Colunista InfoMoney: O novo pacote habitacional e sua importância para a retomada

De forma geral, o plano foi bem recebido. No entanto, como é comum acontecer, faltam dados mais detalhados

Marcelo de Faro

Na quarta-feira passada, dia 25, o Governo brasileiro anunciou o tão esperado pacote para o setor da habitação. Por ser um dos segmentos com maior potencial de emprego e de renda da economia, a construção civil deve ocupar posição central em qualquer política anticíclica destinada a manter o caminho do crescimento.

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A cada ano do programa, segundo estimativas divulgadas pelos meios de comunicação, seriam criados mais de 300 mil empregos diretos. Isso representa um aumento de cerca de 14% em relação ao nível médio registrado em 2008. Nas outras áreas da cadeia do setor de construção nacional, seriam criados mais 200 mil empregos (indiretos) aproximadamente, totalizando 500 mil novas vagas de trabalho em 2009 – o equivalente a 0,6% do pessoal ocupado em todo o País.

Com esse crescimento no nível de empregos, a massa salarial aumentaria em mais de R$ 3 bilhões, somente na construção civil, e outros R$ 4 bilhões nos demais setores. Além disso, o governo teria uma recuperação tributária em torno de R$ 5 bilhões.

“A capitalização política teria que ser dividida”

A proposta tem o objetivo de atender uma demanda reprimida de aproximadamente 7,2 milhões de unidades habitacionais. O programa prevê a construção de 1 milhão de moradias, beneficiando, principalmente, a faixa da população que recebe entre um e três salários mínimos.
Segundo dados do Ministério da Fazenda, a medida poderá alcançar a cifra de R$ 34 bilhões e causar um impacto positivo no PIB, de até 2%, funcionando como um fator atenuante da grave crise mundial.

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De forma geral, o plano foi bem recebido. No entanto, como é comum acontecer, faltam dados detalhados para os especialistas traçarem opiniões mais fundamentadas sobre o programa.

Sem dúvida, ele traz avanços como a redução de impostos e de burocracia, além do aumento de recursos para a infraestrutura. Por outro lado, o projeto não especifica como ou onde as casas serão construídas. Erros do passado – como a construção de imensos conjuntos isolados em periferias e sem a estrutura adequada – podem se repetir. Grandes distâncias em relação ao local de trabalho se traduzem em mais gastos com transportes. E ainda existe o risco de se “empurrar” populações de baixa renda para áreas ainda mais periféricas.

Lançar um programa do zero, contando com a participação de prefeitos, governadores, sindicatos patronais e de empregados, soa como um risco. Talvez fosse muito mais produtivo aplicar os recursos em exemplos bem-sucedidos de programas habitacionais estaduais e municipais. Nesse caso, porém, a capitalização política teria que ser dividida, às vésperas da eleição presidencial.

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Marcelo Faro é gerente de Negociação Eletrônica da Intra Corretora e escreve excepcionalmente na InfoMoney, às terças-feiras.
marcelo.faro@infomoney.com.br