Conselho da Oi aprova venda de ativos de Portugal à Altice, de Drahi

O acordo inclui uma consideração de 500 milhões de euros relacionada à receita futura da Portugal Telecom.

Bloomberg

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SÃO PAULO – A Oi fechou um acordo para venda de seus ativos portugueses à Altice, do bilionário Patrick Drahi, por 7,4 bilhões de euros (US$ 9,1 bilhões). A operação fornece fundos à empresa para investimento em negócios no Brasil, seu mercado doméstico.

O acordo inclui uma consideração de 500 milhões de euros relacionada à receita futura da Portugal Telecom, segundo um comunicado de ontem. O preço que a empresa de cabo de Drahi está pagando pelos ativos em Portugal, e também pelos da Hungria, será ajustado quando a transação for concluída, disseram as empresas.

Para a Oi, que tem sede no Rio de Janeiro, a venda gerará recursos para que a empresa reduza sua dívida e participe da consolidação no Brasil, maior mercado de telecomunicações da América do Sul. A Oi está desistindo da ambição de se tornar uma operadora de telecomunicações transatlântica após anunciar a aquisição dos ativos portugueses, no ano passado, em uma fusão com a Portugal Telecom.

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“Com mais esse passo concluído, a Oi continua com o objetivo de reforçar sua capacidade financeira de forma a manter o seu propósito de protagonizar o movimento de consolidação no mercado de telecomunicações no Brasil”, disse a Oi ontem em um comunicado.

A aquisição é o segundo negócio multibilionário deste ano de Drahi, depois que o homem de negócios franco-israelense fechou também a compra da operadora de telefonia celular francesa SFR por cerca de US$ 23 bilhões.

As empresas iniciaram negociações exclusivas no dia 1º de dezembro depois que a Altice elevou sua oferta, superando uma proposta rival da Apax Partners e da Bain Capital. O conselho da Oi aprovou o negócio em uma reunião na semana passada, reportou então a Bloomberg News, citando fontes familiarizadas com o assunto.

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Uma potencial complicação para a oferta da Altice é um negócio proposto por Isabel dos Santos, filha do presidente de Angola e mulher mais rica da África. No mês passado, ela apresentou uma proposta de 1,2 bilhão de euros pela Portugal Telecom, a empresa holding cujo principal ativo é uma participação minoritária na operadora criada pela fusão da Oi com a Portugal Telecom.

A Portugal Telecom tem poder de veto sobre a venda de ativos portugueses da Oi, disseram fontes familiarizadas com o assunto. A Portugal Telecom planeja convocar uma reunião de acionistas para permitir que os investidores decidam sobre a aprovação da venda, disse uma porta-voz da holding, por telefone.

Se a Oi vender seus ativos operacionais portugueses, é “muito provável” que Isabel dos Santos desista da proposta pela Portugal Telecom SGPS, disse Mário Silva, membro do conselho de uma das empresas dela, a repórteres neste mês em Lisboa.

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A Oi e a Portugal Telecom fecharam há um ano um acordo relacionado à combinação para criar uma operadora com 100 milhões de clientes para concorrer com a Telefónica e com a América Móvil, de Carlos Slim. Em julho, as empresas renegociaram a transação para dar à Portugal Telecom uma participação menor na entidade combinada depois que surgiu a informação de que a sócia de Lisboa possuía dívidas não pagas da Rioforte Investments, uma unidade do Grupo Espírito Santo. O CEO da Oi, Zeinal Bava, que conduziu a fusão, deixou o cargo em outubro.

A Altice, que tem sede em Luxemburgo, disse que sua oferta não inclui os 897 milhões de euros em dívidas de curto prazo que a Rioforte não pagou. Os ativos portugueses de telefonia se somarão à Cabovisão e à Oni, unidades de cabo da Altice no país.

Drahi, 51, tem uma fortuna líquida de US$ 11,3 bilhões, segundo o Bloomberg Billionaires Index. O primeiro empreendimento do setor a cabo do empreendedor nascido no Marrocos foi uma pequena operadora fundada há 20 anos na vila de Cavaillon, no sul da França.

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Ao longo dos anos 1990, Drahi comprou e vendeu empresas de cabo, negócios que mais tarde levaram à criação da Numericable, juntamente com a empresa de aquisições Cinven Group. A Carlyle Group LP investiu em 2007 na Numericable, atualmente a maior provedora de cabo da França e uma unidade da Altice.

A Oi está vendendo seus ativos portugueses e africanos para participar da consolidação do mercado brasileiro. A empresa contratou o Banco BTG Pactual em agosto para explorar a aquisição da participação da Telecom Italia na operadora de telefonia celular local da empresa, a TIM Participações. Quando perguntaram ao diretor interino Bayard Gontijo no dia 13 de novembro se a Oi poderia se combinar com a TIM, ele disse: “Não tenho nenhum preconceito” em relação a como a Oi participaria da consolidação.