Com desvalorização do peso, Argentina dá sinais de recuperação econômica

Dados estatísticos mostram que a produção industrial cresceu pelo terceiro mês consecutivo no país, impulsionada por exportações

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SÃO PAULO – A produção industrial da Argentina registrou elevação pelo terceiro mês consecutivo em janeiro, dando sinais de recuperação frente à pior crise econômica do país em um século.

Segundo dados divulgados pelo Instituto de Estatística Nacional da Argentina, a produção industrial de janeiro registrou um crescimento total não-ajustado sazonalmente de 18% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Com relação a dezembro de 2002, houve um significativo crescimento da ordem de 4%.

Lenta substituição de importações favorece melhora

O bom desempenho alcançado pela produção industrial no país no decorrer dos últimos três meses reflete, em grande parte, um incipiente processo de substituição de importações e elevação das exportações de alguns produtos industriais, resultado da maior competitividade dos produtos argentinos no mercado internacional.

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Com o fim da paridade entre o peso argentino e o dólar norte-americano, a moeda argentina desvalorizou-se 70% no decorrer de 2002, favorecendo uma ampliação das exportações do país à medida que deixou os produtos argentinos relativamente mais baratos no mercado internacional.

A desvalorização do peso em relação ao dólar também contribuiu para o crescimento da demanda interna por bens nacionais, visto que os bens importados tornaram-se relativamente mais caros para a maioria dos argentinos.

Economia dá bons sinais e investidores se animam

A economia argentina teve que enfrentar verdadeiros percalços durante 2002, uma vez que o governo decretou congelamento dos depósitos bancários e moratória sobre US$ 95 bilhões, levando a atividade econômica a uma contração de 12% no acumulado do ano.

Neste sentido, a produção industrial registrou decréscimo de 20% no primeiro trimestre de 2002 em relação ao trimestre anterior. As perdas foram sendo reduzidas ao longo do ano, de forma que a atividade industrial recuou 15% no segundo trimestre e 8% no terceiro trimestre. Com a elevação das exportações, a produção começou a se recuperar no quarto trimestre, com uma discreta expansão de 1,7%.

Muitas empresas locais já estão animadas com os sinais de recuperação, de forma a elevar seus investimentos no decorrer do ano. Dessa forma, quatro fabricantes de autopeças (Taranto S.A., Basso S.A., Edival S.A. e Sabo S.A) investirão mais de US$ 13 milhões em 2003 para aumentar a produção e exportar, inclusive, ao Brasil, de acordo com o jornal argentino El Cronista.