Com Trump, “pior cenário possível” para Brasil aumentou de 25% para 35%, diz LCA

Para 2017, o Ibovespa poderia despencar cerca de 20% para o nível dos 46 mil pontos, a Selic subir para 15% ao ano e o dólar atingir a marca de R$ 4,84. Neste ambiente, o PIB de 2017 recuaria 1,1% e a inflação ficaria em 7,3%

Mário Braga

Publicidade

SÃO PAULO – A eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos e a falta de sinalizações sobre como serão suas medidas no âmbito econômico e geopolítico agregam mais incerteza ao quadro global e colocam o balanço de risco em viés negativo, segundo a LCA Consultores. A consultoria revisou suas estimativas para o País e elevou as chances de que o “pior cenário” se materialize, de 25% para 35%.

Já o “novo” cenário base, que tem 60% de chance de acontecer, estima queda de 3,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2016 e avanço de no máximo 1,1% em 2017 – a projeção anterior era de retração de 3,2% neste ano e avanço de 1,5% no próximo. As novas projeções se sustentam em dois alicerces: por um lado, as chances de que uma política expansionista de Trump pode levar ao aumento mais forte dos juros pelo Fed; por outro, a possibilidade de que as incertezas quanto à sua administração levem à desaceleração da economia norte-americana no curto prazo e a um aperto monetário mais brando, com a consequente queda mais fraca dos preços dos ativos globalmente. 

A LCA considera que os principais efeitos negativos do governo Trump para o Brasil serão financeiros, uma vez que a dependência comercial do país em relação aos Estados Unidos é “relativamente baixa”. Nos mercados de capitais, o aumento mais rápido dos juros pelos Federal Reserve deve pressionar o dólar para cima e diminuir a possibilidade de atuação do Copom para a redução dos juros básicos da economia, o que pode limitar o ritmo da recuperação brasileira.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Cenário adverso: Selic a 15% e Ibovespa a 46 mil ao fim de 2017
A consultoria, no entanto, trabalha com um cenário considerado “adverso”, cuja possibilidade de ocorrer aumentou de 25% para 35%. As projeções mostram, no entanto, que o termo “adverso” pode ser um eufemismo. 

Para 2017, o Ibovespa poderia despencar cerca de 20% para o nível dos 46 mil pontos, a Selic subir para 15% ao ano e o dólar atingir a marca de R$ 4,84. Neste ambiente, o PIB de 2017 recuaria 1,1% e a inflação ficaria em 7,3%, segundo os cálculos da consultoria.

A título de comparação, no cenário base da própria LCA para o fim do ano que vem, a bolsa de valores cairia menos – cerca de 10%, para 54 mil pontos -, a taxa básica de juros recuaria para 11,75%, o dólar estaria cotado a R$ 3,45, o PIB avançaria 1,1%, enquanto o IPCA encerraria o ano em 5,1%. Veja os detalhes na tabela abaixo:

Continua depois da publicidade

LCA tabela

A consultoria detalha que, até o início do mês, a única diferença do cenário adverso para o cenário base estava relacionada ao quadro político doméstico. Agora, com a eleição de Trump nos EUA, um cenário externo “mais turbulento” também compõe este contexto menos favorável.