Com três crises, ativos no Brasil têm longo caminho para a retomada

Poucos ousam dizer que a situação vai melhorar drasticamente no segundo semestre

Bloomberg

(Foto: Getty Images)

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(Bloomberg) – O real e a bolsa brasileira registraram o pior desempenho entre os mercados globais no primeiro semestre em meio ao avanço da pandemia de coronavírus no país. E poucos ousam dizer que a situação vai melhorar drasticamente no segundo semestre.

Sob o impacto do segundo maior número de casos de Covid-19 do mundo – mais de 1,6 milhão -, o governo Jair Bolsonaro tenta colocar a economia de volta aos trilhos menos de um ano após a aprovação da reforma da Previdência ter alimentado o otimismo de que o país estava no caminho certo para equilibrar as contas públicas.

Mesmo após o fim da pandemia, o governo terá que desfazer uma série de medidas de estímulo para cumprir as metas fiscais antes de convencer o Congresso a retomar a reforma tributária e acelerar projetos de privatização.

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“O Brasil entrou na crise com pouco espaço para fazer estímulo e sairá em uma situação fiscal pior”, disse Aurélio Bicalho, economista-chefe da Vinland Capital. “O nível elevado de endividamento público gera uma percepção de risco maior.”

Recessão

Os casos de coronavírus aumentam mais rapidamente na América Latina do que em qualquer outro lugar do mundo, e o Banco Mundial projeta que a região enfrentará a pior recessão desde pelo menos 1901.

Embora o PIB brasileiro deva cair menos do que as economias de pares como o México, os ativos do país foram duramente atingidos.

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A pesquisa Focus projeta o dólar em R$ 5,20 em dezembro, queda de 2,8% em relação aos níveis atuais, mas ainda com alta de cerca de 29% em 2020. A alta seria a maior desde 2015, ano do impeachment de Dilma Rousseff.

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– Recuperação lenta ou em “V”? As previsões para a economia no 2º semestre para o Brasil e o mundo

A Selic em mínima histórica reduz o apelo do real em operações de carry trade. Embora tenha recuperado parte das perdas em relação à mínima de maio, a volatilidade implícita da moeda sugere que operadores se preparam para mais oscilações.

“Eles estão enfrentando três crises ao mesmo tempo”, disse Juan Prada, estrategista de câmbio do Barclays, em Nova York, destacando a pandemia, a contração econômica e a situação política. “Todos esses aspectos apontam para o risco de baixa da moeda.”

Ações

O Ibovespa caiu 18% no primeiro semestre e estrategistas veem espaço para algum ganho nos próximos meses, já que o ambiente de juros baixos deve seguir atraindo entradas de recursos. Em média, a projeção é de que o índice termine 2020 em 100 mil pontos, segundo pesquisa da Bloomberg. Embora represente avanço moderado em relação ao nível no fim de junho, o indicador continuaria com perda acumulada no ano de 13,5%

A taxa Selic baixa estimula a busca por ativos de maior remuneração e mais risco, disse Marco Antonio Mecchi, cofundador da MZK Investimentos. “Desta forma, ativos reais, como a bolsa, são vistos com mais upside entre os ativos domésticos.”

Diferentemente de outros ativos, os títulos do Brasil tiveram desempenho similar ao dos pares no primeiro semestre. Os títulos em dólar do país entregaram retorno negativo de cerca de 0,9% neste ano, em linha com os pares de mercados emergentes.

“Devemos esperar o mesmo desempenho dos últimos seis meses”, disse William Snead, analista do BBVA, em Nova York. “Não há muito potencial de ganho no curto prazo.”

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