Publicidade
A Allos (ALOS3) anunciou, ainda em novembro, que triplicaria seus dividendos mensais a partir de 2026, com dividend yield (DY, ou dividendo sobre o preço da ação) projetado entre 14% e 12% (segundo projeções de analistas e da própria companhia. As condições para o anúncio, no entanto, foram desenhadas ao longo de 2025.
Segundo a diretora financeira (CFO, no acrônimo em inglês) da maior operadora de shoppings do Brasil, Daniela Guanabara, o aumento da distribuição de dividendos foi permitido principalmente por três fatores: projetos de investimento menores, organização de despesas e organização da alavancagem.
Além disso, a estratégia de maior remuneração ao acionista também contou com recompra de ações. Justamente por resultado de mudanças estruturais, ainda que dependa da conjuntura macroeconômica, a CFO vê como possível a sustentabilidade nas remunerações pelos próximos anos.
Aproveite a alta da Bolsa!
“Começamos a ver várias oportunidades para espaços menores”, afirma a diretora, sobre redução de investimentos. Isso garantiu, de acordo com Daniela, não somente melhorias no mix dentro dos espaços do ponto de vista do lojista, mas também a redução do capex (gasto de capital, em inglês) por esses investimentos menores.
A companhia, produto de fusão entre a brMalls e a Aliansce Sonae há cerca de dois anos, também entendeu ser o momento para revisar as operações e realizar redesenho de áreas. Como explica Daniela, o movimento fez parte de reestruturação corporativa que também garantiu a distribuição de proventos mais significativos nos próximos meses.
Outro produto do redesenho e dos investimentos menores, a alavancagem recuou para 1,7 vez a dívida líquida sobre o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, em inglês). A dívida passou por reperfilamento, garantindo compromissos mais longos a custos mais baixos e abaixo do CDI. O patamar ideal da alavancagem, segundo Daniela, fica em torno de 2 vezes, para que o endividamento se mantenha eficiente. Com isso, foi possível abrir mais espaço para realavancar a companhia para distribuir para o acionista.
Continua depois da publicidade
Revisão de guidance anualmente
Mesmo com os dividendos mensais já praticados desde 2024, os 12% de DY alcançados no momento colocam a Allos como destaque entre as maiores pagadoras de dividendos. E, segundo analistas do Bradesco BBI, trazem nova métrica para acompanhamento dos papéis do setor de shoppings, uma vez que o DY não costumava ser analisado entre os principais indicadores para visão do setor. “Já inovamos em relação a isso”, diz Daniela.
A expectativa da diretora financeira é que os dividendos se mantenham sustentáveis, embora admita que há dependência de alguns fatores externos, como o cenário macroneconômico. Por isso, a Allos projeta revisar o guidance anualmente, mantendo a distribuição alinhada com o momento da companhia.
Para 2026, já esperado como um ano de volatilidade, os mesmos movimentos que garantiram o fornecimento das orientações (guidance, em inglês) sobre os dividendos mensais também devem proteger a operação. “Os shoppings têm se mostrado muito defensivos”, afirma a CFO. A executiva cita ainda que 18 shoppings do grupo venderam mais de R$ 1 bilhão em 2025, com forte crescimento de vendas por m².
Entre as novidades para o ano que vem, está também a operação de aeroportos, por meio da plataforma de mídia digital Helloo e em parceria com a Neooh.
