Cogna dá mais um passo em sua estratégia ao negociar compra de ativos da Eleva, mas ainda há obstáculos no caminho

Relação pode ser de ganha-ganha, mas analistas seguem cautelosos e também destacam dificuldades nas negociações

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em uma sessão de fortes destaques positivos para o Ibovespa, a ação da Cogna (COGN3) – que foi uma das maiores quedas de 2020 no Ibovespa, com variação negativa de 59,49% -, registrou ganhos de até 8,85% na Bolsa brasileira nesta quinta-feira (7).

Além da busca dos investidores por “pechinchas” na Bolsa, uma notícia da empresa de ensino que chama a atenção é a confirmação de que ela está em tratativas para potencial transação envolvendo compra e venda de alguns ativos com a Eleva Educação.

A informação veio em resposta a uma reportagem do Valor Econômico que revelou as negociações entre as empresas de educação. Essas negociações podem envolver a venda de algumas escolas da Saber, controlada pela Cogna, para a Eleva,  que tem entre os acionistas o empresário Jorge Paulo Lemann. Por outro lado, a Eleva venderia sistemas de ensino para a Somos, que pertence à Cogna e à Vasta (está última subsidiária da Cogna listada na Nasdaq).

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Para a Cogna, a transação se encaixa em sua estratégia de fortalecer o negócio de material didático e atenderia a demanda dos investidores do mercado que aguardam por aquisições relevantes por parte da Vasta, braço de educação básica da Cogna que fez IPO no ano passado, conforme aponta a reportagem do Valor. Já a Eleva, informa a publicação, pretende realizar uma abertura de capital em meados desse ano e desejaria apresentar uma empresa de maior porte aos investidores.

O Bradesco BBI destaca que a Eleva é um dos maiores players do sistema de ensino escolar no Brasil e a aquisição dos ativos de material didático pela Cogna seria um movimento importante para o processo de consolidação do segmento.

“Acreditamos que o mercado de sistemas de aprendizagem  seja um lugar em que a escala é fundamental para o sucesso futuro, pois permite a diluição dos custos de desenvolvimento e facilita a coleta de informações. Por isso, acreditamos que uma possível aquisição poderia ser benéfica para a Vasta, que expandiria ainda mais seus negócios”, avaliam os analistas do BBI.

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Contudo, por enquanto, a equipe de análise mantém a recomendação neutra para os papéis, apesar de ter um preço-alvo em 2021 de R$ 6,50 para o papel, o que configura um potencial de valorização de 44% em relação ao fechamento da véspera.

Vale ressaltar que, após chegar a subir quase 9% no intraday, o papel amenizou fortemente a alta para cerca de 2% na reta final do pregão, acumulando leves perdas na semana.

Fontes também ouvidas pelo jornal afirmaram que as negociações, que tiveram início há cerca de três meses, enfrentam dificuldades. Trata-se de uma transação complexa porque ambas as empresas querem manter seus contratos comerciais e não há ainda consenso sobre esses valores. Desse modo, ambas desejam vender os ativos mas manter os sistemas de ensino de cada um.

“A venda de ativos por parte de ambas as companhias traria melhorias a seus portfólios. Isto porque a Cogna fortaleceria seu negócio de material didático, seguindo sua estratégia, e a Eleva aumentaria sua estrutura, caminhando para seu processo de IPO. No entanto, ainda existe uma série de dificuldades a serem resolvidas na negociação”, destacou em nota Luis Sales, analista da Guide Investimentos.

A maior parte dos analistas segue cautelosa com a ação, conforme compilação feita pela Refinitiv com 13 casas que cobrem o papel: 9 possuem recomendação neutra, 3 de venda e só 1 recomenda compra, ressaltando principalmente a preocupação com as operações da Kroton, de ensino superior.

A companhia anunciou reestruturação do ensino universitário em agosto de 2020 e informou que os cursos presenciais iriam passar por uma mudança para versões via ensino à distância, reduzindo os custos da companhia, além do maior foco em cursos premium. Após o Investor Day da empresa, em meados de dezembro, analistas no geral destacaram que a Cogna está no caminho certo, mas que ela não tinha esclarecido como iria endereçar os seus problemas de alta alavancagem.

Além do que, a expectativa é de que resultados da Cogna sofram pressão no curto prazo, já que a empresa tem que realizar o ajuste de sua base de alunos no campus enquanto a provisão para devedores duvidosos deve permanecer em um nível alto para 2021, apontou o BBI (veja mais aqui e aqui).

Assim, a companhia pode dar um novo passo certo com a aquisição de alguns ativos da Eleva, mas ainda há incertezas no radar – e desafios a serem superados em outras frentes do negócio.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.