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Nos últimos anos, tivemos apenas um grande evento de apreciação do yuan, que ocorreu no dia 20 de julho de 2005. À época, a valorização da moeda foi de 2%. Estamos na iminência de uma nova rodada de apreciação. Fala-se em 3%.
Em princípio, nos parece um movimento muito tímido para que tenhamos um impacto relevante sobre o mercado. Vejamos como foi em 2005 para nos dar um guia de possíveis movimentos de outros ativos. Lembrando que o contexto de 2005 era completamente diferente do atual e que um evento não traça tendência.
Pegamos os juros de 2, de 10 anos, o S&P, o euro e o petróleo.
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Títulos do governo americano de 2 e 10 anos
No dia da apreciação do yuan, o movimento dos juros americanos foi representativo, abrindo 7 pontos-base nos de 2 anos e 12 pontos-base no de 10 anos. No entanto, olhando um intervalo de um mês de movimento, tivemos o de 10 anos apenas 2 pontos-base acima do dia da apreciação e os de 2 anos, 12 pontos-base acima do dia 20 de julho.
Lembrando mais uma vez que uma série de outros fatores, como a economia em franca expansão e uma bolha imobiliária em construção, estavam em andamento.
S&P
O movimento do S&P foi semelhante ao dos juros americanos. A bolsa chegou a cair 8 pontos, de 1.235,00 para 1.227,00; mas um mês depois estava em 1.221,00; o que não acredito ser um movimento relevante, tendo em vista a volatilidade natural da bolsa. O que quero dizer é, dada a volatilidade da bolsa, o evento China não acrescentou nada de extraordinário.
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Euro
O euro ficou praticamente estável no dia da apreciação do yuan. Mas, nos dias subsequentes, tivemos uma depreciação em sequência por quase dois meses. No primeiro mês pós-apreciação, a moeda da Zona do Euro se desvalorizou 3%.
Isso é um resultado esperado, tendo em vista que o euro carrega parte da distorção da moeda chinesa e nada mais natural que o euro se desvalorizar em montante semelhante à apreciação chinesa.
Petróleo
Por fim, o petróleo teve movimento contrário ao euro (o que acontece com frequência), ficando praticamente estável no dia da apreciação, mas ganhando 14% um mês depois da apreciação.
Contudo, cabe lembrar que o movimento de apreciação da cotação do petróleo já vinha acontecendo desde maio, provavelmente na esteira do crescimento americano e chinês. O evento China foi mais do que revertido 50 dias depois do Katrina.
Pensando no estrago do Katrina, e pensar que o movimento pós-apreciação teve quase o mesmo impacto, é possível que o petróleo seja o ativo que apresentou maior sensibilidade à valorização da moeda chinesa.
No entanto, é sempre bom salientar que, como o evento China ocorreu em meio a uma apreciação do petróleo, é possível que essa alta do petróleo não tenha ocorrido por causa da apreciação em si. Em resumo, é muito difícil discrminar o impacto real da China sobre o petróleo.
Conclusão
Portanto, podemos ver que os impactos de uma apreciação do yuan não tem um caráter estrutural sobre as cotações dos ativos. A influência sobre o S&P e os juros americanos claramente não tiveram força para se manter por mais de um mês, enquanto que o euro e o petróleo fortaleceram uma tendência que já vinham apresentando em período anterior a apreciação. Portanto, um sinal é altamente ambíguo em relação ao resultado líquido.
Ingo Plöger é empresário, engenheiro, economista, conselheiro de empresas nacionais e internacionais e presidente da IP Desenvolvimento Empresarial Institucional. Escreve mensalmente na InfoMoney.
ingo.ploger@infomoney.com.br