Colunista InfoMoney: Valorização do real: o que fazer?

Tendência de depreciação do dólar é global, mas fatores positivos, como Olimpíadas e Copa, favorecem real mais forte

Reginaldo Siaca

Antes mesmo de a crise ter o seu ápice no inicio de setembro de 2008, a economia norte-americana já apresentava sinais de enfraquecimento, uma vez que o crescimento e a retomada não acompanhavam o crescimento global. Nesse sentido, o enfraquecimento do dólar em relação às outras moedas é inevitável, e não é uma exclusividade do real. Diversas moedas apresentam tendência semelhante, como o euro, que está com a paridade perto de US$ 1,50; e o yuan, embora o governo chinês congele sua moeda local, a fim de não afetar a balança comercial.

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A despeito das semelhanças, claramente o nosso real foi uma das moedas que mais se valorizou em relação ao dólar, à medida que a crise afetou o Brasil de forma mais amena, na comparação com os EUA e a Europa. Além disso, o Brasil é um dos países emergentes que reage de forma mais rápida, e a valorização do real deixa o governo de cabelo em pé, à luz dos efeitos no volume de exportações.

As nossas reservas aumentam dia a dia com a intervenção do Banco Central, através da compra spot; já passamos dos US$ 230 bilhões. Em adição, o Brasil tem o luxo de não ser mais devedor do FMI (Fundo Monetário Internacional), tendo se tornado recentemente um credor do fundo, ao colocar à disposição US$ 10 bilhões. Apesar de ter outros mecanismos, o governo utiliza o método mais prático, embora o custo de carregamento das reservas seja muito caro para o Brasil.

“O nosso real foi uma das moedas que mais se valorizou em relação ao dólar”

O crescimento das reservas está sendo inevitável, pois o fluxo de capital externo continuará crescente pelos seguintes fatores: terceira nota de grau de investimento da Moody’s, Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016; além do movimento de investimento para a área do pré-sal, a depender de qual política o governo vai utilizar para o investidor estrangeiro.

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Particularmente no mês de outubro, com todo esse volume de dólar ingressando no País, o governo determinou a cobrança de 2% de IOF sobre operações de renda e de bolsa, com o intuito de intimidar a especulação. Porém, o efeito não foi o esperado e o mercado já possui ferramentas para driblar o IOF. O movimento especulativo faz parte integrante de todos os mercados, inclusive o financeiro.

Existem outros fatores além do dólar, visto que nossa bolsa obtém recordes seguidos. Após o efeito da crise, estamos por volta dos 64.800 pontos, mas já ultrapassamos a casa dos 66.800 pontos. A expectativa é grande para o final do ano, com a bolsa perto dos 70.000 pontos. De um lado, o mercado está muito otimista. Do outro, já falam em formação de uma nova bolha.

Referente aos juros para 2010, o mercado está ansioso, pois começam as apostas para um aumento significativo. Caso isso ocorra, aí sim o ingresso de divisas será ainda maior. Com o selo de bom pagador, há um porto tranqüilo para investimento e especulação. Se bem que, sempre é bom ter cautela, pois às vezes, o otimismo em exagero pode ficar no vermelho.

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O que devemos ressaltar é que a recuperação da economia nos EUA e Europa já começou, de certa forma lenta, mas positiva. E o Brasil é a bola da vez mesmo, pois agora o momento é diferente.

O que o País precisa urgente é de uma reforma fiscal bem elaborada e eficiente pois, desta forma, o crescimento será sustentável e mais fácil de administrar.

Reginaldo Siaca é gerente da Advanced Corretora de Câmbio e escreve mensalmente na InfoMoney, às terças-feiras.
reginaldo.siaca@infomoney.com.br