Cielo (CIEL3): Itaú BBA corta recomendação para neutra; ação fecha longe das mínimas, mas cai 3,7%

Analistas enxergam pouco potencial de valorização com as ações da empresa de adquirência negociando a 7,1 vezes o múltiplo de preço sobre lucro

Felipe Moreira

(Divulgação/Cielo)

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O Itaú BBA rebaixou a recomendação para ações da Cielo (CIEL3) de outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para market perform (desempenho igual a média do mercado, equivalente à neutro), apesar de reconhecer melhorias de execução e projetar lucro sólido de R$ 1,8 bilhão em 2023. O preço-alvo caiu de R$ 5,80 para R$ 5,40, ou um potencial de valorização de 11,3% em relação ao fechamento de sexta. As ações CIEL3 caíam 3,71%, a R$ 4,67, mas fecharam longe das mínimas, de 7,22%, a R$ 4,50.

Analistas enxergam pouco potencial de valorização com as ações da empresa de adquirência negociando a 7,1 vezes o preço sobre o lucro esperado para 2023.

Somado a isso, o banco destaca que os volume de transações com cartão estão caindo a um ritmo mais rápido do que o esperado, em virtude da redução da disponibilidade de crédito e baixa confiança.

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De acordo com relatório, os bancos também continuam cautelosos em relação ao produto de cartão de crédito, mas com potencial ajuda de menores requisitos de capital para empresas de adquirências, que deverão entrar em vigor no meio do ano. O banco revisou sua previsão de TPV Total Payment Volume (Volume Total de Pagamentos, em português) de cartão para o ano de 2023 para um aumento de 7% em relação ao ano anterior, com um aumento de dígito único baixo no 1T23, incluindo prováveis perdas de participação de mercado.

Nesse sentindo, analistas ressaltam que “qualquer medida política que prejudique os volumes de cartão de crédito representa um risco de queda para as receitas do setor”.

Além disso, o BBA não vê gatilhos relevantes nos volumes ou taxas de pré-pagamento devido aos mercados de crédito corporativo mais difíceis. “A combinação desses obstáculos pode começar a frustrar as expectativas de lucro, que vêm aumentando constantemente nos últimos 12 meses”, comenta o BBA.

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“Volumes em declínio naturalmente estimularão esforços de ganho de participação de mercado”, pontua BBA. “Isso pode se manifestar por meio de taxa descontada do comerciante (MDRs, na sigla em inglês) mais baixas, taxas de pré-pagamento mais baixas e/ou maior intensidade comercial.”

Segundo o BBA, a maioria dos players está expandindo suas equipes comerciais, o que pode levar a churn e/ou descontos. “Até agora, no 1T23, as condições de crédito corporativo mais difíceis no Brasil não levaram a maiores receitas de pré-pagamento para o setor de adquirência; as taxas estão relativamente estáveis e os volumes de antecipação estão menores”, explica o banco.

Em termos de precificação, a Cielo tem sido vocal sobre a implementação de um aumento de preço em seu segmento de pequenas e medias empresas (PME) durante o 2º trimestre de 2023.

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Embora analistas concordem que os negócios e a gestão da empresa estejam mais preparados para liderar o caminho de reajustes, também veem riscos de execução, pois a elasticidade pode mudar ao longo do tempo, especialmente se a concorrência se comportar de forma diferente ou se os clientes se encontrarem em um ambiente de negócios muito pior.

Diante disso, BBA acredita que há “menos pressão” para que os concorrentes aumentem os preços. A indústria de aquisições registrará um ganho de lucratividade no 2T23, à medida que os limites de cartão pré-pago forem gradualmente implementados. As condições de financiamento para adquirentes independentes não pioraram visivelmente.

Por fim, o banco aponta que as taxas de juros básicas da economia já atingiram o pico, a questão é quando e em quanto cairão. E, embora isso ajude a Cielo, ajuda mais seus concorrentes.