Colunista InfoMoney: Estamos bem na fita

Impulsionada por mercado de trabalho, economia vive bom momento; empresas como Google e Walmart podem lançar BDRs até final do ano

Gil Deschatre

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Dos cenários possíveis projetados pelo UBS para o futuro da economia global, o mais provável é o de uma recuperação econômica efetiva, ainda que em ritmo lento e gradual, segundo relatório recente. A análise assinada por Larry Hatheway aponta 55% de chance de concretização desse cenário, considerando que uma desalavancagem no setor privado (envolvendo famílias e instituições financeiras) deve comprometer a atividade econômica nos países desenvolvidos.

Nas economias emergentes, é apontado um ciclo gradual de aperto monetário. Entretanto, esses fatores não devem impedir a retomada, que deve se embasar no crescimento da renda, na visão do analista. Também com 10% de probabilidade, está o cenário de um crescimento econômico mais acelerado que o previsto pelo acima… Ou seja, as chances são bem pequenas para uma nova recessão.

Para nós por aqui, só notícia boa. Os ativos geridos por investidores institucionais da América Latina irão quase dobrar para US$ 3 trilhões até 2014, impulsionando os mercados de capital na região, previu o Bank of America Merrill Lynch. Os fundos mútuos continuarão liderando esse crescimento, aproximando-se de US$ 2 trilhões em ativos até 2014, seguidos por fundos de pensão e companhias de seguro, acrescentou o Merrill Lynch na versão atualizada de um estudo de três anos atrás. A década passada consolidou a região como um importante player financeiro nos mercados globais, apontou o banco: “esperamos que a estabilidade financeira continue, dando suporte ao crescimento do investimento institucional e dos mercados de capital domésticos”.

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Ainda nesse sentido, com a indicação de longo prazo, os analistas do JP Morgan sustentaram que o terceiro trimestre trará uma oportunidade excepcional de compra, e voltaram a recomendar exposição overweight (acima da média do portfólio) para mercados emergentes. Os analistas observam que as commodities estão liderando a correção nos mercados emergentes. Se por um lado este movimento de queda é visto como inconsistente – dadas as perspectivas para o crescimento global -, por outro lado, traz uma excepcional oportunidade de compra.

“Volatilidade nos mercados
deverá permanecer elevada
nos próximos meses”

Entretanto, a volatilidade nos mercados deverá permanecer elevada nos próximos meses, reflexo das incertezas elevadas sobre o panorama econômico entre investidores. Para a equipe, quando o preço do barril de petróleo cair abaixo de US$ 65 – o que deve ocorrer neste trimestre, na visão dos analistas – os investidores devem começar a comprar nos mercados emergentes. “A correção dirigida pelas commodities é um evento macro que os investidores pequenos devem explorar”, afirmam os analistas.

Para coroar tais informações, relatório recente distribuído pelo Bradesco aos seus clientes traça um cenário bastante positivo para a economia, não só neste, mas também nos próximos anos. E um dos setores que mais devem se beneficiar da robustez econômica será o ramo supermercadista. “Com um cenário positivo para o mercado de trabalho nos próximos anos, expansão real da renda e manutenção de um baixo índice de desemprego, o setor supermercadista deverá registrar novos recordes de vendas”, preveem os economistas do banco, para os quais o setor ainda é favorecido pela expansão da oferta de crédito e pelos benefícios sociais oferecidos pelo governo federal.

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Cabe destacar, continuam os analistas do Bradesco, que, na última década, o setor se deparou com alterações de cenário significativas, devido às mudanças sociais e econômicas ocorridas no período, que favoreceram o desempenho dos supermercados. A exemplo do que ocorreu na última década, quando o combustível necessário para manter as vendas de supermercados aquecidas foi o desempenho favorável do emprego e da renda da população aliada à estabilidade de preços e à expansão do crédito, 2010 começou promissor para o setor, que vem apresentando expansão de 7,5% no acumulado do ano, segundo levantamento da Associação Brasileira de Supermercados.

Ainda segundo o relatório, a população brasileira vem ampliando seu poder de compra nos últimos anos, decorrente da forte expansão da massa de rendimentos e da expansão da oferta de crédito. É nesse contexto que o mercado de trabalho tem sido um dos drivers para o desempenho favorável da economia brasileira nos últimos anos, acrescentam os economistas. Segundo o banco, programas sociais têm mudado a estrutura social do País. É possível identificar uma migração das classes mais baixas para as classes com maior poder aquisitivo. Esse movimento tem permitido a ascensão notadamente da classe C, que responde por 40% do consumo nacional, segundo dados da LatinPanel entre janeiro e setembro de 2009.

O apetite voraz na nossa direção então continua firme! A Bovespa pode ter até o final do ano mais dez ações de gigantes estrangeiras. O Deutsche Bank apresentou sua relação de papéis que quer trazer ao Brasil. São elas: Avon, Goldman Sachs, Google, Apple, Bank of America, Arcelor Mittal, Walmart, Exxon Mobil, Pfizer e McDonald’s. O Citibank também vai apresentar a lista das dez ações de empresas que operam no exterior e que pode lançar ainda neste semestre por aqui. A oferta não será aberta a pessoa física, por determinação da CVM. Portanto, os investimentos terão que ser feitos por meio de fundos. O ingresso das estrangeiras vai ocorrer através das chamadas BDRs (Brazilian Depositary Receipts) não patrocinadas.

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Os analistas que estavam céticos em maio e junho, pouco a pouco, começam a mudar de opinião… Já se fala em bom crescimento da Bovespa doravante, cumprindo as metas de atingir os 75000/80000 pontos no final do ano.

Gil Ari Deschatre é professor da FGV e do Ibmec e escreve mensalmente na InfoMoney.
gil.deschatre@infomoney.com.br