Como o Wal Mart e a Ralph Lauren estão impulsionando o resultado da Embraer?

As entregas de jatos menores subiram cerca de 20% no primeiro semestre, com CEOs de grandes empresas estando entre os clientes da companhia brasileira

Bloomberg

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Uma recuperação nas vendas de jatos executivos iniciada com aviões maiores e de maior alcance está se espalhando para os modelos de pequeno e médio porte em um momento em que a Embraer SA coloca seu mais novo produto em serviço.

As entregas de jatos menores subiram cerca de 20 por cento no primeiro semestre, segundo cálculos de Brian Foley, consultor de aviação da Sparta, Nova Jersey, nos EUA, o que sinaliza uma retomada do mercado que é alvo da Embraer com seus Legacy 500 e 450. Trata-se de uma boa notícia em um nicho no qual as vendas caíram 62 por cento entre 2008 e 2013.

Impulsionadas pelos crescentes lucros corporativos, as aquisições de aviões de curta distância ocorrem após um retorno dos aviões espaçosos usados para voos internacionais por grandes empresas como Exxon Mobil Corp. e Wal-Mart Stores Inc. Recentemente a Ralph Lauren Corp. comprou um rival do Legacy, o Falcon 2000EX, da Dassault Aviation SA.

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“O que finalmente estamos vendo é que, devido a uma maior confiança na economia, o balanço patrimonial das empresas está melhorando”, disse Foley, ex-diretor de marketing da Dassault Aviation. “Eles estão lentamente retornando ao jogo, o que é bom para todas as fabricantes de aviões”.

A Embraer perdeu o início da onda de recuperação do setor de jatos executivos porque não possui um produto grande e intercontinental como o Gulfstream G650 adquirido pela Exxon Mobil, pela Wal-Mart e pela Qualcomm Inc. O Legacy 500, que tem preço de lista de US$ 20 milhões, é o único jato totalmente novo a ser lançado neste ano no segmento dos aviões de médio porte, segundo a Embraer, que tem sede em São José dos Campos.

“Nós desenhamos o Legacy 500 para ele ser o melhor da classe disparado e para capturar um mercado bastante expressivo. Temos chamado o avião de game changer. É um avião que tem a tecnologia dos aviões de US$ 50 milhões, a tecnologia fly-by-wire”, disse Marco Tulio Pellegrini, CEO da unidade de jatos executivos da Embraer, em entrevista, em São Paulo.

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O Legacy 500 está em fase de aprovação pela agência reguladora do setor aéreo no Brasil e o 450, que é um modelo menor, efetuará seu primeiro voo em 2015. O 500 pode acomodar até 12 pessoas e voar 3.000 milhas náuticas (5.600 quilômetros). Este total está um nível abaixo do alcance de 7.000 milhas náuticas do G650, que pode transportar 18 pessoas.

Retorno dos lucros
A Embraer colocará o avião em operação em um ano em que os lucros das empresas do Standard Poor’s 500 poderão saltar 53 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg.

“Seja por casualidade ou por planejamento, o Legacy 450 e o 500 podem estar chegando exatamente no momento certo”, disse Richard Aboulafia, analista da consultoria Teal Group, que tem sede em Fairfax, Virgínia. “Eles certamente poderão conquistar participação de mercado”.

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O Legacy 500 é o primeiro de sua classe a usar controles por cabo elétrico, ou fly-by-wire — que traduz movimentos de manche e de leme em sinais de computador para guiar o avião — e a ter uma cabine com altura de 1,83 metro. A Embraer está promovendo o jato com o que chama de um “filme estilo cinematográfico” de seis minutos protagonizado pelo ator Jackie Chan.

A Embraer exibirá o Legacy 500 na Conferência e Exibição Latino-Americana de Aviação Executiva (Labace), que começa hoje, em São Paulo. O Brasil é o terceiro maior mercado para jatos executivos, depois dos EUA e do Canadá.

Os jatos executivos são o segundo maior negócio da Embraer depois dos aviões comerciais, com 27 por cento das vendas de 2013, e entre os seus modelos estão o Legacy e o Phenom. A receita com jatos executivos no primeiro semestre saltou 45 por cento, para R$ 1,6 bilhão (US$ 703 milhões), segundo registros e dados compilados pela Bloomberg.