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SÃO PAULO – Enquanto muito se discute quanto à melhora do posicionamento do Brasil no ranking das maiores economias do mundo após a revisão da forma de cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), surge uma pergunta fundamental a esta análise: como é feita tal comparação, visto que cada país segue uma metodologia?
Assim como com qualquer outro indicador econômico, cada país possui uma metodologia própria de cálculo de seu PIB. Os institutos de pesquisa destes países, responsáveis por estes cálculos, têm à disposição normas internacionais para orientar seus levantamentos. Contudo, não há nenhuma obrigatoriedade no sentido de se adotar estes padrões, o que traz distorções a estas comparações.
Padronização: o Brasil estaria melhor ou pior no ranking?
Considerando as distorções causadas pela falta de padronização nas informações fornecidas por cada país a respeito da evolução de seu PIB, surge a dúvida de qual seria a posição do Brasil no ranking das maiores economias do mundo caso as informações fossem internacionalmente padronizadas.
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Para Alcides Leite, professor de Mercado Financeiro da Trevisan Escola de Negócios, caso todos os países adotassem esta padronização, o ranking poderia sofrer mudanças de posições, porém, não muito significativas. O analista explica que os países mais pobres têm metodologias mais atrasadas, sendo que, caso houvesse atualizações e padronizações destas metodologias, observaríamos alguma mudança na classificação destes países.
Contudo, a posição do Brasil não sofreria alterações significativas. “O Brasil realmente vem crescendo menos que as demais economias da América Latina, independente desta atualização da metodologia do IBGE. Não há duvida de que a maioria dos demais países da América Latina, nos últimos cinco anos, cresceu mais que o Brasil”.
Interior e informalidade: PIB poderia ser maior
Para o analista da Trevisan, mesmo após a mudança na metodologia de cálculo do PIB, ainda falta ao IBGE conseguir captar melhor o crescimento do interior do país. Isto porque a maioria das pesquisas pela instituição concentra seus esforços em regiões metropolitanas.
Leite também acredita que outro setor subestimado nas contas do IBGE seja a economia informal do país, embora o novo cálculo do PIB já incorpore parte deste segmento da economia brasileira. “Com este aprimoramento, o resultado do PIB poderia ser maior. Embora o IBGE tenha dado um passo importante, a economia do interior e a economia informal ainda estão subestimadas”.
Metodologias tendem a padronização internacional
Para Leite, a tendência é que todos os países, pelo menos aqueles mais desenvolvidos, passem a adotar os padrões internacionais para o cálculo de seus PIBs. “Há mais credibilidade nos dados que seguem uma metodologia internacional. Evidentemente que aqueles países que não seguem os padrões internacionais tem menos credibilidade nos dados que apresentam”.
Estes padrões internacionais encontram-se no Manual de Contas Nacionais de 1993 (System of National Accounts) da ONU (Organização das Nações Unidas), realizado sob a responsabilidade conjunta de entidades com o Banco Mundial, a Comissão das Comunidades Européias (Eurosat), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).