Colunista InfoMoney: O perigo amarelo – ou será uma oportunidade?

China mostra crescimento cada vez mais alto e ameaça EUA na posição de maior potência econômica do mundo

Marcelo Smarrito

Inglês, espanhol, francês, alemão… Até aí, tudo bem. Mas você já pensou em aprender mandarim?

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Já sei: “too old for that”. Mas e quanto a seus filhos, que tal se eles aprendessem a escrever em mandarim? Nunca pensou nisso? Pois ainda está em tempo! Afinal, o chinês padrão é a língua que possui mais falantes em todo o mundo.

Na virada do Século XX, a língua da moda ainda era o francês, mas quem já mandava e desmandava no mundo no mínimo desde Waterloo, em 1815, era o Império Britânico – dizia-se então que o sol nunca se punha em seus territórios!

Cem anos atrás, portanto, quem ousaria pensar que poucas dezenas de anos depois a “pérfida Albion” seria desbancada como a potência dominante e se tornaria praticamente um satélite dos Estados Unidos. Antes da metade do Século, a ex-colônia britânica já ditava as regras globais econômicas. Ironicamente, foi quando a língua inglesa assumiu o papel de um “esperanto natural”.

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Agora, estamos no Século XXI. Será que chegou a vez dos “damn yankees” passarem o bastão ao País do Meio (que é a tradução aproximada do nome China em chinês – Zhong Guó). Vejam que poucos anos atrás, em 2004 exatamente, alguns estudiosos de economia olhavam assustados para um Japão que seria o candidato mais forte a ocupar o espaço que a economia americana em algum momento deixaria. Afinal, as divisas internacionais japonesas naquela época eram quatro vezes maiores do que as chinesas em termos de valor.

“O século 21 é provavelmente dos chineses”

Hoje, a China já virou esse jogo e é a grande credora dos USA em títulos públicos do governo Obama. Estamos falando de uma China comprada em US$ 800 bilhões em títulos públicos americanos. Quem diria que a economia dos “olhos puxados” poderia vir a ter tanta influência na política monetária americana?

Virou um circulo virtuoso. O chinês produz barato e mantém a moeda fraca (yuan) em relação ao US$. Dessa forma, consegue exportar intensamente e estimula o consumo interno yankee, mantendo a economia ativa e as taxas de juros baixas no primeiro mundo, o que permite ao governo chinês trazer de volta o lucro das exportações para suas muralhas, revertendo o superávit em títulos do governo americano! Santa sinuca de bico, batman!

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A pujança, de repente, era tanta, que muita gente no Ocidente começou a torcer para a China diminuir o ímpeto de crescimento. Aí veio a crise, passou a crise (será mesmo?), e a toada do colosso oriental permaneceu a mesma: crescendo, crescendo… Um crescimento projetado de 8% em 2009 e 2010 mostra que a economia chinesa estará cada dia mais e mais presente no nosso dia a dia, inclusive ajudando economias em desenvolvimento e desenvolvidas a sobreviverem, suportadas pelo boom de riqueza do “eldorado amarelo”. (Se têm alguma dúvida, recomendo assistirem ao programa: http://www.youtube.com/investirhoje#p/u/224/4P8yFyBSQII ).

E as marcas… Aí é outra história. Marcas chinesas começam a aparecer, mas ainda não são páreo para as marcas americanas, inglesas, alemãs, japonesas, etc., que se tornaram globais. O fato da produção de praticamente todas elas estar na China hoje, porém, coloca mais que uma interrogação sobre elas, coloca uma verdadeira espada de dâmocles.

Bem que Napoleão Bonaparte avisou no começo do Século XIX: “não acordem a China”. Quer saber de mais? Já comecei a procurar cursos de mandarim para minhas filhas. O século 21 é bem mais delas do que meu. E, provavelmente, dos chineses.

Bons investimentos e um bom Brasil a todos.

Marcelo Smarrito é diretor de Varejo da corretora Gradual, autor do livro “Desmistificando A Bolsa de Valores” e escreve mensalmente na InfoMoney, às sextas-feiras.
marcelo.smarrito@infomoney.com.br