Colunista: Conjuntura é favorável para a indústria de bens não duráveis

Cenário é benigno para 2010, com boas expectativas para safras; preços permanecem distantes das máximas de 2008

Chau Kuo Hue

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O momento é favorável para o setor de alimentos no Brasil. Em 2008, a indústria passou por um período delicado devido à alta dos preços das matérias-primas. Muitos se recordam de que os preços internacionais de milho, soja, trigo, arroz, óleo de soja, óleo de palma, minério de ferro, petróleo, gás, cobre, e muitas outras commodities atingiram valor recorde histórico naquele ano. Com efeito, a pressão dos custos, inclusive de mão-de-obra, levou a indústria a ter que repassar a alta para o consumidor.

Porém, o consumidor, apesar do aumento da renda real, não possuía tanto espaço para manter seu poder aquisitivo. Com a expansão do crédito e o alongamento dos prazos para bens duráveis, uma considerável parte da população foi às compras, e acabou se endividando. Logo, a inflação de alimentos, que chegou a mais de 9% (acumulado em 12 meses) em 2008, deteriorava o poder de compra do consumidor.

“Brasil vê aumento
da renda real e do
consumo, inclusive
de alimentos”

E, apesar de mais crédito disponível, a taxa básica de juro (Selic) naquele período atingiu 13,25% ao ano, o que significa que os encargos financeiros dos consumidores com prestações eram altos, se comparados a outros países.

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Em 2010, a situação é um pouco diferente. Ainda há crédito no mercado, seja para aquisição imobiliária, seja para veículos ou para outros duráveis, e o juro básico está em 9,5% ao ano. Mesmo que o Banco Central opte por elevar a taxa durante os próximos meses, ainda estaria bem abaixo dos 13,25% ao ano observado em 2008. Obviamente, existe uma distância entre os juros básicos e os cobrados pelos bancos comerciais, mas a tendência é a mesma.

Além disso, os preços das matérias-primas para a indústria não dão sinais de que vá assustar. O preço internacional do petróleo chegou a ficar abaixo de US$ 50,00 por barril no início de 2009, mas se recuperou e atualmente oscila acima da faixa de US$ 75,00 por barril. Mas ainda está longe dos US$ 130 – 140 observados em 2008. As perspectivas para as safras agrícolas também são boas, sinalizando que os preços de grãos tendem a ficar estáveis no médio prazo.

Por fim, o Brasil está passando por uma boa fase no que tange ao mercado de trabalho. Empregos são gerados e a renda real aumenta. Isto resulta em mais confiança do consumidor, e mais confiança resulta em mais consumo, inclusive de alimentos.

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Portanto, o cenário para a indústria de alimentos é benigno em 2010, mas com certa incerteza em 2011, já que os juros devem voltar a se elevar no médio prazo, assim como alguns custos, como a mão-de-obra.

Chau Kuo Hue é economista e escreve mensalmente na InfoMoney.
chau.hue@infomoney.com.br