Com otimistas e pessimistas brigando, para que lado o mercado deve olhar?

Daniel Cunha, economista da XP Investimentos, acredita que o mais provável é os otimistas ganharem a briga

Felipe Moreno

Bear and bull sculptures outside the Frankfurt stock exchange

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SÃO PAULO – O mercado se encontra em uma encruzilhada: há argumentos que sustentam tanto uma alta mais forte para o mercado quanto que favorecem uma correção. De novembro pra cá, o índice vai deixando topos e fundos ascendentes, o que denota uma formação de tendência de alta.

“Existem fatos correntes que sustentam as duas teses, a pergunta é para qual dos lados o mercado vai dar mais atenção ou peso”, avalia Daniel Cunha, economista da XP Investimentos. Ele acredita que o mais provável é que o mercado continue otimista, dando mais peso para os argumentos otimista.

De qualquer forma, o mercado pode ganhar volatilidade nas próximas semanas. No momento, ela está em patamares mínimos, mas conversas preocupantes sobre moratória na Grécia voltaram a aparecer, enquanto os problemas nos EUA e no resto da Europa estão longe de serem resolvidos. “O grande teste de humor no curto prazo será a resolução do teto da dívida nos EUA”, afirma Cunha.

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Confira os argumentos usados pelos dois lados: 

Touros Ursos
Motivo Explicação Motivo Explicação
Mercado imobiliário norte-americano está melhorando O mercado imobiliário, junto com a questão do desemprego, foi o grande vilão nos EUA desde a crise de 2008, com grandes estímulos de liquidez para fortalecer a compra e venda de casas por lá. Demanda e  crescimento do crédito continuam fracos nos EUA A demanda por novos produtos continua fraca nos Estados Unidos, assim como o credito ao consumidor. Sem uma retomada mais efusiva das duas, é difícil imaginar uma retomada mais agressiva do ritmo de crescimento, já que as engrenagens da economia estão fracas.  
Renda das famílias está crescendo nos EUA e pode tirar a economia da “armadilha de liquidez” Para combater a crise, Ben Bernanke, presidente do Fed, injetou grandes quantias na economia norte-americana. O dinheiro, porém, acabou preso nos bancos – ao mesmo passo que a taxa nominal de juro é praticamente 0%, impedindo-a de cair novamente. Dessa vez, a renda voltou a crescer e pode aumentar os valores circulantes na economia, estimulando-a crescer. O crescimento do endividamento familiar nos EUA está vindo de uma “bolha no financiamento estudantil” Algumas vozes do mercado temem que um “excesso” de investimentos governamentais esteja criando uma bolha de crédito em relação aos financiamentos estudantis, justamente o tipo de crédito que não estimula a demanda por novos produtos.
Líderes chineses estão aversos à tomar medidas de rebalanceamento Espera-se que a China precisará iniciar medidas para mudar seu paradigma de crescimento, hoje fortemente voltado para exportações e investimentos em infraestrutura, para algo focado no consumo interno. Isso deve atrasar seu crescimento, embora venha a ser necessário. Os investimentos em negócios continuam fracos nos Estados Unidos A retomada do crescimento norte-americano também depende de outro fator: investimentos no setor produtivo. No momento, isso continua fraco, a despeito dos sinais de melhoras em outros setores.
Os bancos centrais estão empenhados em uma campanha de afrouxamento monetário Praticamente todas as autoridade monetárias estão derrubando as taxas de juros ao redor do mundo, já encontrando patamares reais negativos. Além disso, o Fed e o BCE (Banco Central Europeu) já iniciaram conversas para iniciar linhas de crédito em dólares para bancos do velho continente como forma de amenizar a crise por lá. Bancos centrais estão “sem munição” Os bancos centrais já não podem fazer muito para estimular a economia: juros zero e programas de compra de ativos já estão “ligados”, mas seus efeitos não foram capazes de fazer a economia voltar a andar.
Inflações nos EUA e China estão baixas Com tantos estímulos monetários, esperava-se que os preços de produtos pudessem disparar nos EUA e China, o que obrigaria esses países a tomarem de uma política monetária mais prudente. Contudo, o que se vê ainda é uma tímida evolução nos preços dessas duas economias. Programas como o “Quantative Easing” e os juros baixos devem acabar A expectativa é que os programas de compras de ativos em larga escala iniciados pelo Fed devem acabar no início de 2014. Sem o dinheiro injetado, é capaz de vermos uma retração da economia – já que, na teoria monetarista, a injeção tem evitado uma depressão. Além disso, a política de juros baixos deve desaparecer no final de 2014 por lá, caso a inflação incomode as autoridades. 
PMI de países emergentes estão subindo Os PMI (Purchasing Manager Index) são bons indicativos do desempenho das economias, tanto no setor de serviços quanto no setor de manufaturas. A elevação desse número indica a melhoria da economia dos países que tem sido o motor do crescimento mundial nos últimos anos. PMIs dos países desenselvidos continuam se deteriorando  Enquanto os PMI dos emergentes sobem, os dos desenvolvidos caem. A queda desses números indica que os países de maior economia no mundo estão vendo a situação piorar nesses setores. 
Abismo fiscal foi resolvido sem grandes danos à economia nacional O abismo fiscal foi o assunto do último trimestre, já que ele tinha o potencial de destruir até 4% do PIB (Produto Interno Bruto) norte-americano em 2013 – jogando o país de volta à uma recessão. Contudo, o evento foi evitado um dia antes, sem trazer grandes estragos para a economia dos EUA, que deverá continuar crescendo em 2013.   A discussão do teto da dívida nos EUA Já o próximo ponto de preocupação, o teto da dívida norte-americano, ainda precisa ser votado em definitivo. Em 2011 o mercado já sofreu com esse mesmo impasse, que foi resolvido apenas um dia antes da possível moratória, mas não impediu que o rating AAA dos EUA fosse cortado pela Standard & Poor’s.
Europa não resolveu os problemas estruturais com os salários e o comércio A crise é mais profunda do que o endividamento dos países perífericos. Ela também é um sinal de que a economia desses países é cambaleante, seja por leis trabalhistas muito rígidas, seja por condições inferiores de trabalho e produtividade do que nos países centrais, como Alemanha e França. 
Recessão na Europa não alivia  Além disso, ainda há muitos temores de que a recessão afunde ainda mais as economias da região – exceção da Alemanha, que tem conseguido se manter em crescimento.