Colunista InfoMoney: vislumbrando 2010, ressaca em 2011

Ano deverá ter elevação gasto do governo, aumento da taxa de juros e taxa de câmbio apreciada; em 2011, tais efeitos surtem

raphaelcastro

O ano de 2009 certamente foi melhor do que se supunha pelo menos, com relação à economia doméstica. Ações do governo na direção de contrapor a contração advinda do ambiente externo, por meio da ativação da demanda interna, sem dúvida nenhuma foram fundamentais para contenção dos efeitos da crise aqui.

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A taxa de câmbio de certa forma sinaliza isso, dada à redução vigorosa da taxa de juros no Brasil (mas ainda continua alta relativamente a outros países). Mesmo assim, o real continuou se valorizando – provavelmente em decorrência da confiança do investidor externo em relação à situação econômica local (ou, no meu modo de ver, era a melhor opção que os investidores tinham).

2010 provavelmente deverá ser marcado pelas eleições presidenciais, aumento do gasto do governo, aumento da taxa de juros e taxa de câmbio apreciada – talvez um pouco mais baixa que o nível atual. Cada um dos prognósticos advém seqüencialmente do outro: o governo, que já aumentou bastante os seus gastos em 2009, não mostra nenhuma iniciativa para contê-los. Pois no próximo ano teremos eleições, as quais não serão fáceis.

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gasto do governo,
aumento da taxa de
juros e taxa de
câmbio apreciada

E, através dos fatos observados neste ano (no campo político e econômico), posso concluir que seguramente o governo já vem caminhando com demasiado empenho na direção da eleição de sua candidata com a finalidade de manter o seu projeto de governo. É cabível ressaltar que o governo mudou razoavelmente nos últimos tempos, sobretudo do lado fiscal. Mas até agora não alterou sua ótica direcionada ao curto prazo.

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Os incentivos fiscais em 2009 foram benvindos. Embora quando eu vejo o caso da China, onde os incentivos foram principalmente na direção de investimentos em infra-estrutura, a inveja me cutuca, pois estão mais preparados para a retomada da atividade econômica global. Meus sentimentos de lado, a questão é que os incentivos fiscais brasileiros direcionados ao consumo não deverão ser mudados no próximo ano, de eleição.

E toda a confiança do governo para ter equilíbrio fiscal está na direção de aumento da arrecadação; e ela realmente virá. Como o objetivo é a eleição, uma taxa de inflação baixa é um dos principais meios, do ponto de vista econômico, para alcançá-la. Inflação controlada é algo desejável por toda a sociedade, sobretudo os menos favorecidos, conforme as últimas eleições mostraram.

Por sua vez, o Banco Central provavelmente agirá no segundo semestre do próximo ano para manter a expectativa de inflação controlada – leia-se aumento da taxa de juros –, uma vez que a autoridade monetária se defrontará com uma economia que já vem em um ritmo de recuperação bom, estimulada pelos incentivos fiscais de 2009, com o fato adicional de ser um ano eleitoral (cuja tendência histórica aponta para aumentos dos gastos do setor público, diminuição no tamanho dos reajustes de tarifas públicas). Além disso, há a recuperação das economias ao redor do mundo, gerando aumento da demanda externa, ainda que tímido.

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Logo, a taxa de câmbio deverá permanecer apreciada, via aumento de diferencial da taxa de juros. E, do ponto de vista de controle de inflação, isso é benvindo.  Contudo, do ponto de vista do exportador, não é nada bom, ainda que os preços internacionais esbocem alguma recuperação em função da retomada da atividade global. Seria alentador, ao menos para este setor, se parte dos estímulos ficais viessem na direção de investimentos em infra-estrutura.

Para esses, a ressaca que promete ser 2011 pode chegar mais cedo. Neste ano, saímos da crise, ficamos mais populares no mundo. Mas não triunfamos em tudo. Principalmente na área da política, tanto interna como externa. E o pior, seguimos pensando no curto prazo, sem preparo para uma retomada global.