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As notícias sobre uma possível fusão entre as gigantes de educação Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3) voltaram ao noticiário.
No último domingo, o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, informou que, na semana passada, Juan Pablo Zucchini e Rodrigo Galindo, respectivamente presidentes do conselho de administração da Yduqs e Cogna se reuniram para falar sobre o tema. Walfrido Mares Guia, sócio e conselheiro da Cogna participou da conversa.
Com isso, nesta segunda-feira (5), os papéis COGN3 avançaram 8,81%, a R$ 2,84, enquanto YDUQ3 fechou com ganhos mais tímidos, com alta de 2,13%, a R$ 15,31, mas destoando da queda de 1,22% do Ibovespa.
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Na visão do Bradesco BBI, as chances de combinação dos negócios são maiores agora em comparação com setembro, devido aos valuations mais alinhados (rendimento de FCFE, ou fluxo de caixa livre sobre o patrimônio, de 9% e 10% para 2025), melhor visibilidade sobre as novas regulamentações previstas para 9 de maio e uma perspectiva mais clara de lucros para 2025, com a principal captação do ano concluída.

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“Se anunciado, vemos isso como positivo, considerando as potenciais melhorias na concorrência por ensino a distância e as sinergias de custos e despesas”, avaliam os analistas do BBI.
Uma melhora de 1 ponto percentual na margem Ebitda (Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), excetuando Saber e Vasta em relação aos atuais 34% resultaria em um Valor Presente Líquido, ou VPL/ação de R$ 0,23 para a COGN3 e R$ 1,90 para a YDUQ3, representando ganhos de 9% e 13%, respectivamente, em relação ao último preço, apontam.
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O banco mantém sua visão positiva sobre o setor e mantém a Cogna como sua principal escolha. Para a temporada de resultados, mantém visão positiva para o setor, bons resultados no 1T25 em geral para as empresas de educação que os analistas do banco cobrem, com a COGN3 como principal destaque positivo, com crescimento de 130% nos lucros em relação ao ano anterior e R$ 155 milhões em FCFE, seguida pela YDUQ3, com forte FCFE de R$ 218 milhões.
O BTG Pactual avalia que, ao longo do último ano, surgiram rumores similares envolvendo uma possível fusão entre Cogna e Yduqs, além de outros nomes menores do setor como Vitru (VTRU3), Cruzeiro do Sul (CSED3) e Ser Educacional (SEER3).
“É importante destacar que movimentos de M&A [fusões e aquisições] podem beneficiar o setor, promovendo maior disciplina de preços (especialmente no segmento de ensino a distância), ao ‘neutralizar um concorrente’”, avalia o BTG. Em outras palavras, uma Cogna/Yduqs combinada poderia atuar mais como formadora de preços do que como tomadora. Ainda que iniciativas anteriores de consolidação não tenham gerado grandes sinergias, o banco entende que uma eventual fusão poderia naturalmente trazer economias em despesas gerais e administrativas (G&A) e capex.
Assim como o BBI, o BTG também reforça que, do ponto de vista de valuation, uma transação aos preços atuais faria mais sentido para a Yduqs do que no passado. Historicamente, Cogna era negociada com prêmio em relação à Yduqs, o que dificultava justificar a transação. Esse cenário mudou: hoje, ambas negociam a cerca de 4,5 vezes o Ebitda estimado para 2025 e 4,0 vezes para 2026.
Contudo, apesar do racional positivo, há alguns desafios relevantes. Os principais são: (i) o CADE já barrou essa transação em 2017 (embora a participação de mercado tenha diminuído desde então, ainda há risco de objeções antitruste); (ii) diferentemente de oito anos atrás, Cogna hoje tem um mix mais diversificado de negócios, com cerca de 35% do Ebitda vindo do ensino básico (via Saber e Vasta), o que traria sinergias limitadas à Yduqs; (iii) há incertezas relevantes no setor e nas companhias, como a revisão regulatória no ensino a distância e os impactos do programa Mais Médicos III, que pode conceder novas vagas de medicina a grupos privados, afetando o valor justo das empresas.
Por fim, apesar das melhorias recentes, a equipe de análise do banco ainda não tem uma visão construtiva para o setor de educação no Brasil, dadas as dificuldades estruturais (como excesso de oferta, tíquete médio abaixo da inflação e indefinições regulatórias no EAD).
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“Ainda assim, esse tipo de noticiário tende a sustentar o momentum das ações. No acumulado do ano, COGN sobe 146% e YDUQ avança 82%. Temos recomendação de compra para YDUQS e neutra para Cogna. Como uma eventual transação provavelmente não incluiria prêmio relevante de valuation para nenhuma das empresas, não temos uma preferência relativa forte para capturar essa tese de M&A”, aponta.