Com resgate de funcionários, Vale agora foca em credenciais ESG

Empresa ainda tenta restaurar sua imagem em responsabilidade corporativa depois de dois desastres em barragens de rejeitos

Bloomberg

(Divulgação)
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(Bloomberg) – A Vale (VALE3) conseguiu resgatar todos os 39 funcionários presos em uma mina subterrânea esta semana. Agora, começa o trabalho de convencer investidores de que o incidente foi um caso isolado.

O acidente de domingo na mina de Sudbury, Ontário, Canadá, chama a atenção de uma empresa que ainda tenta restaurar sua imagem em responsabilidade corporativa depois de dois desastres em barragens de rejeitos.

Provar suas credenciais ambientais, sociais e de governança, ou ESG na sigla em inglês, é fundamental para que a Vale reduza o desconto dado às suas ações em relação aos papéis de suas principais rivais.

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“Episódios como este não combinam com o ESG”, disse Andrew Cosgrove, analista da Bloomberg Intelligence. “Eles têm uma batalha difícil.”

O incidente de Sudbury traz lembranças do angustiante resgate de mineiros há 11 anos em uma mina subterrânea no Chile, que durou 69 dias. Felizmente, a Vale conseguiu retirar todos com segurança em menos de três dias.

“Após a conclusão do resgate de todos os empregados com segurança, a Vale começou uma investigação interna sobre o ocorrido na mina subterrânea Totten, em Sudbury”, informou a empresa por e-mail.

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Desde o rompimento da barragem de Brumadinho em 2019, a mineradora nomeou um diretor responsável por segurança, criou cinco comitês executivos para gestão de risco e implementou “profundas revisões” em sua estrutura de prevenção de acidentes, segundo a Vale.

O acidente esta semana, causado pelo desprendimento de uma pá escavadeira que afetou o sistema de transporte entre a superfície e o subsolo, teve grande impacto físico e emocional sobre os envolvidos.

Ainda assim, foi muito menos grave do que os rompimentos das barragens da Samarco em Mariana – uma joint venture da Vale e BHP –, e da mineradora brasileira em Brumadinho, que mataram 290 pessoas e causaram estragos no meio ambiente.

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Desde o desastre de Brumadinho, um dos mantras de Eduardo Bartolomeo, diretor-presidente da Vale, tem sido: “segurança, pessoas e reparação”. Com o rompimento da barragem em 2019, a Vale perdeu o posto de maior produtora de minério de ferro do mundo, o que também levou a uma reestruturação da segurança e governança na empresa.

Embora a Vale tenha conseguido reduzir a distância em relação à Rio Tinto e à BHP, a ação da mineradora brasileira ainda é negociada com desconto em comparação com as rivais cujas minas australianas estão mais próximas das siderúrgicas chinesas.

“Parece que o tempo e um histórico de saúde relativamente limpo, além da execução de várias outras iniciativas, serão necessários para causar impacto de forma significativa”, disse Cosgrove. “A mineração é um negócio difícil.”

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Três dias antes do incidente de Sudbury, a Vale dedicou parte de uma apresentação sobre ESG liderada por Bartolomeo para explicar a agenda de saúde e segurança da empresa, incluindo o uso de inovação para reduzir acidentes.

Em resposta à apresentação, analistas da XP Investimentos elogiaram a disposição da Vale em aumentar a transparência rumo às melhores práticas ESG, observando, no entanto, que ainda há passos importantes a serem dados.

Percebendo a importância do incidente no Canadá para esses esforços, Bartolomeo se reuniu com funcionários e a equipe de resgate em Sudbury.

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O sindicato que representa a maioria dos trabalhadores que ficaram presos pediu a todos os envolvidos que nunca se esqueçam do risco enfrentado por mineiros sempre que trabalham em operações subterrâneas.

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