Congresso homenageia Itamar e Fernando Henrique pelos 20 anos do Plano Real

Para Fernando Henrique, a economia ter de ser avaliada sempre e não pode ser gerida por uma ideia fixa.

Equipe InfoMoney

Publicidade

SÃO PAULO – Ao comentar, hoje (25), a atual política econômica, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-1998 e 1999-2002) disse que o Brasil está, neste momento, em um compasso um pouco diferente do do resto do mundo, e que isso precisa ser ajustado. Segundo ele, não se pode dizer que a inflação no Brasil não está sob controle.

“Não posso ser injusto e dizer que o governo não controla a inflação. Eu [quando presidente da República] tinha 20%, 30% ao mês [de inflação]. Agora [a inflação] é 6% ao ano. Isso não quer dizer que não tenhamos que continuar controlando. Eu me preocupo, sim, com a questão de cumprir o programa de metas da inflação e com a responsabilidade fiscal. A política econômica não é receita, é navegação. Temos que ver, a cada momento, o que se deve fazer”, ressaltou Fernando Henrique, minutos antes do início da sessão do Congresso Nacional em comemoração aos 20 anos do Plano Real. Para ele, a economia ter de ser avaliada sempre e não pode ser gerida por uma ideia fixa.

Implantado em 27 de fevereiro de 1994, no governo Itamar Franco (1992-1994), com a edição da Medida Provisória 434, o plano foi um grande programa de estabilização econômica que teve como objetivo controlar a hiperinflação que atingia país. Antes da mudança da moeda de cruzeiro real para real, os brasileiros tiveram a Unidade Real de Valor (URV), moeda virtual criada para ajudar na transição. Fernando Henrique Cardoso era, então, ministro da Fazenda.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Ele lembrou a tensão reinante na véspera do lançamento do plano. “Havia muita incompreensão. As pessoas tinham receio de que a URV fosse prejudicar os trabalhadores. Havia muita resistência de ministros, mas o presidente Itamar foi firme. Em pouco tempo, a população entendeu e aderiu. Isso é que é importante. Está na hora de tomar outras decisões – não vou dizer o que é, mas o povo sente que está na hora de apontar um novo rumo”, ressaltou.

Na sessão solene, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), destacou a importância do plano para a estabilização da economia e melhoria da renda dos mais pobres. Tudo isso é muito positivo, mas há ainda um longo caminho a percorrer para a redução das desigualdades no Brasil, disse Renan. “O importante é que o primeiro passo já foi dado, lá atrás, em 1994, com o Plano Real, um patrimônio do Brasil e de sua sociedade”, ressaltou o senador, que também homenageou o ex-presidente Itamar Franco, morto em 2011.

Para o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que propôs a sessão especial, desde a implantação do Plano Real, renasceu no Brasil a esperança da construção de um futuro planejado. De acordo com Aécio, antes do plano, a inflação e a desordem nas finanças públicas deixaram o Brasil à beira do caos, em várias ocasiões.

Continua depois da publicidade

O senador mineiro destacou que os princípios do Plano Real foram apropriados de tal forma por nossa sociedade que, desde então, os sucessivos governos não abriram mão de sua defesa. “Entretanto, o tempo passa e uma nova geração de brasileiros – aqueles que eram muito jovens em 1994 e os que hoje têm menos de 20 anos – não viveram o horror da inflação, como seus pais. Mesmo a nossa memória se relativiza com o passar dos anos”, ressaltou Aécio Neves.