Colunista: Comércio exterior brasileiro é recorde em 2010 e deverá superar marca em 2011

Apesar da perda de competitividade pelo enfraquecimento do dólar, o comércio exterior brasileiro é muito mais beneficiado pelo crescimento econômico no mundo

Alex Agostini

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Como antecipado em meu artigo anterior, que o comércio exterior registraria recorde em 2010, os resultados acumulados até a quarta semana de dezembro divulgados em 27 de dezembro pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) já superaram o recorde histórico anotado em 2008, mesmo com saldo líquido menor. No acumulado de 2010, com 246 dias úteis contabilizados, o saldo comercial está positivo em US$ 18,860 bilhões, resultado das exportações de US$ 197,999 bilhões e importações no total de US$ 179,139 bilhões. A corrente de comércio, que é a soma das exportações e importações, atingiu a marca de US$ 377,1 bilhões e também já superou o recorde de 2008 com US$ 371,1 bilhões.

Em virtude dos resultados divulgados da balança comercial referentes à quarta semana do mês de dezembro (20 a 26), com cinco dias úteis, que foi superavitária em US$ 2,174 bilhões, fruto de exportações de US$ 5,421 bilhões e importações de US$ 3,247 bilhões, revisei a estimativa do saldo comercial de dezembro para US$ 20,0 bilhões ante US$ 17,3 bilhões projetados no início do mês.

“É muito melhor ter para quem
vender do que ter preço competitivo
(desvalorização do real) e elevar
os estoques indesejados”

Para 2011, apesar de as projeções do mercado indicarem saldo comercial de apenas US$ 8,0 bilhões, conforme relatório Focus-Bacen referente ao dia 24 de dezembro, minha estimativa para o saldo comercial está em US$ 13,8 bilhões, com novos recordes de exportações e importações. Meu cenário se apoia em três fatores:

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1. A recuperação da economia mundial de forma mais ampla, com destaque para os países emergentes China e Índia, que deverão demandar mais produtos básicos (como alimentos) e matérias-primas (como minério de ferro), que são importantes itens da pauta de exportação brasileira;

2. Aumento dos preços das commodities, principalmente para as agrícolas e minerais. Nesse sentido, vale destacar que o petróleo encerrou o dia 24 de dezembro cotado em US$ 94,7 o tipo Brent, maior alta desde 2008, e o café arábica já subiu mais de 11% apenas nos primeiros 20 dias de dezembro;

3. Fortalecimento dos acordos bilaterais para comércio exterior com países emergentes, além do próprio desenvolvimento do mercado doméstico por meio das importações de insumos básicos para produção de bens de consumo duráveis e não duráveis (exemplos: eletroeletrônicos e medicamentos).

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Reitero, uma vez mais, que apesar da perda de competitividade via preço pelo enfraquecimento do dólar norte-americano, o comércio exterior brasileiro é muito mais beneficiado pelo crescimento econômico no mundo, com destaque para os principais parceiros comerciais, do que desvalorização da moeda nacional, inclusive porque esse último fato tem impacto direto sobre o processo de modernização e inovação tecnológica, como sobre os preços dos produtos tradeables, portanto, relativa pressão sobre a inflação. Ou seja, reforça-se a tese que é muito melhor ter para quem vender do que ter preço competitivo (desvalorização do Real) e elevar os estoques indesejados que, em última instância significam prejuízos!

Neste sentido, vou repetir o Quadro 1 já apresentado em outro artigo, que apresenta as estimativas do FMI para os principais países e blocos econômicos e as projeções para a taxa de câmbio.

Alex Agostini é economista-chefe da Austin Rating e escreve mensalmente na InfoMoney.

alex.agostini@infomoney.com.br