Como achar o próximo Magazine Luiza da bolsa – e investir antes da alta

Henrique Bredda, gestor da Alaska Asset, que comprou a ação do Magazine na baixa, lista quatro fatores que ajudam a identificar as próximas 'porradas' do mercado

Giuliana Napolitano

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A valorização das ações da rede de varejo Magazine Luiza é uma das histórias mais impressionantes da bolsa brasileira. O papel, que valia 1 real no fim de 2015, negocia hoje em torno de 177 reais. Isso significa que quem investiu 10 000 reais nas ações da empresa em dezembro de 2015 tem atualmente cerca de 1,7 milhão de reais!

A Alaska foi a gestora que mais se beneficiou dessa alta. Seus fundos começaram a investir nas ações do Magazine Luiza na baixa, quando a maioria dos investidores acreditava que a companhia estava fadada a perder dinheiro. E lucraram com a valorização.

O principal fundo da Alaska, o Black (disponível na plataforma da XP Investimentos), rendeu 129,21% em 2016 (enquanto o Ibovespa subiu 38,93%) e mais 74,62% em 2017 (o Ibovespa teve uma alta de 26,86% naquele ano). Em 2018, a rentabilidade foi de 30,37%, o dobro do ganho do Ibovespa.

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Agora, um dos desafios do time da Alaska é achar o próximo Magazine Luiza da bolsa. Neste artigo exclusivo para o Infomoney, Henrique Bredda, gestor da Alaska, discute o que pode valer a pena analisar na tentativa de identificar “as porradas” do mercado antes que elas aconteçam:

“Nem todo investidor, mesmo profissional, consegue ganhar dinheiro investindo em ações de forma contínua, sem solavancos. Mas também não é tão difícil encontrar gestores que compram papéis que sobem 30%, 50% ou mesmo 100% num curto período de tempo. Esses são retornos normais do mercado e de tempos em tempos se acham ações que valorizam nessa magnitude. O que chama a atenção são as ´porradas’ da bolsa: as ações que valorizam 1.000%, 5.000%, 10.000%.

Recentemente, foi o caso do Magazine Luiza, mas, no passado, também aconteceu com Ambev, Itaú e Souza Cruz. Entre as companhias americanas, chega a ser alucinante ver os gráficos de Walmart e Philip Morris. Walmart valorizou mais de 400.000% (4 mil vezes o capital) de 1974 a 1999. Altria Group, dona da Philip Morris USA (Marlboro), valorizou mais de 100.000% de 1980 a 2017.

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Como identificar as altas espetaculares antes que elas aconteçam? Essas altas estratosféricas possuem semelhanças? As empresas têm algo em comum que ajuda a explicar por que valorizaram tanto?

Fui buscar as respostas num dos melhores livros que já li, Poor Charlie’s Almanack, que reúne alguns dos principais ensinamentos de Charlie Munger, um dos maiores investidores da atualidade, sócio de Warren Buffett na Berkshire Hathaway. Segundo ele, “o sucesso extremo tende a ser causado por uma combinação dos seguintes fatores”:

  1. 1. “Maximização ou minimização extrema de uma ou duas variáveis”: Aconteceu com o Walmart, por exemplo, quando se concentrou em se tornar o varejista com os preços mais baixos dos Estados Unidos, focando em comprar barato, empilhar e vende muito e barato. O Walmart minimizou custos e repassou isso para os clientes. Também foi o caso da Ambev, que elevou os níveis de eficiência na indústria de bebidas para patamares sem precedentes, numa cultura espartana e de foco em resultados e meritocracia tão agressivos, que fez com que o ROIC e ROE da companhia disparassem. A Ambev maximizou o retorno sobre o capital investido.

2. “Ter vários indicadores com performance excelentes”: O Walmart também é um bom exemplo, em razão do modelo replicável de abertura de lojas, controle total de custos, repasse dos ganhos de escala para o cliente e cultura de dono.

3. “Criação de fatores de sucesso de forma que a combinação deles leva a mais sucesso. Os resultados, geralmente, não são lineares, mas, quando atingem uma determinada massa crítica, geram resultados extraordinários”: É o caso do Magazine Luiza, que investiu em tecnologia e na integração entre as lojas físicas e virtuais. Em vez de separar a operação online da física, como faziam os concorrentes, apostou na união dos negócios. Seus vários passos bem sucedidos se potencializaram quando a empresa atingiu uma certa escala e visibilidade, colocando o faturamento e a geração de caixa num ritmo forte de crescimento. Quando acertou o modelo, a empresa decolou.

4. “Habilidade de surfar alguma grande onda do mercado”: Aqui aparecem mais as empresas de tecnologia ou consumo. Em alguns casos, a própria companhia fomenta e potencializa a onda. A Apple, por exemplo, não inventou os celulares. Muito antes dela a Nokia já havia reinado, mas foi a Apple que, com o seu iPhone, soube massificar e surfar uma das maiores ondas que já vimos nas décadas mais recentes: a dos smartphones.

Ainda que nosso processo de investimento na Alaska não procure somente esse tipo de investimento, com retornos estimados de milhares por cento, nunca deixamos de pensar e procurar empresas que reúnam as condições acima (ou algumas delas) e possam ser as ‘porradas’ do futuro.

Claro que é mais fácil analisar os motivos que levam a altas de 1.000% ou 10.000% depois que elas acontecem. Mas também é verdade que a bolsa é cheia de oportunidades. Para aproveitá-las, é preciso ter capacidade de análise e independência para olhar onde ninguém tem interesse.”

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Giuliana Napolitano

Editora-chefe do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre finanças e negócios. É co-autora do livro Fora da Curva, que reúne as histórias de alguns dos principais investidores do país.