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SÃO PAULO – Com a forte volatilidade dos preços do petróleo no mercado internacional, a Opep voltou a fazer parte do noticiário internacional do setor. Embora a Organização dos Países Exportadores de Petróleo não tenha a mesma importância de décadas atrás, parece claro que seu papel na estabilidade dos preços e quantidades do “ouro negro” está longe do irrelevante.
Por isso vale aprender uma pouco sobre a história desse grupo peculiar de países, que – por vontade natural, econômica e política – se uniu em prol de interesses particulares e gerais.
Nascia a Opep
Em 14 de outubro de 1960 nascia a OPEP, fruto do acordo entre algumas das maiores reservas de petróleo do mundo: Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita e Venezuela.
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Cinco nações descontentes com o poder dominante exercido pelas “Sete Irmãs”. Afinal, Exxon, Atlantic, Chevron, Mobil, Amoco, Sohio e Continental controlavam a quantidade extraída de óleo bruto e decidiam por quanto e para quem ela seria vendida.
Os países que detinham o recurso natural recebiam uma fração menor em royalties, enquanto as multinacionais desfrutavam de altas margens de lucro. Era preciso balancear essa equação.
Em prol da estabilidade?
O monopólio exercido pelas “Sete Irmãs” foi o catalisador. Os cinco países fundadores da Opep decidiram agir em prol da estabilidade de preços. Princípio meramente formalizado, já que a história mostrou contra-exemplos bastante convincentes; leia-se choques do petróleo.
O primeiro choque, em 1973, resulta de um embargo aos EUA e à Europa. A Opep, maioria composta por nações árabes, decidiu pela retaliação dado o apoio das potências ocidentais à ocupação de territórios palestinos por Israel, na Guerra do Yom Kippur.
Seis anos depois, outro choque, causado por uma revolução no Irã. Durante o processo de instalação do governo islâmico no país, a produção de petróleo foi gravemente afetada. Com o Irã – um dos maiores exportadores – fora do mercado, recordes da cotação da commodity e nova recessão mundial.
A Organização hoje
Através de uma longa e conturbada curva de aprendizado, a Organização dos Exportadores de Petróleo mostra-se hoje mais próxima de seu argumento fundador: mercados estáveis. Trata-se do reconhecimento do poder aliado à responsabilidade.
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Os agora onze membros da Opep detêm nada menos que 80% do total de reservas provadas no mundo. Daí deriva-se sua enorme missão de garantir o suprimento para a demanda futura, cada vez maior. Veja as estimativas da organização para o consumo de petróleo nos próximos anos, em milhões de barris/dia:
| Referência | 2010 | 2015 | 2020 | 2025 |
| OCDE* | 50,7 | 52,0 | 53,0 | 53,9 |
| Nações em desenvolvimento | 33,8 | 39,2 | 45,1 | 51,3 |
| Todo o mundo | 89,9 | 96,8 | 104,0 | 111,3 |
* Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que reúne 30 países. Entre eles, EUA, Alemanha e Japão.
Acompanhando o desafio futuro
Diante do cenário de forte procura – acréscimo médio de 1,5 milhões de barris/dia ao ano – a Opep deverá assumir grandes esforços. Em 2025, a Organização deverá responder por quase metade de toda a produção mundial de petróleo.
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Os primeiros passos já estão sendo dados. Somando 2004 e 2005, a Organização adicionou 4,5 milhões de barris/dia ao suprimento anual, amenizando a tendência de alta na cotação do petróleo. Está aí o grande desafio da Opep: brigar pelo equlíbrio, contra as tentações de lucros extraordinários e estratégias geopolíticas.