Emissora de stablecoin Circle supera expectativa e triplica de valor em estreia em NY

Companhia conhecida pela criptomoeda USDC supera expectativas em IPO, capta US$ 1,1 bilhão e chega a ser avaliada em US$ 18 bilhões na primeira sessão na Nyse

Paulo Barros

Jeremy Allaire, CEO e cofundador do Circle Internet Group, emissor de uma das maiores stablecoins do mundo, reage ao preço da primeira negociação, no dia do IPO da empresa, na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), na cidade de Nova York, EUA, em 5 de junho de 2025. REUTERS/Brendan McDermid
Jeremy Allaire, CEO e cofundador do Circle Internet Group, emissor de uma das maiores stablecoins do mundo, reage ao preço da primeira negociação, no dia do IPO da empresa, na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), na cidade de Nova York, EUA, em 5 de junho de 2025. REUTERS/Brendan McDermid

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A Circle Internet Group estreou na quinta-feira (5) na Bolsa de Nova York com valorização de 124% em suas ações logo no primeiro dia de negociações. A empresa levantou quase US$ 1,1 bilhão em sua oferta pública inicial (IPO), superando as estimativas de mercado.

As ações abriram a US$ 69,50, mais que o dobro do preço de US$ 31 definido no IPO — acima da faixa esperada de US$ 27 a US$ 28. Pouco depois, o papel avançou até US$ 103,75 e os negócios foram interrompidos várias vezes devido à alta volatilidade. Às 15h03, a ação da Circle era cotada a  US$ 92,32, em alta de 196,8%. Com isso, a Circle passou a valer quase de US$ 18 bilhões.

A Circle é uma empresa de tecnologia financeira especializada em criptomoedas. Ela é a emissora da USDC, um tipo de criptoativo conhecido como stablecoin — uma moeda digital atrelada ao valor de uma moeda tradicional, como o dólar. A USDC é a segunda maior stablecoin do mundo em valor de mercado, depois da Tether (USDT), que por sua vez é a criptomoeda mais popular do Brasil. Além da USDC, a Circle também emite a stablecoin EURC, denominada em euros. Essas moedas são usadas para garantir mais estabilidade nas transações com criptoativos, sendo cada vez mais adotadas por empresas e instituições financeiras.

“Esta manhã, a Circle abriu seu capital no que eu só posso caracterizar como um grande negócio”, disse Lynn Martin, presidente da NYSE.

A Circle está “inovando loucamente” para integrar as stablecoins ao “mainstream“, incluindo a criação de maneiras de as instituições financeiras interagirem com o USDC, a stablecoin da empresa, disse o presidente-executivo, Jeremy Allaire, em uma entrevista à Reuters.

Fundada em 2013 e atualmente com sede em Nova York, a Circle já havia tentado abrir capital em 2022, mas o plano fracassou por conta de entraves regulatórios. Desde então, a empresa se aproximou de governos e autoridades reguladoras. “Temos sido uma das empresas mais licenciadas, reguladas e transparentes da história deste setor, e isso tem nos favorecido”, disse o CEO Jeremy Allaire à CNBC.

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A empresa lançou recentemente a Circle Payments Network, que permite a liquidação transfronteiriça em tempo real entre empresas em stablecoin USDC. Além de serem usadas para negociar criptomoedas, as stablecoins também são cada vez mais usadas como forma de pagamento digital.

“Acho que agora as pessoas acreditam claramente que isso tem o potencial de fazer com o sistema financeiro o que a internet fez com tantos outros setores importantes”, disse Allaire.

O IPO ocorre em um momento de maior receptividade em Washington ao setor de criptoativos nos Estados Unidos. O Congresso americano pode aprovar ainda neste ano uma legislação específica para regular as stablecoins, que já passou pelo Senado. Analistas de Wall Street estimam que esse mercado pode crescer dez vezes nos próximos cinco anos, chegando a US$ 1 trilhão.

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)