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O grande desafio para a empresa que pretende acessar recursos de terceiros, em particular nas Bolsas de Valores, é saber com precisão como é vista pelo mercado, identificar pontos fortes e fracos e definir a estratégia adequada para a construção de mecanismos capazes de aumentar a segurança sobre suas atividades.
Para os investidores, bastam os riscos do negócio. A empresa precisa demonstrar com clareza ser capaz de gerir seus negócios no interesse de todos os chamados stakeholders. Isso significa muito mais do que cumprir a lei, mesmo as regras bem mais rigorosas editadas nos últimos anos para conter a onda de escândalos corporativos inaugurada em 2001 pela surpreendente falência da Enron.
“Não basta a aparência, como demonstrou o caso Agrenco” |
O que os investidores buscam é a margem de segurança permitida por um conjunto eficiente de mecanismos capazes de monitorar e de estimular os seus dirigentes a agir de modo alinhado a seus interesses. São práticas destinadas a preservar a sustentabilidade do negócio e o retorno dos investimentos, identificadas no mundo inteiro como governança corporativa.
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A Lei Sarbanes-Oxley, editada 2002, foi a resposta mais contundente das autoridades ao escândalo da Enron. Impôs um arsenal de normas destinadas a aumentar a transparência e o controle, que se estendeu muito além das fronteiras dos Estados Unidos. No entanto, a atual retração de investidores dispostos a compartilhar riscos é a maior evidência de que há limites para o papel das autoridades e dos órgãos reguladores. Investidores hoje demandam segurança, querem ter o retorno sobre suas aplicações não apenas porque têm direito a isso, e sim porque podem exercer o direito.
As regras de boa governança, mesmo sendo voluntárias, nunca foram tão indispensáveis. E não basta a aparência, como demonstrou o caso Agrenco, que no final do ano passado encerrou melancolicamente a temporada de euforia de aberturas de capital no Brasil com a captação de R$ 666 milhões e, meses depois, se envolveu em acusações crimonosas de desvio de recursos. As ações despencaram quase 50% em poucos dias. Ficou claro que ter um conselho de administração composto de nomes de prestígio não é garantia de maior controle.
A experiência mostra que não há receita pronta. É preciso que cada empresa construa uma cultura de governança consistente e capaz de aumentar o seu valor, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade.
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Esse é o grande desafio deste novo ambiente, que impõe um esforço de compreensão crescente a respeito de como a comunidade financeira define o valor da companhia por meio de estudos de percepção e de reputação, targeting e de diversos instrumentos novos possíveis com o avanço da tecnologia da informação. O conhecimento que cada empresa deve ter a respeito de si mesma deve lastrear a comunicação com o mercado para que esse esforço se complete e tenha a eficácia de conquistar o reconhecimento do valor justo da companhia.
Arleu Anhalt é presidente da FIRB, ex-presidente executivo e atual membro do conselho de administração do IBRI e escreve bimestralmente na InfoMoney, às quintas-feiras.
arleu.anhalt@infomoney.com.br