Com boom imobiliário, Fed pode começar a reduzir compras por títulos hipotecários

Os títulos lastreados em hipotecas perderam 0,18% no mês passado, mesmo com o avanço dos Treasuries

Bloomberg

Sede do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA

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(Bloomberg) — Quando o Federal Reserve começar a reduzir as enormes compras de títulos, operadores de hipotecas apostam que seu mercado será o primeiro da fila.

Seria uma reversão em relação à abordagem equilibrada do Fed durante sua última retirada em 2014, quando desacelerou as compras de Treasuries e títulos lastreados em hipotecas no mesmo ritmo. Mas, com os preços das moradias em alta e juros de empréstimos não muito longe de mínimas históricas, alguns veem menos motivos para o banco central dos EUA continuar adicionando US$ 40 bilhões em títulos hipotecários ao balanço todos os meses.

É uma perspectiva que já preocupa os mercados financeiros, pois operadores buscam se antecipar aos movimentos do Fed. Os títulos lastreados em hipotecas perderam 0,18% no mês passado, mesmo com o avanço dos Treasuries, marcando o pior desempenho em relação aos títulos do Tesouro desde os primeiros dias da pandemia em janeiro de 2020. Na semana passada, o presidente do Federal Reserve de Dallas, Robert Kaplan, destacou essa visão. Segundo ele, o mercado imobiliário não precisa de tanto apoio quanto o que está recebendo do banco central.

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“Não vemos problemas no mercado imobiliário com os quais o Fed deva se preocupar. Na verdade, é o contrário, com ganhos em certas partes do país”, disse Jake Remley, gestor da Income Research + Management, que administra US$ 90 bilhões e está reduzindo a exposição a segmentos no mercado de hipotecas que seriam mais afetados por uma desaceleração das compras do Fed. “Se o Fed começa a ficar preocupado com a inflação e quiser fazer algo, deveria sair das hipotecas e entrar mais nos Treasuries.”

A intervenção do Fed no mercado imobiliário é controversa, embora tenha começado em 2008, na esteira do colapso da bolha imobiliária que pesou sobre o setor por anos. Desta vez, os valores dos imóveis subiram em linha com as compras do Fed: um indicador de preços dos imóveis residenciais nos EUA avançou 13% em março em relação ao ano anterior, o maior ganho desde 2005.

No entanto, o presidente do Fed, Jerome Powell, não deu nenhuma indicação de que o banco central tem como alvo o mercado de hipotecas, nem indicou quando começará a reduzir as compras de dívida. Mas uma retirada em títulos hipotecários daria às autoridades monetárias mais margem para apoiar o mercado de Treasuries, justo quando o presidente dos EUA, Joe Biden, procura aprovar um grande plano de gastos, que inclui um programa nacional de infraestrutura.

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“O Fed vai adotar uma abordagem diferente desta vez”, disse George Gonçalves, chefe de estratégias macro para EUA no Mitsubishi UFJ Financial. “Vai ser modulado. E, com os déficits fiscais que temos, é o mercado de Treasuries” que precisa de mais apoio.

As especulações de que o Fed poderia sinalizar nos próximos meses planos para começar a ajustar a política monetária ganharam força na quinta-feira, depois que novos dados mostraram que os preços ao consumidor dos EUA subiram no mês passado acima da previsão da maioria dos economistas. Os números impulsionaram a inflação implícita de 10 anos, uma referência do mercado de renda fixa para a taxa de inflação anual esperada ao longo da próxima década.

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