Comentário Semanal – 15/10 a 19/10

Comentário Semanal - 15/10 a 19/10

Rodolfo Cirne Amstalden

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A semana de 15 a 19 de outubro mostrou parte das mazelas que o subprime deixou à atividade norte-americana. O alerta dado pelo cenário corporativo e pelas referências econômicas resultou em cautela generalizada.

Investidores confirmaram os receios frente à temporada de resultados nos EUA. Foram poucos números satisfatórios para o terceiro trimestre e muitos balanços penalizados pela crise do subprime.

O barril de petróleo a preço recorde, próximo de US$ 90, também contribuiu para a instabilidade nos mercados. Tensões entre a Turquia e os curdos do norte do Iraque são mais um caso de situação geopolítica ameaçando o suprimento da commodity.

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Economia dos EUA em xeque
Nos EUA, dados imobiliários continuaram justificando a falta de confiança no setor, com queda no número de novas construções. A inflação também inspirou algum alerta, já que o índice de preços ao consumidor subiu 0,3% em setembro, acima da expectativa de 0,2%.

Já o mercado de trabalho norte-americano mostrou crescimento nos pedidos de auxílio-desemprego, sugerindo a possibilidade de novos cortes na taxa básica de juro.

Tratando de política monetária, o presidente do Fed, Ben Bernanke, chamou atenção para os riscos que a crise do subprime trouxe à economia dos EUA. Porém, Bernanke não deu indicações sólidas sobre futuras atualizações na Fed Funds Rate.

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Selic inalterada
Na quarta-feira, o Copom (Comitê de Política Monetária) optou por manter a Selic em 11,25% ao ano. A decisão não era dada como certa; muitos apostavam em um corte de 25 pontos-base.

Com isso, investidores promoveram ajustes significativos nos mercados de câmbio e renda fixa durante a quinta-feira. O dólar voltou a operar abaixo de R$ 1,80 e as taxas dos contratos de juros futuros negociaram em alta.

Bolsa
Influenciado pela performance negativa de Wall Street, o Ibovespa acumulou desvalorização de 2,50% na semana, encerrando cotado a 60.894 pontos. Destaque para a forte baixa de 3,74% na sexta-feira.

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Liderando as perdas dentro do índice, os papéis ordinários da Cosan despencaram 10,44%. A queda dos preços do açúcar no mercado internacional afeta as perspectivas para os resultados da empresa.

Por outro lado, as ações preferenciais da Vivo subiram 9%. Dados da Anatel descreveram bom desempenho da tele móvel frente aos pares setoriais, sugerindo otimismo em relação ao balanço do terceiro trimestre.

Dentre os papéis mais líquidos, os preferenciais classe A da Vale do Rio Doce registraram queda de 1,60%, enquanto os preferenciais da Petrobras caíram 2,69%. Ambos foram especialmente penalizados na sexta-feira.

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Renda fixa
No mercado de renda fixa, os juros futuros mostraram rendimento crescente, refletindo um forte ajuste após a manutenção da Selic. O contrato com vencimento em janeiro de 2008, entre os líderes em liquidez no período, apontou taxa de 11,11%, aumento de 0,06 ponto percentual em base semanal.

Quanto aos títulos da dívida externa brasileira, o Global 40 fechou cotado a 135,80% de seu valor de face, com alta de 1,34% entre as semanas. Já o risco-país, calculado pelo conglomerado norte-americano JP Morgan, encerrou a semana com forte elevação de 22 pontos, a 179 pontos-base.

Câmbio
O dólar operou abaixo de R$ 1,80 durante boa parte da semana, mas a cautela internacional acabou levando-o a fechar a sexta-feira cotado a R$ 1,8040, com ligeira desvalorização acumulada de 0,17%.

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Analistas do mercado de câmbio avaliam que os fundamentos econômicos continuam apontando para a valorização do real frente à moeda norte-americana.