Conheça a diferença entre taxa de juro e cupom em um título de renda fixa

Enquanto cupom representa os pagamentos periódicos do título, taxa de juro leva em conta perda ou ganho de capital

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Mesmo entre os investidores já acostumados com o mercado de renda fixa, não são poucos aqueles que confundem os conceitos de cupom com taxa de juro (ou retorno) de um título. Primeiramente, vale a pena entender o conceito de cupom e como ele pode afetar a rentabilidade de uma aplicação em renda fixa.

O cupom pode ser definido como sendo os pagamentos periódicos que o investidor irá receber e que são definidos no momento da emissão dos títulos. Por exemplo, um título de 5 anos pode ter um cupom anual de 10%, ou seja, todos os anos o investidor irá receber, em uma data pré-determinada, 10% do valor investido inicialmente.

Fixado no momento da emissão

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Tendo sido definido no momento da emissão do título, o cupom, portanto, não depende das condições de mercado no momento de seu pagamento. Por exemplo, se o pagamento de um cupom de 10% for fixado para cada dia 10 de março até o vencimento do título, ele será exatamente igual todos os anos, independente de o mercado ter melhorado ou piorado.

Embora a maioria dos títulos pague cupons com freqüência anual (a cada 12 meses) ou semi-anual (a cada seis meses), existem títulos que pagam cupons trimestrais ou mensais. Vale lembrar também que existem títulos que não pagam cupom, sendo conhecidos no mercado como bullets. Neste caso, o único pagamento que o investidor recebe é no vencimento do título.

Além dos cupons fixos, ou seja, uma parcela fixa do principal (10% por exemplo), também existem os cupons flutuantes, ou seja, pagam uma taxa que varia mais uma margem que é definida no momento da emissão. No mercado internacional, são comuns os títulos que pagam Libor mais uma margem. Enquanto a taxa Libor irá variar, a margem é determinada na emissão.

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Retorno do título

Além do pagamento do cupom, outro fator determina a rentabilidade de um título: a diferença entre o preço pago na hora da compra e da venda do papel. Deste modo, embora exista a possibilidade do cupom ser equivalente ao retorno, ou taxa de juro, paga pelo título, isso não ocorre na maioria das vezes.

A exceção ocorre quando o preço de compra e de venda são os mesmos. Imagine um exemplo em que o investidor compra o título a 100% do valor de face e mantém o papel em carteira até o vencimento, quando receberá de volta 100% do valor investido. Neste caso, o retorno será igual ao cupom.

Retorno depende das condições de mercado

Na maioria dos casos, porém, isso não acontece. Caso o investidor compre o título a 98% do valor face e venda a 100%, além dos cupons que ele irá receber no período, ele também irá auferir um ganho de capital, ou seja, a diferença entre os preços de venda e de compra. Como neste exemplo ele incorreu em ganho, o retorno do título será superior ao cupom, já que contabiliza o ganho de capital.

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O inverso ocorre quando o investidor vende o título a um preço inferior ao que comprou. Neste caso, ele terá uma perda de capital, de forma que o retorno do título será inferior ao cupom. O impacto da perda irá depender, principalmente, do prazo do título. Quanto mais longo o título, menor será a perda em termos percentuais, já que ela será diluída ao longo do tempo.

Portanto, o retorno, ao contrário do cupom, é influenciado pelas condições de mercado. Excluindo os casos em que o investidor comprou o título logo quando de sua emissão e manteve a aplicação até o vencimento, os preços de compra e/ou venda terão sido influenciados pelo mercado.

Taxa interna de retorno

Olhando sob a ótica de matemática financeira, o retorno do título será obtido como resultado dos fluxos recebidos (valor de venda mais cupons recebidos) e investidos (valor de compra). Assim, ele equivale à taxa interna de retorno do fluxo de caixa e, portanto, pode ser diferente do cupom pago pelo título.