Colunista InfoMoney: A indústria pede caminho

Mercado interno está sendo principal vetor de expansão da indústria, que deve se consolidar ainda mais nos próximos meses

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Num claro movimento de expansão da atividade industrial circundado pela teoria keynesiana do princípio da demanda efetiva, os empresários brasileiros ao longo dos seis primeiros meses de 2010 retomaram os investimentos industriais.

De acordo com os números de levantamento feito pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) da capacidade instalada da indústria para o mês de abril/10, o chamado UCI atingiu 82,4%, o que demonstra franco crescimento da atividade industrial. Para os que não conhecem o indicador, vale ressaltar que quanto mais próximo de 100%, mais plena é a capacidade de produção usada pela indústria.

Não seria um erro
afirmar que 2010
e 2011 serão os anos
da indústria”

Os setores que mais contribuíram para a expansão da capacidade da indústria foram: papel e celulose (87,8%), refino e álcool (88,2%), veículos automotores (90,1%) e couros e calçados (91,4%). Por outro lado, os segmentos com redução da utilização da capacidade foram: madeira (68,9%) e materiais eletrônicos e comunicação (72,0%).

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Excluindo os efeitos sazonais e as medidas fiscais, tais como a redução do IPI, a indústria no geral está crescendo numa velocidade acima do suportável para equacionar a ampliação da demanda. Mesmo com os investimentos anunciados em vários setores, a tendência mostra certo descompasso entre os vetores econômicos de oferta e demanda.

Observando este possível desajuste, a autoridade monetária, representada pelo Banco Central, vem acompanhando de perto este movimento; para reajustar, desencadeou o aumento da taxa de juros e, além disso, deverá incentivar medidas para limitar o avanço do crédito ao consumo. Para o Banco Central, qualquer distúrbio que afeta o comportamento dos preços deve ser incorporado imediatamente nas suas decisões de política monetária.

Alinhando com a expectativa do mercado, a produção industrial deverá crescer em torno de 12% em 2010 em comparação ao ano anterior. Novamente, utilizando-se dos números divulgados pela CNI em sua pesquisa de sondagem industrial lançada no dia 28 de junho, com dados indicativos de maio/2010, pode-se confirmar o forte crescimento da atividade na indústria e o bom comportamento dos estoques, que permaneceram alinhados com a evolução da demanda versus produção.

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No que concerne às expectativas para os próximos seis meses, ficou elucidada na pesquisa da CNI uma forte demanda por bens industriais, de 63,5%, acima dos 59,4% da média histórica. Para as exportações, a indústria está prevendo uma expansão mais comedida, conseqüência do crescimento lento da economia mundial. Em relação à compra de matérias-primas, também um indicador medido pela pesquisa, este ficou 6,1 pontos percentuais acima da média histórica de 55,6%.

Portanto, o que se percebe é um ajuste do consumo e da produção correlacionado ao crescimento do mercado interno, ou seja, a dinâmica do mercado interno está sendo o principal vetor econômico de expansão da indústria. Com isso a tendência da indústria é consolidar a sua expansão nos próximos seis meses, além de atrair e elevar os investimentos. Para o segundo semestre de 2010 e o ano de 2011, os empresários já incorporaram em suas curvas de expectativas eventos como as eleições, porém, as preocupações em menor escala vêm da economia internacional. Mesmo assim, o cenário é muito promissor para a indústria. Não seria um erro afirmar que 2010 e 2011 serão os anos da indústria.

Ricardo Jacomassi é economista, professor e estrategista de investimentos e escreve mensalmente na InfoMoney.

E-mail:  ricardo.jacomassi@infomoney.com.br