Colunista InfoMoney: 2011 bonito!!!

A vez do emergente Brasil continua sendo super bem cotada e o ano, extremamente alvissareiro

Gil Deschatre

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Em 2011, a necessidade de investimentos em infraestrutura e a evolução do consumo figuram como os dois principais drivers de expansão da economia doméstica . Ao menos esta é a opinião do BB Investimentos, que ainda ressalta a tendência de estabilização da economia europeia, a manutenção da forte demanda chinesa e a recuperação econômica dos Estados Unidos como os principais fatores externos. Mesmo com a alta prevista na taxa básica de juro brasileira, a expectativa é que o investimento privado avance, apoiado na continuidade do fluxo de investimento estrangeiro e na melhora dos países desenvolvidos. “Assim, o saldo comercial brasileiro crescerá, bem como a corrente de comércio, favorecido também por certa elevação dos preços das commodities internacionais”, diz a corretora. Enquanto o País inicia um novo ciclo favorável, cuja expansão média anual deve ser de, ao menos, 5% a partir de 2011, o varejo e a indústria devem continuar crescendo, assim como o nível de concessão de crédito e a renda total, além do avanço das commodities agrícolas. Desta forma, o BB Investimentos aposta que o País ascenderá mais um grau na escala de investimentos em 2011, com o Ibovespa alcançando a marca dos 86 mil pontos ao final de dezembro. Em relação aos destaques setoriais, as ações da Petrobras guardam um bom potencial de recuperação, pelo aumento da produção interna de óleo e gás e o crescimento do mercado interno de derivados e gás natural. Por sua vez, a construção civil deve se manter atrativa, apoiada nos programas governamentais de moradia, enquanto as Olimpíadas e a Copa do Mundo podem favorecer o setor de transportes, logística, bens de capital e veículos pesados.

Lendo tal trecho, não resta a menor dúvida: estamos no viés do crescimento sustentado.

Para corroborar tais palavras basta lermos o que se segue: o governo brasileiro espera para o segundo trimestre do ano uma elevação da nota de seus títulos soberanos concedida pelas agências de classificação de risco. Hoje, os papéis já estão no grupo de grau de investimento, mas podem subir ainda mais nessa escala. A avaliação é de que, entre abril e junho, ficará mais claro o compromisso do novo governo com um ajuste fiscal maior em 2011, depois do afrouxamento dos gastos públicos no ano passado.

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“Não resta a menor dúvida: estamos
no viés do crescimento sustentado”

O valor dos papéis brasileiros no mercado internacional já precifica uma nota mais alta e a expectativa é de que o Brasil conseguirá se diferenciar ainda mais de outras economias nos próximos meses. Depois da eclosão da crise e de seus desdobramentos na economia mundial, o Brasil foi um dos poucos países que conseguiu seguir com uma trajetória declinante da taxa de endividamento. Isso coloca o País em uma posição mais favorável do que a dos países com rating bem mais elevado.

Apesar de ter recebido o grau de investimento das três maiores agências (Standard & Poor´s, Moody´s e Fitch), o Brasil permanece com a nota mais baixa desse patamar de classificação. Mas a crise dos países da zona do euro acabou diferenciando mais o Brasil em relação à situação financeira das outras economias. Enquanto países como Grécia, Itália, Irlanda, Portugal e Espanha (todos com notas muito mais elevadas do que a brasileira) registram aumento da dívida bruta do governo, no Brasil, a trajetória de alta do endividamento público brasileiro verificada em 2009 se reverteu no ano passado e voltou em 2010 aos patamares de 2008, com perspectiva de queda maior neste ano. Mesmo quando comparado com outros países considerados “pares”, o Brasil também está bem posicionado. Países como México, Chile, Rússia, África do Sul, Peru, Colômbia e Polônia, alguns com notas mais elevadas, registraram resultados primários nas suas contas piores e com trajetória projetada para 2011 menos favorável do que o Brasil.

É bom saber desde já que o País registra uma taxa de expansão de investimentos vindos do exterior superior à de Pequim e, pela primeira vez, está entre o dez maiores destinos de investimentos no mundo, superando tradicionais economias como Japão e Itália e quase se igualando à Alemanha. Os dados, divulgados pela Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), confirmam uma transformação profunda na economia mundial. Pela primeira vez na história, os países emergentes receberam mais investimentos que os países ricos, que ainda vivem as incertezas da recuperação, alta taxa de desemprego e turbulências no mercado financeiro. Em expansão, a economia brasileira seguiu o mesmo caminho de outros emergentes. Estrangeiros aumentaram as compras de empresas brasileiras entre 2009 e 2010, deixando no País um volume superior de recursos ao que gastaram na China e duas vezes superior às aquisições mundiais na França. Não resta dúvida portanto, que o caminho para as novas gerações nacionais esteja ultra bem traçado no presente momento.

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Em termos de sustentabilidade do processo, as afirmações recentemente publicadas nos deixam mais ainda a cavaleiro, a saber: “A direção do mercado em janeiro tem historicamente sido uma previsão decente da direção no ano – o percentual de vezes em que a performance de janeiro previu o desempenho anual é de 73%”. Com essa premissa em mente, o Bank of America Merrill Lynch se propõe a avaliar as tendências para o mercado acionário global – que, a julgar pelos primeiros dias de janeiro, teve um bom início de ano, na avaliação do banco. Em meio a sinais de análise técnica positivos nos EUA e nos demais mercados, os investidores, afirma o banco, estão bastante otimistas – segundo a medição do BofA ML e da Investor’s Intelligence, o otimismo está em seu maior nível desde outubro de 2007, enquanto os que esperam um bear market estão no menor patamar desde abril de 2010. O banco aponta ainda três temas-chave para o ano: a continuação do bull market secular das commodities, growth em detrimento de value e uma contínua busca por retornos em um cenário de yields reduzidos.

A continuação do bull market para as commodities é o primeiro desses três grandes temas do banco para o ano, que estima que o ciclo de alta das matérias-primas persista por mais sete ou dez anos. Assim, a expectativa é que o petróleo engate um rali das cotações atuais até cerca de US$ 103 ou US$ 104 por barril, com uma possível nova alta para a faixa entre US$ 110 e US$ 115 ainda no primeiro trimestre de 2011. As projeções mais otimistas do banco apontam para cotações entre US$ 118 e US$ 120 por barril. Entre os metais, o ouro é uma das preferências do banco – as estimativas para o longo prazo foram elevadas para o intervalo entre US$ 2 mil e US$ 3 mil. A prata também é vista com otimismo, com as corações podendo testar a máxima de 1980 (US$ 41,50). Outro destaque fica com o cobre, que tem um upside “enorme”. Os emergentes seguem liderando o desempenho, segundo o banco, que aponta um padrão técnico mais forte para esses países. A preferência é por América Latina em detrimento da Ásia.

A conclusão óbvia: a vez do emergente Brasil continua sendo super bem cotada e o ano, extremamente alvissareiro.

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Gil Ari Deschatre é professor da FGV e do Ibmec e escreve mensalmente na InfoMoney.
gil.deschatre@infomoney.com.br