Cielo afunda 2% com MP, Gol dispara 7% com corte de preços e siderúrgicas saltam até 6%

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta segunda-feira

Paula Barra

Prédio da Cielo

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SÃO PAULO – O Ibovespa seguiu em ritmo lento terça-feira (27). Apesar da volta de feriado nos Estados Unidos, a liquidez continuou reduzida na BM&FBovespa. O volume movimentado foi duas vezes menor do que a média registrada nos últimos 21 pregões.

O índice, que começou o dia com força, perdeu amplitude, sem gatilhos relevantes no radar. O benchmark da Bolsa brasileira fechou em leve alta de 0,13%, a 58.696 pontos, após ter atingido ganhos de 0,76% na máxima do dia, a 59.067 pontos. 

Na ponta positiva, os destaques ficaram com as ações das siderúrgicas, com CSN e Metalúrgica Gerdau liderando os ganhos do índice, com alta superior a 4%. A Vale, por sua vez, perdeu força nesta tarde e fechou entre ganhos e perdas, apesar da alta de mais de 2% do minério de ferro. A Petrobras também caiu se descolando dos preços do petróleo no mercado internacional.

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Do lado negativo do índice, as ações da Cielo lideraram as perdas, após ser publicado no Diário Oficial da União de hoje a Medida Provisória 764, que permite a cobrança de valores diferentes para compras no cartão e no dinheiro. 

Confira os principais destaques da Bolsa no pregão desta terça-feira: 

Cielo (CIEL3, R$ 27,29, -2,54%)
A Cielo fechou perto da mínima do dia (-2,75%, a R$ 27,23) e como a maior desvalorização do Ibovespa desta sessão, após ser publicado no Diário Oficial da União de hoje a Medida Provisória 764, que permite a cobrança de valores diferentes para compras no cartão e no dinheiro. O texto diz que “fica autorizada a diferenciação de preços de bens e serviços oferecidos ao público, em função do prazo ou do instrumento de pagamento utilizado”.

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Na prática, o governo “legalizou” o desconto que algumas lojas concedem para quem pagar com dinheiro. A medida torna nula cláusula contratual que proíba ou restrinja tal diferenciação de preços. Com isso, o governo pretende estimular o comércio e aquecer a atividadeeconômica. A MP entra em vigor a partir desta terça.

Gol (GOLL4, R$ 4,63, +7,42%) e Smiles (SMLE3, R$ 44,27, +2,67%)
As ações da Gol dispararam até 8,82% (a R$ 4,69) nesta sessão, enquanto os papéis da Smiles subiram 5,17% (a R$ 45,35) na máxima do dia, após anúncio de corte de preços. Essa foi a terceira alta seguida da Gol e a sétima valorização consecutiva da Smlies. 

A euforia ocorreu após a Gol ter informado, ontem à noite, uma redução de 5,2% nos preços das passagens padrão vendidas à sua controlada Smiles. Ao mesmo tempo, os preços das milhas vendidas pela Smiles à Gol terão queda de 25,3%. Os novos preços entram em vigor em 1º de janeiro de 2017.

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A leitura dos analistas sobre o anúncio foi unânime: o Bradesco BBI, Itaú BBA, Credit Suisse e BTG Pactual destacaram o comunicado como positivo. 

O Itaú BBA comentou que isso pode implicar em uma potencial de alta em suas previsões, provavelmente através de receitas brutas melhores que as antecipadas para a Smiles. O BTG Pactual reiterou recomendação de compra para a ação SMLE3, com preço-alvo de R$ 65,00. Os analistas comentaram que o corte de preços é sinal do sucesso do Smiles em administrar resgates em voos com baixa taxa de ocupação e isso é muito positivo, especialmente considerando que a Gol tem expandido seus taxas de ocupação e capacidade. 

Na mesma linha, o Credit Suisse disse que o anúncio é positivo para a Smiles, já que eles esperavam por um aumento no custo de passagens no ano que vem.

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O Bradesco BBI disse que o comunicado foi positivo, mas não foi exatamente surpreendente devido à fraqueza do mercado de aviação em 2016. “O anúncio pode se traduzir em preços mais competitivos nos resgates ou margens mais elevadas, o que é muito mais provável”, disseram os analistas.

Petrobras (PETR3, R$ 16,69, -0,24%; PETR4, R$ 14,41, -0,07%)
As ações da Petrobras perderam força e viraram para o campo negativo, após terem subido cerca de 1% nesta sessão. Com o movimento, os papéis se descolaram dos preços do petróleo, que subiam no mercado internacional. Lá fora, o contrato futuro do petróleo WTI registrava alta de 1,47%, a US$ 53,80 o barril, enquanto o Brent subia 1,58%, a US$ 56,03 o barril.  

Vale (VALE3, R$ 25,86, -0,50%; VALE5, R$ 23,10, +1,23%)
As ações da Vale amenizaram os ganhos e fecharam em direções opostas: enquanto as ONs subiram mais de 1%, as PNs viraram para queda. Da mesma forma, os papéis da Bradespar (BRAP4, R$ 14,72, -0,88%) – holding que detém participação na Vale – perderam força e fecharam no negativo. Apesar do movimento, o minério de ferro cotado no Porto de Qingdao, na China, fechou nesta terça-feira em alta de 1,64%, a US$ 79,42 a tonelada.

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No radar, a Vale inaugurou o projeto S11D Eliezer Batista, no Pará, o maior de sua história, orçado em US$ 14,3 bilhões, há cerca de dez dias. Conforme informa o jornal O Globo, concebido para funcionar sem os chamados caminhões fora de estrada, comuns em processos convencionais de lavra e muito poluentes, o empreendimento é apontado pela mineradora como referência em termos ambientais. Agora, uma falha no planejamento pode mudar o cenário. Segundo fontes ligadas à mineradora ouvidas pelo jornal, a Vale estuda colocar uma nova frente de trabalho na mina a partir de 2018 com os caminhões fora de estrada, para produzir no ritmo projetado. Uma decisão sobre a compra dos veículos será tomada em janeiro, informa o jornal.

Por outro lado, as siderúrgicas se sustentaram em forte alta durante todo o pregão, com Gerdau (GGBR4, R$ 10,98, +3,39%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 4,81, +4,11%), Usiminas (USIM5, R$ 4,10, +2,50%) e CSN (CSNA3, R$ 10,73, +5,61%). 

Os papéis reagiram positivamente hoje aos dados da China. O lucro das maiores empresas do setor industrial da China aumentou 14,5% em novembro ante igual mês do ano passado, ganhando força em relação ao avanço mais contido de outubro, de 9,8%, segundo dados publicados pelo Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês) do país.

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Além disso, a Transnordestina convocou assembleias para tratar de fatia da CSN. A empresa propõe converter ações PN classe ‘B’ em classe ‘A’ e posteriormente em ON, segundo os comunicados. A companhia convocou AGE para 6 de janeiro de 2017 às 10:00 para deliberar sobre conversão de todas as 1,4 milhão de ações PN classe ‘B’ detidas pela CSN em ações PN classe ‘A’ na razão de 1 para 1 e também convocou Assembleia Especial de Preferencialistas Classe ‘A’ para o mesmo dia, às 10h15 para “deliberar sobre aprovação prévia” à conversão das ações PN classe ‘A’ detidas pela CSN em ações ON. Às 10h30, será deliberada a conversão de todas as 1,4 milhão de ações PN classe ‘A’ detidas pela CSN em ações ON na razão de 1 ação PN classe ‘A’ por 1 ação ON. 

Educacionais
A Ser Educacional (SEER3, R$ 18,67, +1,52%) 
enviou ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) seu parecer contra a fusão entre Kroton (KROT3, R$ 13,15, -0,60%) e Estácio (ESTC3, R$ 15,35, -0,45%) alegando que operação deve aumentar concentração do mercado de educação, segundo documento protocolado no site do órgão de defesa econômica. A Ser argumenta que os remédios aplicados pelo Cade em outras aquisições menores no setor revelaram-se “pouco eficazes no passado”. 

MRV (MRVE3, R$ 10,81, -0,09%)
A MRV anunciou que recebeu o alvará para iniciar a construção do grand reserva paulista em São Paulo, com VGV estimado em mais de R$ 1,6 bilhão. De acordo com a companhia, esse projeto deve ser lançado já no primeiro trimestre de 2017. “Apesar de esperado, vemos a notícia como positiva para MRV, uma vez que esse projeto vai ajudar a empresa a mudar o patamar de lançamentos já em 2017, o que deve contribuir para uma melhora significativa de ROE (dado que as margens desse projeto deve ser bem altas)”, afirma o BTG Pactual.
 

Fibria (FIBR3, R$ 31,82, +3,45%)
A Fibria informou ontem que elevará o preço da celulose para os clientes asiáticos a partir de 1 de janeiro (sai de US$ 550 para US$570). Ela está acompanhando o último aumento de preço que a Suzano anunciou para a China e este já é o terceiro aumento desde outubro. “O momento continua favorável para exportadoras de fibra curta. A planta da APP entrou depois do esperado e abriu uma janela de oportunidade para aumentos de preço”, aponta o BTG. 

As demais ações do setor de papel e celulose fecharam com ganhos mais amenos, com Suzano (SUZB5, R$ 13,57, +0,74%) sobe, enquanto Klabin (KLBN11, R$ 17,08, +0,47%).

Hypermarcas (HYPE3, R$ 26,03, +2,28%) 
Itaú BBA elevou a Hypermarcas de marketperform para outperform, com um novo preço-alvo de R$ 30,00 para 2017 versus R$ 28,50 após a venda da divisão de descartáveis para a Ontex, anunciada na semana passada. “Acreditamos que a transação foi esperada pelo mercado, mas achamos que é positivo, já que alguns investidores começaram a questionar a capacidade de venda desse ativo, uma vez que ele estava disponível para venda por um longo tempo. Estamos atualizando a Hypermarcas para ultrapassar o desempenho baseado em uma dinâmica operacional resiliente e valuation barato”, afirmam os analistas.  

Oi (OIBR4, R$ 2,24, 0,0%)
O fundo americano Cerberus deve apresentar plano alternativo de reestruturação da Oi até fevereiro, diz O Estado de S. Paulo, citando fontes. A injeção de US$ 2 bilhões deve ocorrer ao longo dos próximos 4 anos. A proposta é de conversão em ações de parte das dívidas com credores, alongar débito restante, o que reduziria a participação dos atuais acionistas, segundo o jornal. 

Os representantes do Cerberus se reuniram há duas semanas com representantes da Anatel e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Comunicações para tratar da proposta alternativa. Em 7 de dezembro, a Oi disse que firmou acordo de confidencialidade com Cerberus “visando à troca de informações”. 

Unicasa (UCAS3, R$ 2,61, +3,16%)
As ações “fora do radar” da Unicasa seguiram em forte alta pelo segundo dia, quando acumulam ganhos de 13,5%. O volume financeiro ficou em R$ 5 milhões, contra média diária de R$ 415 mil nos últimos 21 pregões. O movimento ocorre após os papéis terem sido citados entre as apostas técnicas de 2017 no último “Visão Técnica” do ano. O programa é transmitido todas as sextas-feiras na InfoMoneyTV (confira essa edição clicando aqui).

 O call da ação foi dado no Visão Técnica pelo analista Antonio Montiel, que é sócio-diretor da Jatobá Investimentos e da Escola de Operadores e também faz parte do projeto Personal Trader do InfoMoney. Segundo ele, esse é um ativo mais “fora do radar”, mas que tem um stop muito claro, no último fundo, e um espaço enorme para subir. Além dele, Montiel citou como aposta para 2017 também os papéis da Bradespar – holding que detém participação na Vale.