Colunista InfoMoney: investimento financeiro ou amoroso?

Na ponte estreita que separa a razão da emoção, indivíduos buscam investir no amor e nos mercados com segurança

Márcia Tolotti

Podemos comparar amor com finanças? Ao investirmos em um relacionamento amoroso, esperamos obter lucro? Seríamos tão mercenários assim? Todo relacionamento amoroso é um investimento. Um investimento afetivo, libidinoso, de energia e de tempo. Por mais incondicional que seja o amor, criamos algum grau de expectativa.

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Especialistas demonstram que nos relacionamentos amorosos entre casais, a segurança é o maior retorno esperado. Segurança de lealdade, de ter alguém para dividir aflições, derrotas, conquistas e prazeres. Considerando que tais especialistas estejam corretos, a segurança seria o “lucro” de uma relação amorosa. Nesse sentido, fica explícito que grande parcela dos seres humanos busca segurança diante de qualquer investimento.

Entretanto, lembrando que vivemos em um período marcado por relações cada vez mais “descartáveis”, no qual o fluxo é o que parece sustentar o prazer, não poderíamos ter tranqüilidade diante das escolhas? Estaríamos investindo adequadamente para esperarmos a segurança como retorno?

Deixando em suspenso a questão do investimento afetivo, segurança em demasia ou inquietude frenética são alguns dos elementos que compõem o gráfico da volatilidade emocional de muitos investidores. O portfólio de investimentos está baseado no perfil, mas o que exatamente ele aponta? O perfil indica como os afetos interferem nas decisões, além de evidenciar como e quanto tempo o investidor consegue lidar durante momentos distintos, seja no lucro, seja no prejuízo. Logo, o perfil define qual é o ponto de resistência.

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Respeitar a estratégia adotada e não se transformar em um simples número, que avoluma as estatísticas do efeito manada diante de uma oscilação do mercado, tem uma interferência muito mais emocional do que racional. O medo, a ganância, se autorizar a ganhar, suportar perder, a imagem que tem de si próprio e todos os afetos que tanto interferem nos investimentos precisam ser reconhecidos por cada investidor, para que possa ter mais segurança e recursos diante das escolhas.

Para tanto, o autoconhecimento é vital. Por que você compra um papel? Por que não se protege mais? Por que não arrisca mais? Por que não sai de uma posição quando sabe que deve? Responder estas questões buscando apenas explicações racionais e já conhecidas pode não ser um bom sinal. Investir no autoconhecimento também passa por se descobrir, por revelar a si mesmo, a mais intima relação com o seu dinheiro.

E, assim como todo investimento amoroso precisa de tempo para que mature e gere lucros, investir verdadeiramente no autoconhecimento poderá originar lucros no médio e longo prazo diante das escolhas financeiras. Entretanto, um alerta: requer que o investidor suporte o desconhecido e certa dose angústia.

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Por outro lado, será que a urgência na obtenção de lucros faz mesmo parte da cultura do investidor brasileiro? As relações amorosas interferem na forma como as pessoas lidam com o dinheiro? Embora as reflexões sejam as bases que suportam o autoconhecimento, por ora, podemos simplesmente investir naquelas pessoas que amamos e com quem pretendemos dividir os bons rendimentos em 2010. Desejo um bom natal e um ano novo muito próspero.

Márcia Tolotti é psicanalista, psicóloga, MBA em Marketing e escreve mensalmente na InfoMoney, às quartas-feiras.
marcia.tolotti@infomoney.com.br