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O volume de crédito concedido para a compra de veículos novos somou R$ 58 bilhões no primeiro trimestre deste ano, com retração de 4% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados divulgados pela Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef).
A principal linha utilizada pelos consumidores, o Crédito Direto ao Consumidor (CDC), recuou 5%, movimentando R$ 57 bilhões. A inadimplência também avançou, passando de 3,6% para 5,6% no período de doze meses. Apesar do quadro mais restritivo no crédito, os papéis de empresas do setor de locação operam em alta nesta terça-feira (27). Por volta das 13h (horário de Brasília), Localiza (RENT3) disparava 4,80%, a R$ 42,81, e Movida (MOVI3) avançava 4,39%, a R$ 7,13.
A elevação dos juros é apontada como o principal fator por trás do enfraquecimento da demanda. “A taxa de 14,75% ao ano tem limitado o acesso ao financiamento, e isso derruba o valor médio das operações”, diz Enílson Sales, presidente da Anef, em entrevista à Autodata. Ainda assim, o saldo total das carteiras financiadas avançou 15% na comparação anual, alcançando R$ 494 bilhões.
Não perca a oportunidade!
O Bradesco BBI afirma que o recuo no financiamento de veículos novos acende um alerta para empresas de locação, como Localiza e Movida. Em relatório enviado ao mercado, analistas afirmam que o enfraquecimento do crédito pode reduzir a liquidez do mercado de seminovos. Esse movimento tende a pressionar a renovação de frotas e encarecer as despesas com depreciação dos ativos.
Para o BBI, o encarecimento do custo de capital e a redução da velocidade de venda dos usados elevam o risco de ajustes contábeis nas linhas de resultado das companhias de locação. O banco mantém recomendação de compra para as ações de Localiza, com preço-alvo de R$ 56, e para Movida, com preço-alvo de R$ 8, ambos acima do valor negociado no pregão de hoje.
Embora o saldo geral das carteiras de crédito continue em expansão, o recuo nas concessões para veículos novos pode se traduzir em um menor giro de ativos nos próximos trimestres, segundo os analistas. Nesse contexto, a estratégia comercial das locadoras pode ser influenciada por uma postura mais cautelosa nas aquisições, tanto pelo encarecimento dos financiamentos quanto pela menor atratividade do mercado secundário.
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O Bradesco BBI diz que a elasticidade da demanda por seminovos tende a diminuir quando o financiamento ao consumidor perde força, criando um ambiente menos favorável para a rotação de veículos. Essa dinâmica, segundo os estrategistas, impõe pressão adicional sobre a rentabilidade das operações de locação e gestão de frotas.