurso da odontologia biológica, passam na verdade por procedimentos desnecessários e onerosos”, diz a entidade.

Os procedimentos defendidos pelos seus adeptos também incluem a retirada de restaurações de amálgama, sob justificativa de que o mercúrio presente nela poderia causar danos aos pacientes. Segundo o CFO, a alegação é falsa e estudos globais indicam a segurança da substância.

Por isso, para o conselho, os conceitos defendidos por esse campo colocam em risco a saúde bucal da população, na medida em que sugerem tratamentos irregulares e criam no imaginário da população ideias equivocadas contra a segurança de protocolos tradicionais.

A denúncia do CFO foi encaminhada em junho à Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia (PNUDD). Na documentação, o conselho solicita que sejam adotadas medidas cabíveis em nome da defesa da “efetividade das políticas públicas sanitárias” e “do direito à saúde”.

O conselho pede ainda responsabilização civil, administrativa e, quando cabível, penal, dos profissionais e empresas que façam divulgação de informações e ofereçam serviços de práticas sem respaldo técnico-científico – o que acontece com a odontologia biológica.

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Na solicitação à AGU, a entidade também pede a remoção de conteúdos digitais ligados à prática e adoção de providências que compensem a desinformação disseminada, “com vistas a assegurar que sejam amplamente divulgadas informações corretas”.

Outras práticas que preocupam

Além da odontologia biológica, também é possível encontrar na internet conteúdos sobre pseudociências com outras denominações como “terapia neural” e “biocibernética”.

Todas possuem narrativas semelhantes, questionando tratamentos tradicionais. “Essas condutas não apenas colocam em risco a saúde da população, como também ferem o exercício ético da profissão”, destaca o CFO.

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Especialidades reconhecidas

Confira abaixo a lista de especialidades odontológicas reconhecidas pelo Conselho Federal de Odontologia:

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