Cogna (COGN3) tem queda de 70% do prejuízo ajustado no 3º tri; CEO destaca geração de caixa

A geração de caixa operacional (GCO) após capex dos três primeiros trimestres de 2023 já superou total de 2022

Lara Rizério

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A Cogna (COGN3), grupo de educação dono da Vasta, Saber, Kroton, anunciou um prejuízo líquido ajustado de R$ 44,056 milhões no terceiro trimestre de 2023 (3T23), queda de 70,1% frente o prejuízo ajustado de R$ 147,472 milhões registrados em igual período do ano passado, informou a companhia nesta quarta-feira (8).

Em termos não ajustados, a Cogna teve queda anual de 51,5% no prejuízo líquido, saindo de R$ 211,313 milhões no 3T22 para resultado negativo de R$ 102,585 milhões no 3T23. A projeção média dos analistas de mercado, segundo consenso LSEG, era de prejuízo de R$ 110,51 milhões.

A receita líquida, por sua vez, registrou alta anual de 19,3%, para R$ 1,27 bilhão, praticamente em linha com a projeção LSEG de R$ 1,234 bilhão.

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No período, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) recorrente cresceu 31,9% e atingiu R$ 305,76 milhões. No acumulado do ano, o número é de R$ 1,1842 bilhão, crescimento de 19,8% versus o acumulado de 2022.

Com isso, a margem Ebitda (Ebitda sobre receita) recorrente subiu 2,3 pontos percentuais (p.p.) ano a ano, para 24,1%.

“É um crescimento bastante forte não só para uma empresa do setor de educação. São poucas as empresas estão crescendo tanto assim. O Ebitda está crescendo mais de 30% e no trimestre passado também registrou um crescimento bastante forte. A gente também continua ganhando em rentabilidade porque a margem Ebitda cresceu 2,3 pontos percentuais. Então, apesar de pressão de custo com presencialidade na Kroton e de papel e gráfica na Vasta e na Saber, a gente tem conseguido ganhar eficiência”, avaliou Roberto Valério, CEO da Cogna, ao InfoMoney.

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Ele destacou ainda que o mais importante a ser ressaltado é a geração de caixa, que já ultrapassou no acumulado dos primeiros três trimestres do ano o valor total registrado em 2022.

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A geração de caixa operacional (GCO) após capex totalizou R$ 254,79 milhões no trimestre, uma alta de 36,6% anual. No acumulado dos nove primeiros meses do ano, ressalta a companhia, o GCO após capex foi de R$ 652,7 milhões, ante R$ 540,3 milhões no ano inteiro de 2022.

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“Este resultado é consequência da estratégia asset light, com aumento de conversão de Ebitda recorrente em caixa (+2,8 p.p.) e crescimento de Ebitda Recorrente, entre os trimestres”, apontou a Cogna no release de resultados.

Ao InfoMoney, Valério ressaltou ainda que há uma expectativa positiva de geração de caixa para o quarto trimestre, que costuma ser um trimestre positivo para a Saber, com o faturamento do Programa Nacional de Livro e Material Didático (PNLD).

Com esse cenário, as ações de gestão de passivos da Cogna, somadas ainda à geração de caixa e Ebitda, permitiram a redução da alavancagem de 2,15 vezes para 1,88 vez a relação dívida líquida versus Ebitda entre o 3T22 e o 3T23. “O 3T23 é o quarto trimestre consecutivo de redução desse múltiplo. Esse é o menor nível de alavancagem em 18 trimestres, desde o 4T18”, apontou o release de resultados.

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“Dizemos que a empresa gabaritou porque todos os números foram bons, em todas as linhas, apesar do contexto de juros altos. O principal indicador é a geração de caixa, que é importante para continuarmos a crescer e a investir e ao mesmo tempo reduzir a nossa dívida”, reforça o CEO.

Nesse contexto, ele vê como positivo o início do ciclo de queda de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em agosto deste ano. “Cada um ponto de redução da Selic representa R$ 33 milhões a mais na geração de caixa, então também é relevante”, afirma.

Kroton, Vasta e Saber

Na unidade de ensino superior Kroton, a receita líquida cresceu 8,4% no 3T23 versus 3T22, alcançando R$ 829,4 milhões e representando o quinto trimestre consecutivo de avanço.

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Este aumento reflete o efeito composto de safras crescentes, afirma a companhia, apontando que merece destaque por ser um crescimento acima de uma base que teve um aumento de 11,7% no ano anterior.

A Cogna ainda pontua que, em fevereiro de 2023, o setor de educação passou a ter deduções maiores do FIES, dada a inadimplência das carteiras. Já em agosto de 2023, foi concedida uma liminar à empresa que determina um teto de 25% em tais retenções.

Roberto Valério, CEO da Cogna
Roberto Valério, CEO da Cogna (Foto: Rafael Almeida)

Com isso, no 3T23 a companhia passou a retirar da receita líquida a retenção adicional, impactando negativamente em aproximadamente R$ 10,0 milhões esta linha do resultado da Kroton. Os valores retidos no primeiro semestre foram provisionados nas Provisões para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD) em aproximadamente R$ 21 milhões, sendo que o maior impacto desse movimento foi em Kroton Med, segmento que conta com a maior participação do FIES.

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Para os próximos trimestres, a provisão será de 27,5% em função da sanção da lei 4.172/2023 o que, para o CEO da Cogna, apesar de ter ser relevante em termos absolutos por “representar alguns milhões de geração de caixa”, não será tão expressivo em comparação com a geração de receita da companhia como um todo.

O volume total de alunos captados no ciclo do segundo semestre de 2023 da Kroton apresentou um crescimento de 5,3% em relação ao 2S22, atingindo um volume total de 303,3 mil alunos. Este crescimento é concentrado na modalidade Baixa Presencialidade, conforme estratégia da companhia de aumentar participação de receita de cursos digitais de forma a absorver os ganhos com alavancagem operacional e atendendo às mudanças de perfil de consumo do mercado.

O volume de captação em Baixa Presencialidade cresceu 6,6% entre o 2S23 e 2S22. Este crescimento é composto por: (i) crescimento de 11,4% do volume de alunos captados no subsegmento Semipresencial e; (ii) crescimento de 5,9% em 100% online. Já o volume de captação em Alta Presencialidade ficou quase estável no período, consequência da estratégia de racionalização de oferta da submodalidade presencial, com foco em cursos de maior Life Time Value (LTV, sendo um indicador importante do valor durante o ciclo de estudo), e da estratégia asset light.

A taxa de evasão da Kroton apresentou redução de 1,4 ponto percentual (p.p.) no comparativo entre 3T23 e o 3T22, com redução de 1,1 p.p. na Baixa Presencialidade e 1,8 p.p. na Alta Presencialidade. Segundo a companhia, o movimento é “reflexo da qualidade da captação, melhora do nível de satisfação dos alunos (NPS) e da evolução dos nossos processos e melhoria dos sistemas”.

O Ebitda recorrente do 3T23 para a Kroton cresceu 17,6% no trimestre, atingindo a marca de R$ 243,9 milhões, com uma expansão de margem de 2,3 p.p. (29,4% versus 27,1%), com a melhora das Provisões para Crédito de Liquidação Duvidosa (PCLD), maior diluição das despesas operacionais, além da melhora da margem bruta, que compensaram o aumento das Despesas com Venda e Marketing em trimestres anteriores com o objetivo de consolidar a marca Anhanguera.

A linha de Provisões para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD) do 3T23 totalizou R$ 78,6 milhões no 3T23, redução de 22,4% na base anual, resultando em redução da razão entre PCLD e ROL (receita operacional líquida) de 13,2% para 9,5%.

“Com o cenário macroeconômico atual, esperamos manter o indicador de PCDL/ROL no mesmo patamar do indicador divulgado no 2T23 (11,2%). Continuamos com o foco em consolidar a marca Anhanguera e por isso, a razão entre Despesas de Vendas e Marketing e ROL, cresceu 3,9p.p.”, apontou.

Na KrotonMed, a receita líquida teve um crescimento de 11,5% versus 3T22, atingindo R$ 149,1 milhões. “Destaque para a força da marca das unidades de KrotonMed que segue com uma relação candidato/vaga positivo e estável, além de uma taxa de rematrícula muito elevada”, afirma a companhia.

A divisão Vasta, de produtos para escolas de ensino básico, apresentou crescimento de 21,7% no número de alunos que adotam soluções complementares, alcançando 453,6 mil alunos no ciclo de 2023. “Este crescimento é motivado pela maior penetração de escolas parcerias que adotam uma ou mais soluções”, apontou.

O número de alunos em soluções core reduziu em 3,2% entre os ciclos comerciais de 2022 e 2023, alinhado com a estratégia up sell (que convida a considerar/comprar itens mais caros, atualizações ou outros complementos para gerar mais receita) que foca em aumentar a penetração de soluções premium na base de clientes (Anglo, PH e Fibonacci), gerando maiores tickets e relacionamentos mais longos, afirma a empresa.

A receita líquida atingiu R$ 257,9 milhões no 3T23, crescimento de 36,6% comparado com 3T22.

Para a Saber, a Cogna ressalta que o segundo semestre do ano é muito importante para a divisão, uma vez que é quando há a definição do Programa Nacional de Livro e Material Didático (PNLD).

“Esse ano a compra foi realizada para o ensino fundamental II, onde Saber ganhou 7 pontos percentuais de market share versus a compra de 2019, atingindo 33%. Com isso somos o líder no mercado de compra e recompra dos próximos 3 anos para o ensino fundamental II. O resultado da venda inicial deve ser reconhecido no 4T23, conforme cronograma de entrega dos livros”, destacou a companhia.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.