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SÃO PAULO – Apesar de garantirem a entrada em uma carteira diversificada da forma mais simples possível, semelhante à compra de ações, os ETFs (Exchange Traded Funds) ainda estão engatinhando no Brasil. Nos Estados Unidos, por exemplo, o produto existe desde o início dos anos 1990, chegando aqui em julho de 2004, com o PIBB11, que acompanha o índice IBrX-50.
Dentro da aposta da BM&F Bovespa de popularizar a bolsa, está o desenvolvimento deste nicho de mercado. A criação de novos ETFs neste ano, que ainda serão lançados pela empresa, pode trazer seis novidades, sendo adicionadas aos oito produtos já existentes no segmento: BOVA11, BRAX11, PIBB11, CSMO11, MOBI11, FIND11, SMAL11 e MILA11.
Procurados pela InfoMoney, especialistas listaram alguns pontos positivos, e outros negativos, sobre o mercado de ETFs no País. Divididos, eles concordam que há possibilidades boas, mas que ainda é necessário forte desenvolvimento. Confira:
Não perca a oportunidade!
1) Positivo: ETFs podem substituir fundos passivos
Como seguem uma carteira baseada em índices, os fundos negociados em bolsa dão a possibilidade de se entrar em posições acionárias de diversas companhias de uma só vez. Para conseguir investir nesse mercado, é preciso abrir uma conta em uma corretora e há possibilidade de negociar com eles como se fossem papéis normais.
A facilidade pode se aliar com o aumento no número de operações, fazendo com que os ETFs venham a substituir fundos passivos de ações oferecidos por outras instituições. “Os ETFs ainda vão provocar essa substituição”, afirma Rossano Oltramari, analista-chefe da XP Investimentos, que acredita no desenvolvimento rápido da indústria no Brasil.
Eduardo Favrin, diretor de renda variável do HSBC Global Asset Management, discorda. Segundo ele, não existem ainda evidências concretas no mercado que provem essa aposta de alguns analistas. “Na prática, a concorrência entre fundos e ETFs não é predatória, está tranquila”, avalia.
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2) Positivo: desenvolvimento deve se dar rapidamente
Em 2010, o segmento terminou com volume total de R$ 7 bilhões, o triplo do ano anterior. Neste ano, o número de negócios para o ETF mais negociado, o BOVA11, também aumentou, conseguindo manter-se em uma média diária acima dos 2 mil. Em 8 de agosto, por exemplo, dia seguinte ao corte da Standard & Poor’s no rating dos Estados Unidos, essa taxa chegou a 10 mil, um recorde. “Não há dúvidas de que o produto vai se desenvolver no Brasil em breve”, diz Oltramari.
3) Negativo: liquidez das ações ainda é baixa
Considerando uma média diária de 524.619 negócios entre todas as ações da BM&F Bovespa, a quantidade de operações envolvendo os ETFs ainda é bem baixa. Mesmo os produtos que envolvem índices que vêm desempenhando melhor que o Ibovespa, como o Icon, do setor de consumo, não apresentam alta procura. Em 2011, apenas três vezes o número de negócios ultrapassou os 50. O CSMO11 chegou a movimentar apenas R$ 627,80 em um dia.
4) Neutro: falta um formador de mercado para os ETFs
Quando o plano de expansão da BM&F Bovespa for atingido e os investidores começarem a ver o segmento como interessante, ainda assim a liquidez desejada pode não ser alcançada. Para o analista da XP, talvez os fundos precisassem, também, de um formador de mercado para garantir o volume financeiro do mercado.
5) Positivo: taxa de administração
Enquanto o gestor de um fundo tradicional chega a cobrar entre 3% e 4% ao ano de taxa de administração, geralmente, essa porcentagem varia entre 0,059% e 0,69% para os ETFs. Para o gestor do HSBC, porém, essa cobrança seria parecida nos dois modelos, já que o rendimento dos portfólios negociados em bolsa já desconta a remuneração do gestor.
6) Negativo: mercado de capitais ainda não é tão desenvolvido no Brasil
Favrin acredita que comparar o mercado de ETFs brasileiro com o norte-americano é injusto, e se assemelha à comparação em todas as aplicações financeiras. Na Nyse (New York Stock Exchange), já existem mais de 1.200 me negociação.
“Hoje, o investimento em fundos representa uma parcela pequena da poupança do cidadão, ao contrário dos EUA, onde o mercado é utilizado largamente como tal”, explica o especialista.
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7) Positivo: mínimo de cotas caiu
Para começar a aplicar no segmento, há um mínimo de cotas do fundo que devem ser adquiridas. Esse total caiu de 100 para 10, o que significa que mais investidores pequenos podem começar a operar com ETFs. Considerando-se o BOVA11, por exemplo, o preço para entrada no papel seria de R$ 525, contra R$ 5,2 mil anteriormente.
8) Positivo: investir em ETF é diversificar carteira
Ao comprar cotas dos fundos listados em bolsa, automaticamente são adquiridas as ações daquele índice, que têm fundamentos e setores de atuação diferentes. Em momento de aversão ao risco, investir em ETFs mais conservadores também pode ser positivo – para isso, a bolsa já está preparando um baseado no índice de dividendos.
9) Positivo: não há a necessidade de mudar posição acionária
Em momentos de maior calma no mercado financeiro, em que a aversão ao risco não é tão grande como vem acontecendo no segundo semestre deste ano, acompanhar um índice pode ser útil por não serem necessárias grande mudanças em posição acionária. Essa é uma das vantagens que a iShares, que administra seis ETFs na bolsa, lista para que se invista no segmento.
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10) Positivo: BM&F Bovespa quer investir no mercado
De acordo com dados da BM&F Bovespa, 21,5% dos investidores que aplicam nos ETFs são pessoa física. A empresa quer aumentar esse número dentro de seu plano de popularização, e talvez chegar perto dos norte-americanos, que têm essa proporção próxima a 50%.
Além dos atuais serviços, a concorrência para o oferecimento de novidades já foi vencida pelo Itaú Unibanco e pela BlackRock. A intenção de dobrar o número de produtos já está sendo alcançada pela bolsa, portanto.