Colunista InfoMoney: o comportamento da base monetária norte-americana

Análise das classes de agregados monetários dos EUA confirma que ampliação da base foi importante no enfrentamento da crise

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A evolução dos agregados monetários pode estabelecer padrões que sirvam para avaliar o comportamento do fluxo da moeda. Estes padrões são essenciais para observar o andamento do sistema econômico e a qualidade dos meios de pagamentos.

Devido à amplitude da sua liquidez, a economia norte-americana possui apenas duas classes de agregados monetários : o M1 e o M2. Com um sistema monetário que possui menor liquidez em comparação com o dos EUA, a economia brasileira é composta pelos agregados M1, M2, M3 e M4, sendo que o M1 apresenta as componentes com maior liquidez e o agregado M4 as de menor liquidez.

Resumidamente, os componentes do agregado monetário M1 norte-americano são: moeda em circulação, depósitos à vista, travelers’ checks emitidos pelas instituições não bancárias e outros checkable deposits (OCDs). O M2, sucintamente, é composto por todos os componentes do M1 mais os depósitos em poupança, depósitos a prazo, saldos dos fundos mútuos e outros títulos.

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Tomando como a série histórica dos agregados de janeiro de 2005 (jan/05=100) até dezembro de 2009, o estudo observou fortes choques a partir do segundo semestre de 2008. A premissa para formular o estudo tomou por base os 30 meses (pré-crise) antes de jun/2007 e os 30 meses após o mês de referência (pós-crise).

Neste sentido, os dados divulgados pelo FED (Federal Reserve – Banco Central dos EUA), em relação aos agregados monetários M1 e M2, apresentaram comportamentos diferentes para as suas taxas anualizadas.

A média das variações, para os dados desazonalizados, do M1 foi de 0,62%, enquanto a média do M2 atingiu 4,61% nos meses de pré-crise. Já para o período pós-crise, a oscilação da média para o M1 foi de 6,79% e para o M2, em torno de 6,52%. No caso dos sessenta meses, ou seja, o período que engloba o pré e o pós-crise, a média para o M1 foi de 3,71% e a do M2, de 5,56%. Em termos percentuais observou-se que a média do M1 foi 3,09 p.p. menor no pré-crise e 3,07 p.p. maior no pós-crise, na comparação com a média dos sessenta meses.

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“Ampliação da base monetária
foi um dos principais instrumentos
utilizados no enfrentamento
da crise econômica nos EUA”

Para o M2, o período pré-crise foi 0,95 p.p. menor em relação à média dos sessenta meses e 0,96 p.p. maior para a média dos dados do pós-crise, conforme a figura 01. Em relação à observação dos desvios, o M1 apresentou os seguintes desvios padrões: pré-crise 1,32%, pós-crise 6,16% e sessenta meses: 4,38%. Para o M2, os resultados foram: para o pré-crise, 0,84%; pós-crise, 1,4%; e para os sessenta meses, 1,14%.

De acordo com estes dados, observou-se uma amplitude maior nos resultados do M1 para os dois períodos sugeridos. Este resultado confirma a premissa de que a ampliação da base monetária foi um dos principais instrumentos monetários utilizados no enfrentamento da crise econômica nos EUA. Além disso, sugere afirmar que os choques advindos da crise do sistema financeiro norte-americano foram em maiores amplitudes sentidos nos componentes do M1, sendo a base monetária o principal componente a sentir os reflexos da crise financeira doméstica.

Os planos econômicos no pós-crise voltados para ajustar e destravar a circulação monetária garantiram, no primeiro momento, o restabelecimento da confiança no sistema bancário norte-americano, fator primordial para evitar choques maiores no sistema econômico global.

No primeiro momento de um choque financeiro, os ativos que apresentam menores riscos são os mais favorecidos. No entanto, em um segundo momento que tende a ser de ajustes, inicia-se o processo especulativo no qual o retorno, e em menor grau o risco, passa fazer parte das principais estratégias.

Portanto, nota-se que as distorções na evolução dos agregados monetários nos EUA, principalmente no pós-crise, foi fundamental para constituir um equilíbrio monetário entre as principais praças financeiras. A dúvida reside no tamanho da ampliação da liquidez e quando este volume de moeda vai interferir na trajetória dos preços.

Ricardo Jacomassi é economista, professor e estrategista de investimentos e escreve mensalmente na InfoMoney.
ricardo.jacomassi@infomoney.com.br