CNI: 40% das pequenas e médias indústrias recorrem a financiamentos curtos

Entre as grandes empresas, o uso de empréstimos de curto prazo mais de três vezes no mês cai para 26,5%

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – De acordo com a Sondagem Especial, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada nesta quarta-feira (23), cerca de 40% das pequenas e médias indústrias brasileiras recorrem a financiamentos de curto prazo mais de três vezes ao mês.

Segundo o levantamento, que traça o perfil do financiamento de curto prazo no País, entre as grandes empresas, o percentual cai para 26,5%. Para o gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, o estudo confirma a precariedade do crédito no País.

Crédito caro e de difícil acesso

“A pesquisa indica que o número de empresas que recorre aos financiamentos de curto prazo é muito baixo. Isso ocorre porque o crédito no Brasil é caro e de difícil acesso”, argumenta Castelo Branco.

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E para o economista, tais condições adversas comprometem o desempenho das indústrias. “Muitas empresas que não usam instrumentos de financiamento de curto prazo perdem a oportunidade de alavancar a produção”, destaca.

MPEs são as mais prejudicadas

Ainda de acordo com a sondagem, as empresas de menor porte são as mais prejudicadas pelas condições do crédito de curto prazo. “As grandes empresas têm melhores condições de barganha”, observa o gerente-executivo.

Isso porque a maioria das pequenas indústrias recorre a empréstimos com prazos inferiores a 90 dias, lança mão dos instrumentos de crédito com alto custo e tem nos bancos públicos sua principal fonte de financiamento.

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Além disso, apenas 48,8% das pequenas e médias empresas consulta três ou mais bancos antes de escolher a linha de financiamento, contra o percentual de 82% das grandes empresas que o fazem.

Diferenças entre os portes

E entre as indústrias de grande porte, 32,5% usam financiamentos com prazos superiores a 90 dias, contra 13,4% das pequenas e médias, e 54,2% utilizam linhas de crédito específicas para capital de giro, contra 53,5% das pequenas que recorrem a financiamentos de conta garantida ou do cheque especial, que têm juros mais elevados.

Por fim, o maior contraste foi observado no recurso ao desconto de cheques (instrumento tipicamente usado por empresas de menor porte): entre as pequenas e médias indústrias, 19,8% utilizam usualmente o desconto de cheque, cujos custos são altos, contra 2,4% das grandes companhias.