Como os dados dos EUA fizeram o Ibovespa cair 2,5% e o dólar recuar 2,4% na semana

Bolsa interrompeu uma sequência de cinco altas e teve queda forte

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

Publicidade

SÃO PAULO – Mesmo com a alta nesta sexta-feira (4) acompanhando as bolsas americanas, o Ibovespa caiu 2,45% esta semana e interrompeu uma sequência de cinco altas semanais consecutivas. Ao mesmo tempo, o dólar caiu 2,39%, antecipando um possível corte nas taxas de juros dos Estados Unidos pelo Federal Reserve em meio a uma série de dados negativos na maior economia do mundo.

Além da atividade industrial dos EUA, que caiu para o menor nível em dez anos, a 47,8 pontos em setembro segundo o índice ISM, o indicador de serviços também recuou, de 56,4 pontos em agosto para 52,6 pontos no mês passado, mostrando que diversos setores estão sendo impactados pelo desaquecimento econômico.

O Relatório de Emprego americano divulgado hoje também mostrou uma criação de vagas abaixo da esperada, mas não indicou uma desaceleração tão acentuada como os outros números.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Na semana que vem, o investidor acompanhará na quinta-feira (10) os dados de inflação ao consumidor, que serão importantes balizadores da política monetária do Fed. Se os números vierem abaixo do esperado, podem pressionar o banco central dos EUA ainda mais a reduzir as taxas.

Hoje, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que a economia americana está andando apesar dos obstáculos que enfrenta e a função do Fed é proporcionar que isso continue assim no futuro. Após as declarações, as bolsas dos EUA terminaram em altas em torno de 1,4%.

As falas do chairman ajudaram a Bolsa a reverter as perdas do início do pregão e subir 1,02%, a 102.551 pontos, com volume financeiro negociado de R$ 15,378 bilhões.

Continua depois da publicidade

De acordo com o gestor do fundo XP Macro, da XP Investimentos, Júlio Fernandes, apesar dos indicadores negativos, as perspectivas são boas para as próximas semanas, pois o dado de emprego revelou que a desaceleração americana existe, mas não é tão acentuada como mostravam.

“Os dados retiram a preocupação de uma desaceleração mais brusca. Mesmo assim, o Fed deve cortar juros para prevenir que uma recessão mais forte no futuro. É importante continuar ancorando as expectativas para manter as condições financeiras acomodativas”, explica.

Enquanto isso, o dólar comercial teve queda de 0,8% a R$ 4,0561 na compra e a R$ 4,0569 na venda. O dólar futuro para novembro recua 0,82% a R$ 4,0595.

Nos juros futuros, o DI para janeiro de 2021 cai dois pontos-base a 4,86%, DI para janeiro de 2023 recua um ponto-base a 5,97% e o DI para janeiro de 2025 tem queda também de dois pontos-base, a 6,58%.

Por aqui, busca-se um acordo na divisão dos recursos do megaleilão do pré-sal, que ainda divide senadores e deputados e ameaça paralisar a tramitação da reforma da Previdência, que só precisa ser aprovada em segundo turno no Senado para finalmente ser enviada à sanção presidencial e passar a valer.

O governo entrou com uma solução conciliadora, dividindo os R$ 106,5 bilhões do leilão de modo que estados, municípios e parlamentares fiquem cada um com 10% ante os 15% anteriormente combinados, que seriam repartidos entre prefeitos e governadores. Mais 3% seriam distribuídos aos estados produtores de petróleo.

Na avaliação de Fernandes, embora tenha sido uma má notícia a aprovação ao destaque da reforma que barrou mudanças no abono salarial (e consequentemente desidratou em R$ 76 bilhões a potência fiscal do texto), se as alterações pararem por aqui o caminho seguirá livre para o Ibovespa buscar novamente as máximas anteriores, nos 105 mil e 106 mil pontos.

No corporativo, destaque para o pedido da Caixa de falência da Odebrecht. Destaque ainda para as declarações do secretário especial de desestatização, Salim Mattar, de que o governo não pretende privatizar em seu mandato a Caixa, o Banco do Brasil e a Petrobras.

Payroll

Os Estados Unidos criaram 136 mil novas vagas de emprego em setembro, segundo dados divulgados pelo Departamento do Trabalho nesta sexta.

O resultado veio abaixo da mediana das projeções dos economistas consultados pela Bloomberg, que esperavam um acréscimo de 145 mil empregos. Em julho, a criação de empregos foi de 130 mil.

Já a taxa de desemprego em setembro ficou em 3,5%. A expectativa era de manutenção em 3,7%.

Enquanto isso, não houve ganho médio salarial por hora ante o mês anterior, ante expectativa de alta de 0,2% no comparativo mensal.

Noticiário Corporativo

Com dívidas de cerca de R$ 100 bilhões e em processo de recuperação judicial (RJ), a Odebrecht enfrenta, agora, um pedido de falência de um dos seus maiores credores, a Caixa. O banco estatal busca ainda que a Justiça dê aos credores o direito de nomear novos administradores para o conglomerado e suas subsidiárias em uma assembleia. Já o Banco do Brasil (BBAS3) solicitou à Justiça a anulação da RJ, obrigando o grupo a apresentar uma nova proposta, diz a Folha.

Enquanto isso, a Braskem (BRKM5), principal ativo do grupo Odebrecht, anunciou ontem a distribuição de dividendos obrigatórios correspondentes a 25% do lucro líquido ajustado, no montante de R$ 667,418 milhões. Os dividendos serão pagos com base na posição acionária de hoje, porém a empresa ainda não divulgou a data.

Ainda no corporativo, destaque para as declarações do secretário especial de desestatização, desinvestimentos e mercados, Salim Mattar, de que a Caixa, o Banco do Brasil e a Petrobras (PETR3PETR4) não serão privatizadas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, porém, Bolsonaro é favorável ao movimento de privatizações e de redução do tamanhos do Estado. No caso da Eletrobras, Mattar ressaltou que a sua venda depende do Congresso.

A Gol informou os dados prévios de setembro, que apontaram, no mercado doméstico, aumentos de 7% na oferta (ASK) e de 11,5% na demanda (RPK). A taxa de ocupação doméstica ficou 82,0%, alta de 3,3 p.p. ante setembro do ano passado. De forma consolidada, com as operações internacionais, a oferta avançou 11,0%, com o aumento de 10,7% no total de assentos e de 10,1% de decolagens. A demanda total subiu 15,5% e a taxa de ocupação foi 81,2%.

(Com Agência Estado, Agência Brasil e Bloomberg)

Invista melhor seu dinheiro: abra uma conta gratuita na XP

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.