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O que países com maiores problemas ocasionados pela crise mundial, como os EUA e a maioria dos países da União Europeia, não precisavam neste momento são os aumentos dos preços das commodities minerais, energéticas e agrícolas, ou seja, das matérias-primas.
Esta afirmação é justificada ao ser levado em conta um dos tipos de variação positiva de preços mais prejudiciais para as economias: a Inflação de Custo. De forma geral, este tipo de inflação é constituído pelo aumento dos preços das matérias-primas (commodities em geral) e dos demais componentes de fatores de produção.
“Alguns economistas já não descartam |
Ao serem analisados em seu contexto mais amplo, os efeitos da inflação de custo na economia, além de conterem um viés totalmente negativo, repassam os preços para toda a cadeia de produção causando um efeito cascata em toda a economia.
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Por outro lado, a Inflação de Demanda que é determinada pelo aumento dos preços devido à expansão do consumo das pessoas (rotineiramente isso acontece quando os consumidores estão gastando mais devido ao aumento da sua renda e do emprego), é a inflação tão almejada pelas economias centrais, como a dos EUA.
Mas qual a razão para a busca da Inflação de Demanda? A resposta pode ser dada de forma simples: com a retomada do consumo os preços tendem a subir; significa, portanto, maior produção de bens, a qual promoverá crescimento da indústria e do setor de serviços. O resultado final será o aumento do número de empregos e dos salários.
O gigantesco volume de dólares injetado na economia norte-americana tem como objetivo principal estimular o consumo, e consequentemente a inflação de demanda. Os economistas costumam dizer que o aumento da moeda em circulação eleva os níveis de preços – no caso norte-americano este processo vem apresentando sinais insatisfatórios e muitos afirmam que deverá ocorrer somente no longo prazo.
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No gráfico, observam-se as trajetórias históricas das commodities através dos índices que representam a cesta geral. Neste sentido, as altas que vem ocorrendo nos últimos meses estão sendo motivadas pelo consumo chinês, pela especulação financeira, pelos ajustes de produção (no caso das mineradoras) e por expectativas de quedas de safras (no caso das agrícolas). Diante desse cenário, observa-se que os chamados gatilhos de preços dos insumos a qualquer momento vão provocar choques negativos nas economias.
Para o Brasil, o atual momento apresenta gatilhos para os dois tipos de inflação. No caso da inflação de custo o problema se concentra na cotação internacional das commodities, pois os preços são formados em outras regiões como a Bolsa de Chicago, no caso das agrícolas, e a LME – Londres, para os metais. Para que os preços dessas commodities não contaminem a economia, a única solução vem da valorização do real. Portanto, é válido afirmar que a valorização do real contribuiu para a acomodação dos preços ao longo dos meses de 2010.
Por outro lado, os gatilhos da inflação de demanda advêm das determinantes da renda e da pré-disposição de consumir do brasileiro. Os determinantes da renda são: o aumento dos salários e o aumento da criação de vagas formais de emprego, além da oferta de crédito. Para amortecer estes gatilhos é necessário que o Banco Central eleve as taxas de juros e diminua a oferta de crédito na economia. Além dessas medidas monetárias é fundamental a redução dos gastos correntes do Governo do ponto de vista da política fiscal.
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De forma geral, diante desse cenário doméstico e externo não restam dúvidas quanto aos riscos inflacionários na economia brasileira em 2011. Alguns economistas já não descartam uma pequena probabilidade de ocorrer uma explosão nos preços caso a autoridade monetária perca o “time” das medidas necessárias. E quais serão os remédios? Juros e redução da liquidez monetária.
Ricardo Jacomassi é economista, professor e estrategista de investimentos e escreve mensalmente na InfoMoney.
ricardo.jacomassi@infomoney.com.br