Como Trump e Alckmin levaram a bolsa do inferno para o céu em 3 horas

Ibovespa saiu de queda de 1,90%, para alta, com o índice futuro saltando 2% no after market, enquanto o dólar virou pra queda

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Esta quinta-feira (19) começou azeda nos mercados globais por conta das novas ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a União Europeia em sua “guerra comercial”. Porém, outra fala do próprio republicano, desta vez criticando as altas de juros no país, derrubou o dólar durante a tarde. Por fim, a notícia de que o ex-governador Geraldo Alckmin pode ganhar o apoio do Centrão mudou tudo novamente no mercado no fim do pregão.

Durante a manhã, o Ibovespa chegou a cair 1,90%, para 75.889 pontos, após Trump ameaçar a União Europeia dizendo que pretende aplicar tarifas de 20% ou 25% sobre automóveis vindos do bloco caso o encontro marcado na próxima semana com autoridades europeias não gere um acordo justo: “dizemos que se não negociarmos algo justo, temos uma tremenda capacidade de castigo que não queremos usar, mas temos grandes poderes”, afirmou. Com estes novos temores, o dólar chegou a disparar 1%, e bater a marca de R$ 3,89.

Porém, por volta das 14h (horário de Brasília), foi quando tudo começou a mudar, com o presidente americano voltando a agitar o mercado, desta vez derrubando o dólar no mundo todo após a CNBC divulgar um trecho de uma entrevista em que ele critica a atuação do Federal Reserve nas taxas de juros. Segundo Trump, a autoridade poderia interromper a recuperação econômica do país.

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Ele afirmou que não aprova as altas de juros, apesar de destacar que “colocou um homem muito bom” no Fed, ao citar o presidente da autoridade, Jerome Powell. “Não estou entusiasmado […] Porque nós avançamos [na economia] e toda vez que você melhora eles querem aumentar as taxas novamente. Eu realmente não – eu não estou feliz com isso. Mas, ao mesmo tempo, deixo que eles façam o que sentem melhor”, afirmou.

Com a notícia, o dólar perdeu força no mundo todo, sendo que no Brasil, a moeda passou a ter ganhos de cerca de 0,4%, ainda na casa de R$ 3,86, mas longe da máxima. O Ibovespa, porém, pouco mudou, operando naquele momento com perdas na casa de 1,2%.

Mas foi na última meia hora de pregão que tudo mudou. O índice encerrou com leves ganhos de 0,16%, aos 77.486 pontos, sendo que a alta só não foi maior por falta de tempo. Isso foi comprovado pelo desempenho do Ibovespa Futuro, que fechou o dia, às 18h, com forte alta de 2,02%, aos 78.950 pontos. O dólar, por sua vez, fechou estável, em R$ 3,84, sendo que o dólar futuro chegou a virar para queda de 0,56%. voltando para R$ 3,83.

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A arrancada do mercado se deu com notícias de que houve um avanço nas conversas e o Centrão deve apoiar Geraldo Alckmin na corrida pelo Planalto. Segundo o Estadão, o senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, informou aos dirigentes estaduais do que a sigla vai apoiar o ex-governador na disputa pela Presidência. Ainda de acordo com o jornal, o anúncio oficial deve ocorrer no dia 26 de julho, junto com outros do centro, como DEM, PR, Solidariedade e PRB.

Caso conquiste este apoio, Alckmin ganhará uma fatia significativa de tempo de televisão, o que pode oferecer uma melhor estrutura para a campanha do tucano, tanto na mídia quando em palanques regionais, fortalecendo sua candidatura. Segundo a XP Política, embora esta notícia não signifique automaticamente um acordo e aliança, é nítido que Alckmin ganhou força neste momento.

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Em nota conjunta, os partidos do Centrão não confirmaram a informação. “Progressistas, PR, PRB, Democratas e Solidariedade reafirmam a união e o compromisso de construir um projeto comum para as eleições deste ano. O momento é de ponderar, em conjunto, o melhor caminho para o futuro do Brasil. Ciente dessa responsabilidade e do papel que o Centro Democrático vai desempenhar nesta eleição, cada partido vai realizar consultas internas nos próximos dias com o propósito de anunciar publicamente uma decisão comum na semana que vem”, diz o texto.

Mesmo com o comunicado, o mercado seguiu reagindo no after market, com os investidores animados que Alckmin – tratado como o candidato do mercado – possa finalmente arrancar na disputa eleitoral, já que até agora nas pesquisas ele tem seguido bem atrás dos seus adversários.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.