Colunista InfoMoney: Isca ou anzol?

Na hora de investir, são muitos os que se rendem às emoções e acabam servindo de isca ao mercado; ideal está no meio termo entre excesso e falta de confiança

Márcia Tolotti

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A música é uma arte maravilhosa, além de ser uma bela forma de traduzir o que muitas vezes não conseguimos discernir, inclusive no mercado financeiro. Um trecho da música Pescador de Ilusões, da banda O Rappa, faz pensar sobre algumas questões importantes: “se por alguns segundos eu observar a isca e o anzol…”.

Algumas vezes, investidores que identificam a influência das emoções, se perguntam se são isca ou anzol. Muito embora todos se sintam segurando o anzol, sabemos que podemos ser a isca, porém o mais comum é observarmos os outros serem iscas. É muito complexo nós admitirmos, e antes disso, reconhecermos, quando somos iscas.

Uma das mais fortes emoções da atualidade é o culto narcisístico de si próprio, através da noção exacerbada da capacidade, beleza, competência, inteligência; enfim, de uma noção de superioridade. Esse movimento constante gera inevitavelmente uma confiança excessiva. O problema da confiança em excesso é a banalização do risco, ou seja, se um sujeito se vê como alguém muito capaz, não terá o cuidado necessário na avaliação do risco diante das operações que fizer.

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“Não devemos apregoar
a arrogância nem a
humildade extremada”

Por outro lado, não devemos apregoar a humildade excessiva, mas entre a arrogância – o caminho inevitável da confiança excessiva – e a humildade extremada, existe a reta razão que foi um dos legados deixados pelo filósofo grego Aristóteles. A reta razão nada mais é que o meio termo, a justa medida que pode situar um sujeito entre o excesso e a falta de confiança.

Nada disso teria importância se tomássemos decisões financeiras de modo racional. Porém, não é isso que acontece. O canto da sereia surge em algum momento, para todos que têm coragem de ingressar no mercado de capitais. E quando ouvimos o canto da sereia, somos isca ou anzol?

Quando nos atiramos ao mar atrás das belas sereias, quais são as ilusões que estamos buscando? Os investidores que se tornaram ícones no mercado de capitais são aqueles para quem o canto é uma mera melodia ao fundo, mas que em nada os emociona. São aqueles que não são nem isca nem anzol, mas os donos de todos os equipamentos. Porém não podemos esquecer que somos forjados de materiais diferentes, por isso somos singulares, ou seja, nem todos reagem da mesma forma, e para aqueles que o canto é forte, que a sereia seduz e que o mercado encanta, a chance de se perder é muito grande.

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O que fazer para não ser isca? Podemos utilizar o principio do benchmarking e verificar a psicologia dos investidores bem sucedidos. Afinal, como eles são? Estudando e acompanhando os investidores bem sucedidos observamos alguns traços comuns entre eles: são incisivos, possuem um grande controle mental e emocional diante de situações extremadas, confiam na capacidade de obterem sucesso, mas reconhecem suas fraquezas.

O pulo do gato pode estar aqui: no reconhecimento das fraquezas e na busca de estratégias para neutralizar seus pontos fracos e assim, não se tornar iscas. E você, mapeia quais são seus pontos fracos diante dos investimentos?

Márcia Tolotti é psicanalista, MBA em Marketing, sócia da MODDO Conhecimento Estratégico empresa especializada em Educação Financeira in Company, e escreve mensalmente na InfoMoney 
marcia.tolotti@infomoney.com.br