Commodities em alta, fracos resultados: mudança pode estar perto para o CME Group

De forma contra-intuitiva, volume vem se mostrando baixo, mas aquisição e aperto monetário nos EUA devem mudar tendência

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SÃO PAULO – O ano de 2008 – entre muitos outros fatos – vem sendo marcado até então pela disparada no preço das commodities. O exemplo mais ilustre é o barril de petróleo, que subiu quase 50% somente nos primeiros seis meses desse ano. A tendência também é válida para outras commodities, como as metálicas e agrícolas, e também para as negociações de seus preços futuros.

Entretanto, na contramão do pensamento intuitivo, os resultados apresentados pelo CME Group (Chicago Mercantile Exchange), líder mundial em mercados futuros, não vêm crescendo à altura do que vêm crescendo os preços e cotações de seus produtos e serviços cobertos. E prova disso é a performance de suas ações, que acumulam uma queda de mais de 60% em 2008.

Segundo analistas, tal desapontamento do mercado frente aos balanços contábeis da CME deve-se ao pequeno volume de negócios. Volatilidade não implica maior giro, e a prerrogativa é ainda mais verdadeira em tempos de crise financeira: instituições estão cada vez mais focadas em utilizar seus recursos para pagar dívidas ao invés de especular e negociar nos mercados futuros.

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Inflexão por vir

No entanto, tal cenário pode estar perto de uma inflexão. A iminência de um aperto monetário nos EUA, dado as crescentes pressões inflacionárias no país, já vem ocasionando nas últimas semanas um aumento no volume de contratos negociados, principalmente, no mercado de juros futuros, reconhecidamente sensível a mudanças na política monetária.

Isto no curto prazo. No longo prazo, o mercado de futuros desfruta de perspectivas altamente favoráveis, com as instituições cada vez mais à procura de produtos financeiros sofisticados a fim de administrar o perfil de risco de seus portfólios. E nesse sentido, a CME esbanja liderança: a empresa possui uma atuação altamente diversificada, cobrindo de commodities e taxas de câmbio a índices de ações.

Outro fator que vem pesando sobre os papéis da empresa é o temor de que o governo norte-americano opte por medidas mais drásticas em seu intento de conter a disparada do preço do petróleo. Especulações dão conta de que o time de economistas liderado por George Bush, presidente dos EUA, estaria estudando elevar os custos sobre negociações de contratos futuros do óleo.

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Com maiores custos, o volume negociado sofreria forte revés. Mas não necessariamente. Analistas otimistas quanto à companhia observam que a CME recentemente elevou a cobrança de tarifas sobre seus serviços, inclusive sobre os mercados futuros, que surpreendentemente, não tiveram uma forte queda em seu giro.

Aquisições e BM&F

Além disso, o desempenho negativo das ações da CME também encontra respaldo na postura cautelosa dos investidores quanto à conclusão da aquisição da Nymex Holdings, pela qual anunciou no começo do ano estar disposta a desembolsar cerca de US$ 11 bilhões. Mas embora incertezas pairem sobre o negócio, a operação é extremamente positiva à CME, que consolidaria sua hegemonia.

Cabe lembrar que, se favorável à CME, é favorável também à BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) (BMEF3), em breve, Nova Bolsa. Isto porque a detentora da bolsa de Chicago possui 10% do capital social da brasileira, que em contrapartida, possui 2,6% de participação na CME. Com a conclusão da aquisição, a BM&F também passará a ser acionista indireta da Nymex.