Colunista InfoMoney: Compra de títulos pelo Fomc deve ampliar valorização do real

Impacto mais provável do Quantitative Easing 2 será, muito provavelmente, o avanço da valorização do real ainda ao longo de novembro

Alex Agostini

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O Comitê de Política Monetária dos Estados Unidos (FOMC, na sigla em inglês) anunciou o novo programa de compra de títulos do tesouro norte-americano no total de US$ 600 bilhões, ou pelo menos US$ 75 bilhões ao mês entre novembro e junho de 2011. O programa foi intitulado de “Quantitative Easing 2 – QE2”, ou simplesmente segunda rodada de flexibilização quantitativa.

O pacote tem como objetivo impulsionar a atividade econômica nos Estados Unidos, que deve encerrar 2010 com taxa de crescimento do PIB da ordem de 2,6% e expansão de 2,4% em 2011 – valor muito abaixo de seu potencial de crescimento que é de 3,5%.

Caso o pacote tenha sucesso no estímulo à economia, o comitê também espera corrigir o temido problema de deflação, que é uma questão mais problemática se considerarmos que as alternativas disponíveis ao colegiado para mudar esse cenário estão praticamente esgotadas.

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“A decisão do FOMC deverá ter pouco
impacto sobre a atividade econômica,
pois o problema atual não é de liquidez
no mercado, mas sim a necessidade
de crescimento da economia global”

Ou seja, a taxa de juros deverá permanecer ao redor de 0% por um longo período de tempo, nas palavras do FOMC, portanto, tornando ainda mais dependente a reversão do quadro econômico dos EUA ao desempenho econômico global, com destaque para as economias europeias em virtude de sua interdependência.

A decisão do FOMC deverá ter pouco impacto sobre a atividade econômica, pois o problema atual não é de liquidez no mercado, mas sim a necessidade de crescimento da economia global para que as empresas americanas voltem a vender em maiores volumes que, por sua vez, terão reflexos sobre a produtividade, emprego e renda.

O impacto mais provável do QE2 será, muito provavelmente, o avanço da valorização do real (ou desvalorização do dólar) ainda ao longo do mês de novembro. Isso porque o governo irá aumentar a liquidez no sistema financeiro, porém, esse aumento de liquidez não deverá ser revertido em aumento de financiamento de investimentos ou consumo privado, mas sim em ampliação da carteira de ativos de países emergentes, sejam títulos públicos ou títulos privados (ex: ações, debêntures, FIDCs, CRIs, etc), que estão com boas taxas de retorno comparadas às oferecidas nas economias centrais, já considerando a nova alíquota do IOF para capitais estrangeiros.

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Em outubro, o saldo do investidor estrangeiro na bolsa foi de R$ 1,595 bilhão, resultado de compras no valor de R$ 51,816 bilhões e vendas no total de R$ 50,221 bilhões. Vale lembrar que em setembro o saldo havia sido de R$ 3,136 bilhões. No acumulado do ano, o saldo é positivo em R$ 4,696 bilhões.

Considerando uma taxa de câmbio média de R$/US$ 1,70 em setembro, temos um volume de compra de ações da ordem de US$ 30,5 bilhões no mês. Se apenas 5% do volume mensal do QE2 for destinado aos ativos financeiros no mercado de capitais brasileiro, então serão pelo menos mais US$ 3,75 bilhões.

E o problema não é do yuan. A moeda chinesa está desvalorizada há muito tempo, porém, o efeito foi potencializado pela fragilidade da economia norte-americana.

Alex Agostini é economista-chefe da Austin Rating e escreve mensalmente na InfoMoney.

alex.agostini@infomoney.com.br