Com UBS, BB fortalece posição em mercado bem competitivo – mas ação não deve reagir no curto prazo

Investidores e analistas ainda aguardam mais detalhes sobre operação, mas veem acordo como positivo para o banco estatal 

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O anúncio de um memorando de entendimentos para parceria entre o Banco do Brasil (BBAS3) e o banco suíço UBS foi bem recebido pelo mercado como uma reação em meio ao ambiente de maior competitividade, apesar das indicações de analistas de que não haverá impacto no curto prazo para os papéis do banco estatal.

A parceria estratégica envolve a a atuação em atividades de banco de investimentos e de corretora de valores no segmento institucional no Brasil, Argentina, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai.

O acordo prevê que o Banco UBS seja acionista majoritário da parceria, com 50,01% de participação, de forma que não haja problemas regulatórios.

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Conforme destaca o Brasil Plural, à luz da crescente atividade cíclica no mercado de capitais, a joint venture é positiva, destacando números que mostram o potencial de crescimento do banco nessa área.

No primeiro semestre de 2019, o BB registrou R$ 462 milhões em taxas de serviços de mercado de capitais, 3,2% da receita total com os chamados “fees”.  Enquanto isso, para efeitos de comparação, o Itaú faturou R$ 985 milhões, ou 4,7% do total de fees.

Na mesma linha, o Bradesco BBI aponta que a parceria fortalece a posição do BB em um ambiente altamente competitivo e, mais ainda, em um segmento em que ela está ficando para trás na comparação com os seus pares.

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Já para o UBS, avalia o banco, esta é uma oportunidade de alavancar a sua  franquia local.

“Embora estratégico para um banco de serviço completo, os riscos de execução não devem ser ignorados”, avalia o analista Victor Schabbel, do BBI. Dentre os riscos, ele reforça que, nos últimos anos, o UBS focou mais em gestão de riquezas (wealth management) e menos em banco de investimentos puro, mostrando os desafios a serem enfrentados nessa área.

Além disso, a acumulação de valor pode ocorrer gradualmente, ressaltando mais uma vez que o mercado é altamente competitivo. O Bradesco BBI possui recomendação neutra para os ativos BBAS3, com preço-alvo de R$ 48.

Os analistas da Levante Ideias de Investimentos destacam ainda que a parceria com o banco suíço deverá melhorar a percepção de risco dos investidores, sobretudo estrangeiros, sobre o BB.

Contudo, reforçam que, apesar da notícia ser positiva, a expectativa é de impacto neutro no curto prazo para as ações. Já no longo prazo a melhora da rentabilidade, medida pelo retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), aliada à melhora na classificação de risco (rating) do BB deverá ser positiva para o desempenho dos ativos.

Desta forma, o anúncio é visto como um passo importante para a companhia, mas os investidores esperam por mais detalhes do acordo – e também ficam de olho na notícia de oferta de ações da estatal.

O banco esclareceu nesta manhã notícia de que a oferta do BB seria lançada no dia 3 de outubro, com precificação no dia 17, datas estas negadas pela companhia. O BB ainda acrescentou que avalia diversas alternativas para a emissão, inclusive oferecer ações de titularidade do fundo FI-FGTS, administrado pela Caixa Econômica Federal.

Conforme destaca a Levante, a oferta vai reduzir a participação da União no Banco e aumentar ainda mais a liquidez das ações, o que é positivo para o BB.

Porém, tanto para a parceria com o UBS quanto para oferta de ativos, serão necessárias mais informações sobre o real impacto para as ações.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.