Colunista InfoMoney: A crise e as lideranças

Mais do que uma crise econômica, passamos a viver uma crise de valores; uma crise de lideranças, principalmente entre as instituições financeiras

Marcelo Smarrito

Semana passada, um amigo meu perdeu o emprego, um bom emprego de controller em uma importante corretora de ações. Soube disso apenas na terça-feira à noite, e foi um choque, pois da última vez que estivera com ele, quase não pude falar nada, tão entusiasmado que estava com os projetos que estava tocando, com as fantásticas possibilidades de crescimento que vislumbrava para a sua empresa.

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Liguei e conversamos longamente. O diagnóstico, ao final da conversa, pode soar até simplório, mas é a pura verdade: foi a crise. É a crise. Mais do que uma crise econômica, passamos a viver uma crise de valores. E uma crise de lideranças. Principalmente entre as instituições financeiras.

É triste ter que dizer, mas nos últimos anos nos acostumamos ao dinheiro fácil. Muitas corretoras, para ficar no exemplo mais próximo, dobraram, triplicaram, decuplicaram de tamanho. Sem grande esforço, apenas deixando-se levar pela corrente do mercado.

“Do meu ponto de vista, portanto, bendita crise”

E aí veio a crise, a econômica. Desnudando as fragilidades estruturais dessas empresas. Em alguns casos, pouco mais do que pirâmides, o dinheiro entrando e cobrindo os buracos que ficavam para trás.

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Na segunda fase, a crise desnudou, acima de tudo, os profissionais que estavam à frente dessas empresas. Em vez de enfrentar decididamente aquelas fragilidades do parágrafo anterior, preferiram enfiar a cabeça na areia e sair em busca de bodes expiatórios para os problemas das empresas. Em geral, exatamente os profissionais que estavam trabalhando para reestruturá-las. Como o meu amigo.

Mas ele pode ficar tranquilo. Lugar para profissionais da qualidade dele não falta. Em compensação, para a empresa que abriu mão de sua colaboração, que hesita em se reestruturar…

Do meu ponto de vista, portanto, bendita crise. Porque nossas empresas e nossos profissionais precisam estar preparados para um novo cenário econômico, muito mais dinâmico, com um grau de competitividade exacerbado.

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Daqui pra frente, ou vai ou racha. Sobreviverão apenas aquelas empresas que tenham à frente não diretores burocráticos, ou simples operadores com suas visões tacanhas, mas autênticos líderes, gente com habilidade para influenciar pessoas a trabalharem entusiasticamente para superar os desafios e atingir plenamente os objetivos.

Bons investimentos e um BOM BRASIL para todos!

Marcelo Smarrito é diretor de Varejo da corretora Gradual, autor do livro “Desmistificando A Bolsa de Valores” e escreve mensalmente na InfoMoney, às sextas-feiras.
marcelo.smarrito@infomoney.com.br