Conheça o bilionário egpício que vê o Brasil como o “país das maravilhas”

Naguib Sawiris está de olho no Brasil - e a sua prioridade agora é a Oi; confira o perfil do empresário

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Naguib Sawiris. Nos últimos meses, o empresário egpício antes desconhecido ganhou notoriedade no noticiário brasileiro, principalmente pea insistência em “salvar a Oi” (OIBR4), companhia que atualmente está passando pelo maior processo de recuperação judicial da história.

Em entrevista à Folha de S. Paulo na última segunda-feira, Sawiris não exaltou somente a confiança em reerguer a companhia telefônica, mas também a paixão pelo Brasil. ”Para mim, o Brasil é o país das maravilhas. Mas quanto maior o risco, maior o ganho. [Por isso], hoje meu negócio vale bilhões de dólares”, disse ao jornal. 

O bilionário ainda destacou que virá ao Brasil em duas semanas para tentar convencer o governo de que é a melhor opção para salvar a Oi. Segundo Sawiris, a sua experiência com emergentes ajudará a corrigir erros do passado e a encontrar um caminho correto para a Oi. O plano dele prevê virada na operadora em um ano, repetindo o que aconteceu em 2011, quando seu grupo Orascom fez fusão com a italiana Wind e promete colocar US$ 250 milhões na companhia telefônica. 

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Em suas últimas entrevistas, que se intensificaram após explicitar a sua intenção de investir na Oi, Sawiris vem ressaltando que a companhia tem grande potencial, desde que sua dívida seja reestruturada e a empresa receba um aumento de capital e um forte plano industrial.

Vale destacar que ele não é um novato no mercado brasileiro – e muito menos no setor de telecomunicações. O empresário, de 62 anos, é dono da Orascom Telecom que, em 2015, chegou a fazer uma proposta pela Telecom Italia, além de um canal de televisão em seu país natal. No Brasil, a sua companhia analisou a compra da fatia do Opportunity na Brasil Telecom.  

Conforme destacou em junho passado o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, o interesse de Sawiris na companhia brasileira pode ser em boa parte creditado por um outro personagem conhecido do mercado nacional: Naji Nahas, que fez fortuna no Brasil com operações de altíssimo risco, cuja legitimidade é questionada até os dias atuais. E a relação entre eles não é de hoje. Notícias de 2014 apontaram que o libanês era uma espécie de tradutor de Sawiris na época em que ele estava em conversações para comprar a TIM brasileira. 

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De acordo com informações da Bloomberg, Sawiris é o segundo homem mais rico do Egito, com uma fortuna estimada de US$ 4 bilhões. Se no Brasil ele não é tão conhecido, o mesmo não pode ser dito no setor de telecomunicações italiano. Em 2005, ele comprou a operadora de telefonia celular Wind da empresa de energia Enel, em um negócio de 12,2 bilhões de euros, e a vendeu seis anos depois para a VimpelCom, operadora que tem o russo Mikhail Fridman como sócio.

Além de focar no setor de telefonia, Sawiris também ganhou fama no final de 2015 ao se oferecer para comprar uma ilha em águas da Grécia ou da Itália para acomodar milhares de migrantes sírios e de outras zonas de conflitos. A ideia era construir um abrigo temporário para até 200 mil pessoas.

Em entrevista na época para uma TV estatal egípcia, Sawiris afirmou: “a crise dos refugiados é uma chance para mostrarmos ao mundo que, mais importante dos que os interesses de cada país, de cada religião, de cada afinidade política, existem pessoas, seres humanos, famílias. Eles valem mais do que tudo”. No entanto, ele admitiu que o plano poderia enfrentar desafios em termos de jurisdições e regulamentação.

Naguib é o filho mais velho de três irmãos e estudou em um colégio alemão do Cairo, graduando-se na Escola Politécnica de Zurique. Após a sua graduação ele entrou na Orascom em 1979 onde, em 1997, foi nomeado presidente-executivo, cargo que ocupa atualmente. Aliás, ele também esteve bastante envolvido na política egípcia em um dos momentos mais tensos do país: em 2011, no auge da Revolução, Sawiris em conjunto com intelectuais e ativistas políticos anunciou a criação do partido liberal secular. O egípcio tem números prêmios e honras cívicas. Sawiris mora no Egito e é católico praticante, em um país de maioria muçulmana. Ele tem quatro filhos. 

Se Naguib Sawiris será capaz de salvar a Oi ou se será um plano não-concretizado dentre outros no setor aqui no Brasil, ainda vale esperar para ver. Mas os acionistas da companhia brasileira estão ansiosos por novas falas do bilionário – e sobre os seus futuros planos aqui no País. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.