Comentando Galp, analistas dizem que não é hora da Petrobras fazer aquisições

Itaú acredita que oferta da estatal pela Galp seria no máximo neutra para ações da empresa; foco deveria ser na execução do Capex

Viviam Klanfer Nunes

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SÃO PAULO – Boa parte dos analistas de mercado compartilha da mesma opinião em relação à possível oferta da Petrobras (PETR3PETR4) pela fatia da Eni na Galp. De modo geral, a avaliação é de que este não é o momento para a estatal realizar novas aquisições, uma vez que seu portfólio para exploração já está imenso.

Nesse sentido, os analistas do Itaú BBA, Paula Kovarsky e Diego Mendes, observam que a aquisição será “no máximo” neutra para a Petrobras, considerando o valuation do negócio. Já do ponto de vista estratégico, não levantam nenhuma razão que justifique o gasto de US$ 4,7 bilhões em aquisições (valor estimado para a compra da participação na Galp), considerando seu imenso portfólio para explorações.

“Assumindo que os ativos de distribuição e gás e energia da Galp tenham um valor nulo – o que provavelmente corresponde à realidade, do ponto de vista da Petrobras – a companhia está pagando US$ 4,6/ boe por reservas contingentes, comprovadas e prováveis, valor que constitui um bom preço. Entretanto, considerando apenas o bloco BMS-11 brasileiro, que é crucial para as perspectivas de produção da Petrobras no curto prazo, a companhia estaria pagando US$ 11,9/ boe”, explica a dupla de análise.

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Assim, a recomendação dos analistas para as ações preferenciais da estatal é mantida em market perform (desempenho em linha com a média do mercado), atribuindo um preço-alvo de R$ 40,40 para o final de 2011, o que representa um upside (potencial de valorização teórico) de 49,02%, frente ao fechamento da última sessão.

Questão de investimentos
Já Christian Audi e Vicente Falanga Neto, do Santander, destacam que o foco da estatal neste momento deveria ser em garantir que a execução do plano investimentos seja realizado da forma mais eficiente possível, e não em elevar seu volume de aquisições. “O prato da Petrobras já está bastante cheio, e acreditamos que o foco deveria ser em execução, não em aumentar o tamanho do bolo”, explicam. 

Soma-se a isso o fato de que, na visão do Santander, a aquisição não seria estrategicamente um negócio particularmente forte. Assim, os analistas projetam um impacto negativo para as ações da empresa caso a aquisição da fatia da Galp se concretize. A recomendação do Santander para os papéis ON da estatal é de compra. 

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Na mesma linha de raciocínio, os analistas do Bank of America Merrill Lynch, Frank McGann e Conrado Vegner, indicam que, se de fato a transação ocorrer, este seria mais um fator que aumentaria as preocupações dos investidores frente à verdadeira capacidade da estatal em priorizar seus investimentos.

“É questionável se esse é o momento oportuno para uma aquisição dessas”, escrevem os analistas. “Com o pequeno tamanho da possível transação e seus efeitos limitados nos ganhos, acreditamos que essa oportunidade não deveria ser perseguida por enquanto”, aponta a dupla, que mantém recomendação de compra para os ADRs (American Depositary Receipts) da empresa.