Colunista InfoMoney: Invenção x inovação

Ainda há muita confusão em se saber o que é uma invenção e o que é uma inovação, embora os conceitos sejam bastante distintos

Adriana C. P. Vieira

Publicidade

Com a promulgação da Lei de Inovação (Lei nº 10.973/2004) e da Lei do Bem (Lei nº 11.196/2005), o Brasil passou a contar com um marco regulatório mais favorável à inovação, com incentivos fiscais e subvenção econômica direta às empresas. Entretanto, ainda nos dias atuais há certa confusão em se saber o que é uma invenção e o que é uma inovação, embora os conceitos sejam bastante distintos.

A maioria das pessoas provavelmente associaria uma invenção a algo tangível e novo. Os novos produtos usam novos conhecimentos para criar algo novo, talvez um artefato, um serviço ou um equipamento. As invenções são úteis se tiverem potencial para permitir que as pessoas façam coisas de maneiras melhores e diferentes, ou que façam coisas que elas gostariam de fazer, mas não podiam fazer antes. Elas são úteis quando podem satisfazer um desejo ou necessidade que, sem elas, permaneceria inalcançável, mas nem sempre as invenções podem ser postas imediatamente em uso benéfico.

A Lei do Bem define inovação tecnológica baseado no Manual Frascati, como sendo “a concepção de novo produto ou processo de fabricação, bem como a agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo que implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando maior competitividade no mercado”.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

O Manual de Oslo, em sua terceira edição, publicada em 2005, editado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), responsável pelas definições mundialmente adotadas sobre inovação, traz uma importante modificação: expandiu o conceito de inovação, incluindo o setor de serviços e retirando a palavra “tecnológica” da definição de inovação, ou seja, é possível se fazer inovação em produtos, em processos, em serviços, em marketing e em sistemas organizacionais.

“Se o País não desenvolver
uma estratégia, os recursos
naturais não irão alavancar
a indústria nacional”

Portanto, a inovação pode criar novos produtos ou serviços para servir a novos mercados, permitindo a uma organização expandir sua base de mercado ou a faixa de beneficiários. Ela também pode levar a melhorias em produtos ou serviços, como uma maior qualidade ou flexibilidade do serviço. Doenças que antes eram tratadas com cirurgias de grandes proporções, por exemplo, agora podem ser tratadas com cirurgias de pequeno porte. Fatores como esses podem influenciar a percepção que os consumidores têm de uma empresa e do que ela oferece no mercado. Os clientes podem estar dispostos a pagar mais por produtos e serviços que considerem, de alguma forma, superiores às alternativas.

A inovação também pode permitir a uma organização aperfeiçoar seus produtos e serviços com mais efetividade e custos menores. Mais uma vez, ao associarmos a inovação às funções empresariais, a busca por efetividade e eficiência se relaciona à função das operações. Isso nem sempre se origina do aperfeiçoamento de produtos e tecnologias, mas também pode envolver a inovação nos métodos de trabalho, como o trabalho em grupo ou equipe, que pode ser (embora nem sempre) ativada por tecnologias.

Continua depois da publicidade

No cenário brasileiro, a cultura da inovação tecnológica ainda está bastante associada ao âmbito público, sendo as universidades e centros de pesquisas, tais como Unicamp, USP, Unesp, UFMG, Embrapa, IAC, entre outros, os grandes responsáveis pela produção nacional de conhecimento.

Ainda há a necessidade de maior difusão da aplicação do conhecimento tecnológico no setor privado, pois a vantagem competitiva natural do Brasil na indústria por si só não gera riquezas. Se o país não desenvolver uma estratégia tecnológica de cunho comercial, os recursos naturais brasileiros não irão alavancar a indústria nacional. É importante que o Brasil feche o ciclo tecnológico, ou seja, crie as pontes entre os laboratórios e o lado comercial. É sumamente importante que se produzam produtos e serviços que possam ser vendidos em escala global.

Adriana Vieira é mestre em Direito, doutora em Economia pela Unicamp, pós-doutoranda no Instituto de Geociências da Unicamp e escreve mensalmente na InfoMoney.   
adriana.vieira@infomoney.com.br