Cielo cai 4% com corte de dividendo e guidance; Vale e CSN saltam com minério e Petrobras sobe com petróleo

Confira os destaques da B3 na sessão desta segunda-feira (27)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em uma sessão de liquidez reduzida por conta do feriado nos EUA, o mercado brasileiro registrou uma sessão de ganhos repercutindo as manifestações realizadas no último domingo, que mostraram defesa da Reforma da Previdência. 

O radar corporativo também é bastante movimentado, com destaque para a nova proposta da Magazine Luiza (MGLU3) pela Netshoes, a Cielo registrou forte queda com o corte de dividendos e a Vale (VALE3) teve alta com o aumento do preço do minério de ferro, assim como a CSN (CSNA3), que teve ganhos ainda mais expressivos. Leia estas e outras notícias corporativas no radar desta segunda-feira (27):

Cielo (CIEL3)

A Cielo anunciou na sexta-feira à noite um corte na distribuição de dividendos e a descontinuação da divulgação de projeção (guidance) para o lucro líquido deste ano. Em comunicado, a empresa disse que retirou seu guidance, divulgado no dia 29 de janeiro, de lucro líquido entre R$ 2,3 e R$ 2,6 bilhões para o ano de 2019, sem estabelecer novas estimativas. 

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Além disso, a companhia decidiu que para os três próximos trimestres deste ano, pagará apenas 30% de seu lucro em dividendos e juros sobre capital própria. Em comparação, a Cielo pagou 70% de seu lucro em dividendos no primeiro trimestre, enquanto em 2018 o valor superou 100% do lucro daquele ano.

Em entrevista ao Valor, o presidente da companhia, Paulo Caffarelli, afirmou que a medida é para o reforço de caixa da companhia, que ao final de março somava R$ 3,5 bilhões, para fazer frente à “guerra das maquininhas”. “Eu preciso ter liquidez para suportar a nossa estratégias. Haverá o entendimento de investidores e acionistas de que tomamos essa decisão para ir ao embate”, disse.

Mais uma vez, a grande vilã para a Cielo é a forte concorrência, que aumentou muito nos últimos trimestres e reduziu o potencial de lucros, conforme destaca a equipe de análise da XP Investimentos. “O principal impacto foi a iniciativa da Rede anunciada em abril, cortando taxas de antecipação e reduzindo o período de liquidação das transações de cartão de crédito de parcela única”, aponta em relatório. 

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Já os analistas Felipe Bevilacqua e Eduardo Guimarães, da consultoria Levante Ideias de Investimento, escreveram em relatório intitulado “Nota de falecimento: CIEL3”, que têm uma visão negativa sobre a empresa desde o ano passado. “Apesar de alguns especialistas do mercado gostarem bastante da Cielo e ainda insistirem em defender a tese de investimento da empresa, acreditamos que é muito perigoso tentar pegar uma ‘faca caindo’. Definitivamente, é uma grande cilada!”, comentaram. Confira a análise clicando aqui. 

Magazine Luiza (MGLU3) e Centauro (CNTO3)

A rede de varejo Magazine Luiza elevou sua proposta de compra da varejista online de artigos esportivos Netshoes. A nova oferta, informada por meio de fato relevante ontem à noite é 50% superior a primeira e soma US$ 93 milhões, o equivalente a US$ 3 por ação. O preço original era de US$ 62 milhões, ou US$ 2 por ação. A Netshoes divulgou um fato relevante neste domingo dizendo que o conselho de administração da empresa recomenda que os acionistas aceitem a oferta do Magazine.

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A nova proposta – aprovada pelo conselho de administração do Magazine Luiza – acontece dias depois de a Centauro ter oferecido US$ 2,80 por ação para adquirir a Netshoes. A oferta do Magazine está condicionada à realização da assembleia de acionistas da Netshoes, já marcada para a próxima quinta-feira, dia 30, com o objetivo de votar proposta.

Vale (VALE3)

Os preços futuros de minério de ferro dispararam 4,5% nesta manhã, a 761,00 iuanes – o equivalente a US$ 110,35 –, sob a expectativa de rompimento de nova barragem da Vale, além das restrições de oferta também na Austrália. Além da Vale, a CSN (CSNA3), que também possui uma grande operação atrelada ao minério, registrou uma disparada ainda mais forte. 

No radar da Vale, a movimentação do talude da barragem da mineradora em Barão de Cocais (MG), a 100 quilômetros de Belo Horizonte, chegou a 20 centímetros em alguns pontos, neste final de semana, um centímetro acima do observado anteriormente.

A Defesa Civil continua monitorando a movimentação. A previsão da Agência Nacional de Mineração (ANM) era de que o rompimento ocorreria até ontem, sábado, dia 25. O risco de rompimento do talude, que funciona como uma parede de contenção, segue no nível 3, o mais alto.

“O receio de toda a cidade é que o talude venha descer”, diz Juvenal Caldeira, secretário municipal do Desenvolvimento Econômico de Barão dos Cocais. Segundo ele, o temor é que isso “cause vibração e afete a montanha”, o que pode impactar a barragem Sul Superior, 1,5 quilômetro abaixo da contenção.

Caldeira diz que 400 pessoas que vivem nas comunidades de Socorro, Tabuleiro, Piteira e Vila do Congo, que eventualmente podem ser afetadas, já foram retiradas. A população da Barão de Cocais participou de dois simulados para emergência. Abaixo da barragem Sul Superior, estão sendo montados blocos de granito dentro de telas.

Ambev (ABEV3)

O presidente da cervejaria Ambev, Bernardo Paiva, afirmou em entrevista à Folha que a companhia está em meio a um cenário de queda no volume de vendas para o setor, com consumidores interessados em novas marcas e economia inóspita. Segundo ele, em mercado mais maduros, como EUA e Canadá, a batalha da indústria é por conta da mudança de hábitos, enquanto no Brasil o desafio é a crise.

Paiva afirmou que no Brasil a indústria ficou estável nos últimos anos por falta de renda. “Passamos pela maior crise econômica da história. SE afeta a renda, afeta bens de consumo de massa como um todo”, disse. O executivo afirmou que a meta da companhia é desenvolver marcas Premium, aproveitando a onda das cervejas artesanais, além do consumo tradicional na praia.

Ainda sobre a Ambev, o Valor Econômico destaca que o Cade deferiu pedidos das cervejarias Petrópolis e Heineken para a apresentação de argumentos sobre a preocupação que têm com o poder de mercado conferido à Ambev, diante da celebração de um contrato de distribuição de bebidas entre a Ambev e a Red Bull. Segundo a publicação, uma investigação deverá ser aberta em 15 dias.

Petrobras (PETR3;PETR4)

As ações da Petrobras registram ganhos acompanhando a alta do petróleo em uma sessão movimentada em relação ao tema venda de ativos. O ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin determinou a suspensão liminar da venda de duas subsidiárias da Petrobras e a alienação de 60% das refinarias Landulpho Laves (RLAM) e Abreu e Lima (RNEST), bem como das refinarias Alberto Pasquialini (REFAP) e Presidente Getúlio Vargas (REPAR). Para o ministro, as vendas de ativos são condicionadas ao processo de licitação.

Segundo o ministro, “ainda que seja certo que a presente reclamação reflita apenas uma parcela do universo de contratações que envolvem a Petrobras, qual seja, a venda da TAG e da ANSA – subsidiárias integrais da Petrobras e de formação de parcerias em refino que impliquem, como informado pela Petrobras, a alienação de 60% das refinarias Landulpho Laves (RLAM) e Abreu e Lima (RNEST), bem como das refinarias Alberto Pasquialini (REFAP) e Presidente Getúlio Vargas (REPAR), por meio da criação de subsidiárias e posterior alienação de suas ações, englobando ainda ativos de transporte e logística integrados a estas unidades, é necessário decidir se tal operação deve ou não ser precedida de procedimento licitatório e autorização legislativa”.

Mais cedo, a Petrobras informou que iniciou a etapa de divulgação da oportunidade (teaser) referente à cessão da totalidade de suas participações em 27 campos maduros terrestres, incluindo as instalações compartilhadas de escoamento e tratamento de produção, localizados no Espírito Santo, nos municípios de São Mateus, Jaguaré, Linhares e Conceição da Barra, denominadas conjuntamente Polo Cricaré.

Além disso, fundos de investimento e empresas do setor de distribuição de combustíveis negociam a formação de consórcios para fazer ofertas pelo controle da Liquigás, que pertence à Petrobras, destaca o Valor. Propostas não vinculantes devem ser entregues no dia 7 de junho, segundo a publicação.

Ao menos nove grupos já acessaram os dados do processo de venda da Líquigas, como Ultragaz, Nacional Gás, SHV, Copagaz, uma trading estrangera e os fundos de private equity CVC, Advent, Carlyle e Warburg Pincus, diz o Valor.

Energisa (ENGI11)

O consumo consolidado de energia elétrica do Grupo Energisa em abril subiu 2,4% na comparação com o mesmo mês do ano passado, para 2.987 GWh. Os números se referem aos mercado cativo e livre. Considerando o fornecimento não faturado, o volume subiu 3,4%, para 2.986 GWh.

GPA (PCAR4)

O mercado já considera que há riscos do empresário Jean-Charles Naouri perder o controle da holding Rallye, que controla o grupo francês Casino e o GPA, no Brasil. Segundo o Valor Econômico, o executivo precisa montar um convincente plano de reestruturação de suas dívidas, considerando as opções postas hoje à mesa.

Analistas indicam entre os possíveis efeitos a hipótese de perda do controle, por parte de Naouri, do controle da Rallye. O plano de proteção obtido no Tribunal de Paris, contra execução de dívidas, precisa ser aprovado por dois terços de cada classe de credores e o pagamento pode levar até 10 anos.

Nas próximas semanas, bancos credores devem apresentar os detalhes aos administradores judiciais dos valores em aberto, que somam cerca de R$ 15 bilhões, em dívidas da controladoras da holding, já incluídas na salvaguarda.

JBS (JBSS3)

A Folha destacou no final de semana que a família Batista, controladora do frigorífico JBS, acertou pagar R$ 1 para Bertin devolver 17% da JBS por fora. Segundo a publicação, para os acionistas, a Bertin custou R$ 8,5 bilhões, mas o valor anunciado foi de R$ 12 bilhões – com o sobre-preço favorecendo ao BNDES. O BNDESPar era sócio dos dois grupos, tendo 13% da JBS e 27% do Bertin.

IRB (IRBR3)

O Valor destaca que o governo ofereceu sua participação na resseguradora IRB ao Bradesco e ao Itaú, em reunião que aconteceu no fim da tarde sexta-feira entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e os presidentes dos dois bancos privados. Os bancos já são acionistas do IRB e têm prioridades para aquisição da fatia da União. Segundo o Valor, Bradesco e Itaú, entretanto, têm pouco interesse em exercer o direito de preferência.

Além disso, o IRB elegeu como presidente do conselho o executivo José Levi Mello do Amaral Júnior, em substituição a Otavio Ladeira de Medeiros.

Recomendações
No radar de recomendações, o JPMorgan elevou a recomendação para Iguatemi (IGTA3) para overweight (exposição acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 46, enquanto Sonae Sierra (SSBR3) foi rebaixada para neutra pelo banco para neutra, com preço-alvo de R$ 34. Já o grupo SBF, dono da Centauro, teve a cobertura iniciada pelo Bradesco BBI com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 16, enquanto o Itaú BBA iniciou cobertura com a mesma recomendação e preço-alvo de R$ 18,50 (confira a análise clicando aqui). 

Qualicorp (QUAL3)

O presidente da Qualicorp, empresa de benefícios de saúde, José Seripieri Filho, conhecido como Júnior, em entrevista ao Valor Econômico que a questão do acordo de não competição, anunciado no ano passado, de R$ 150 milhões, é coisa do “passado” e que atualmente sua meta para a empresa é “voltar à revolucionar a Qualicorp”.

Segundo a publicação, há três semanas, os acionistas aprovaram, por unanimidade, todos os termos do acordo, incluindo a nova remuneração do presidente e dos diretores. Nem mesmo a XP, segunda maior acionistas e que criticou imensamente a medida ano passado, votou contra o pacote que o conselho ofereceu ao CEO.

Gafisa (GFSA3)

O Valor informa que o direito de preferência na subscrição de papéis da construtora Gafisa na primeira tranche de aumento de capital foi exercida por 46% dos acionistas, segundo o presidente da companhia, Roberto Portella. A Planner e o investidor Nelson Tanure exerceram a totalidade dos respectivos direitos de preferência.

O aumento de capital deve ficar entre R$ 130 milhões e R$ 134 milhões. Na sexta-feira, recursos de R$ 62,3 milhões do exercício entraram no caixa da construtora. Nesta semana, o conselho dará início ao processo da segunda tranche do aumento de capital.

(com Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.